quarta-feira, 16 de março de 2016

Ainda que tardia: escravidão e liberdade no Brasil contemporâneo


"AINDA QUE TARDIA: Escravidão e Liberdade no Brasil Contemporâneo" (Gramma Editora, 102 pgs., R$ 28) é o único livro, escrito por uma psicóloga, a tratar do drama da escravidão no Brasil contemporâneo.

Em 2005, Jaqueline Gomes de Jesus defendeu a Dissertação de Mestrado “Trabalho Escravo no Brasil Contemporâneo: Representações Sociais dos Libertadores” no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, a qual foi aprovada. Desde então, nenhuma outra pesquisa sobre o assunto foi publicada na área de Psicologia, exceto um capítulo de livro e um artigo científico, ambos de sua autoria.

Podem ser classificadas em três grupos as pessoas que vivenciam o drama da escravidão na atualidade: o das escravizadas, o das que escravizam e o das que libertam. O grupo dos libertadores foi o investigado, buscando-se conhecer, por meio de seus relatos, o que pensam e sentem acerca de seu trabalho de libertar, e da exploração na relação trabalhadores escravos e escravocratas.

A pesquisa permite repensar a História a partir da ótica dos oprimidos, ao constatar que, ainda hoje, um número vultoso de seres humanos não tem acesso a trabalho digno, ao amparo das leis, a alimentação, a saúde pública, a moradia e, algumas vezes, sequer à compaixão.

O desafio posto pela escravidão contemporânea exige que mais pessoas a conheçam e, se quiserem, possam enfrentá-la. Se não salvando gente de uma condição subumana, ao menos denunciando; se não denunciando, ao menos estudando e propondo estratégias de intervenção, como se faz neste livro; e, se não intervindo, ao menos entendendo a questão e levando a mensagem à frente. Ela também nos torna libertadores, e nos liberta.

Entre as suas diversas conclusões, o livro demonstra que o trabalho dos libertadores, ao denunciar para a sociedade que a escravidão existe, é gravíssima e deve ser combatida em diferentes campos, não está apenas realizando um ideal de cidadania e justiça, relacionado à ideia de liberdade, mas também está se empoderando simbolicamente.

A superação dessa forma de exploração do trabalho exige não apenas ações locais e incisivas de resgate e remuneração imediata dos escravizados, mas principalmente a viabilização de modelos alternativos de empregabilidade, por meio da inclusão dos trabalhadores em novas redes sociais e laborais.

O problema da escravidão, culturalmente estruturado na hiper-hierarquizada sociedade brasileira, demanda a utilização e o máximo aproveitamento de tecnologias humanas de mudança psicossocial.

O livro é recomendado pela profa. Adonia Antunes Prado, da UFRJ, tem prefácio do prof. Ricardo Rezende Figueira, da UFRJ, e é apresentado pela profa. Leny Sato, da USP.

"Ainda que tardia: escravidão e liberdade no Brasil contemporâneo" será lançado em 21 de março, 2ª feira, Dia Internacional de Luta pela eliminação da Discriminação Racial, a partir das 18h30, na Livraria Universitária Gramma-Unicam (Rua da Assembleia 10, Rio de Janeiro).

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