terça-feira, 31 de março de 2020

56 Anos da Ditadura Militar Hoje



Hoje, 31 de março, é daquelas datas em que precisamos refletir sobre um dos traumas da sociedade brasileira, o golpe civil-militar de 1964 que destituiu o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que durou até 1985: 21 anos.

O trauma das diversas ditaduras no Brasil nos acarretou um terrível legado cultural: a ideia da censura introjetada em cada indivíduo, nas suas relações interpessoais e políticas, principalmente.

Esse mais recente período de repressão do pensamento e do corpo, de tortura, de anulação das liberdades civis e democráticas e de assassinato ainda não foi plenamente resolvido, enquanto um fantasma que ainda nos persegue e orienta a cabeça de muita gente que está no poder.

👉🏽 10 mil brasileiros foram exilados;
👉🏽 7.367 foram detidos pelos órgãos de repressão;
👉🏽 4.682 foram demitidos do serviço público;
👉🏽 1.805 militares foram destituídos de seus postos;
👉🏽 595 políticos tiveram seus direitos políticos cassados;
👉🏽 152 cidadãos são considerados desaparecidos; e
👉🏽 144 foram brutalmente assassinados nos porões da ditadura.

Lembrar dessa "página infeliz da nossa história", como cantou Chico Buarque, é necessário para seguirmos lutando pelo fortalecimento da Democracia e o aprimoramento das instituições republicanas.

Recomendo a leitura do livro "Brasil: Nunca Mais", do falecido Cardeal Paulo Evaristo Arns, disponível pela internet.

Uma foto do Arquivo Nacional ilustra esta postagem.

#56anosdogolpemilitar #DitaduraNuncaMais #CensuraNuncaMais #Luto #LutoNaJanela #GolpeDeEstado #DitaduraNãoSeComemora #DitaduraAssassina #desaparecidos #repressão #militar #tortura #paranãoesquecer #joãogoulart #jango #leonelbrizola #democracia #República #chicobuarque

segunda-feira, 30 de março de 2020

Eu sou a ausência de campo


Como um spoiler subjetivo para quem assistiu o terceiro episódio de Westworld ontem, repasso uma livre tradução que eu fiz do poema Keeping Things Whole, de Mark Strand:
*
MANTENDO AS COISAS INTEIRAS
Mark Strand

Num campo
Eu sou a ausência
de campo.
Esse é
sempre o caso.
Onde quer que eu esteja
Eu sou o que está faltando.

Quando eu ando
Eu separo o ar
e sempre
o ar se move
para preencher os espaços
onde meu corpo esteve.

Todos nós temos razões
para nos movermos.
Eu me movo
para manter as coisas inteiras.
*
Uma curiosidade à parte (ou não): Mark Strand visitou o Brasil nos Anos 60, e conhecendo a obra do Carlos Drummond de Andrade, escreveu o livro que contém o poema acima (Reasons for Moving, 1968), este que nomeia aquele.
👇🏿
Mudando radicalmente (ou não) de assunto, vamos ver se o vírus que preside o Brasil irá publicar hoje ou amanhã (aniversário do Golpe Militar de 1964), uma Medida Provisória condenando a população pobre e preta deste país a ser contaminada pela epidemia.

domingo, 29 de março de 2020

O Brasil precisa conhecer Octavia E. Butler


"Não se via como vergonhoso [um homem branco] estuprar uma mulher negra, mas poderia ser vergonhoso amar uma [mulher negra]".
Livre tradução minha para trecho de Kindred, de Octavia E. Butler, livro no qual ela aborda a natureza da #Escravidão e seus impactos ainda hoje.
#Traumas

sexta-feira, 27 de março de 2020

Morte e Renascimento



Refletindo sobre o ciclo de morte e renascimento representado pelo mural que abre o filme #midsommar, que assisti pela primeira vez em um cinema de Durham, Carolina do Norte, com meu amigo Hy V. Huynh!

Os murais do filme foram pintados por Ragnar Persson, em parceria com o diretor do filme Ari Svensson e o designer gráfico  Nille Svensson.

A Morte/Crânio/Lua é gélida, enquanto a Vida/Cabeça/Sol é quente, e com um sorriso não menos assustador que o da Caveira. Kkkk Por trás do rosto, por mais rechonchudo que seja, nós temos um esqueleto, né? 😁

Para além do spoiler inteligente que ele oferece, já na largada, sobre o que acontece na película, a simbologia do mural é rica e achei particularmente interessante a representação das estações do ano (curiosidade: os norte-americanos usam o termo "Fall" para se referir ao Outono, que também pode ser traduzido, literalmente, como "Queda").

Quase 20 crianças morrem no Brasil por dia

Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), instituição menosprezada pelo presidente Bolsonaro, a diarreia decorrente da falta de saneamento básico mata, no Brasil, 16,4 crianças em cada 1.000 nascidos vivos!

Ou seja, enquanto por dia dezenas de crianças morrem no Brasil simplesmente devido à irresponsabilidade dos políticos que não se importam com água e esgoto tratados para a nossa população, o boçal que governa o país repetiu senso comum de que o brasileiro é forte, não adoece nem no meio de esgoto, por isso a "gripezinha" causada pelo Coronavírus não nos prejudicaria...

A insensível desumanidade desse senhor, a qual alimenta a estupidez arrogante de seus seguidores, é aviltante!

#ForaBolsonaro #covid_19 #Coronavírus

quarta-feira, 25 de março de 2020

Novo Número da REBEH

Acaba de sair o sétimo número da REBEH - Revista Brasileira de Estudos da Homocultura. Lá vocês encontram um dossiê especial sobre “Sujeitos em performance: diversidade, diferença e formas expressivas”, organizado por Rafael Noleto e Hugo Menezes, com textos incríveis articulando gênero, sexualidade e suas expressões na música e nas manifestações de rua. Tem entrevista com Jaqueline de Jesus sobre política e transfeminismo. Relato de Experiência do Marcos Aurélio Silva e Moises Lopes da exposição incrível que rolou no Museu Rondon - UFMT sobre as paradas LGBT de Cuiabá. Artigos e Ensaios de tema livre. Além dos documentos da ABEH!


domingo, 15 de março de 2020

Precisamos do SUS: Brasil e Acesso Universal à Saúde

Quando eu fui à Duke University (EUA) ano passado, como pesquisadora-visitante, para analisar os dados da pesquisa global sobre saúde mental de minorias sexuais e de gênero em 6 países que desenvolvemos juntos, recebi da universidade um plano de saúde.

Em um determinado momento da minha estadia tive uma reação alérgica. Fui levada por uma amiga ao posto de saúde da universidade (uma ambulância poderia me levar, mas mesmo TENDO plano de saúde, ela custaria uns MIL dólares).

Chegando no posto, mesmo ele sendo da universidade, não era público, então a consulta tinha de ser paga de antemão. Para mim que tinha plano de saúde, houve um desconto, e "só" paguei 120 dólares (no câmbio da época deu quase 500 reais), só para ser olhada pela médica e receber receituário, sem o qual eu não poderia comprar uma simples dipirona em uma farmácia.

Andando pelas ruas de diferentes cidades, como Atlanta, Durham, Washington D.C. e Nova Iorque, eu vi pessoas em condições super precárias de saúde, algumas desfiguradas. Algumas eram inclusive militares, porém muitas doenças e condições não são cobertas pelo atendimento em saúde das Forças de lá.

Isso é um exemplo de como é uma sociedade sem acesso a saúde universal, mesmo tendo acesso a trabalho remunerado maior que aqui.

Agora, imagine o que aconteceria no Brasil sem o SUS.
Precisamos defender o nosso SUS!

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus
Instituto Federal do Rio de Janeiro