Da direita para a esquerda: Jaqueline Gomes de Jesus e Maria da Conceição Nascimento.
Dialogando com o CRP: “A Pele que habito”
No dia 23 de julho, foi realizado no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro o segundo evento Dialogando com o CRP: “A pele que habito”. O debate sobre a implicação da Psicologia e seus profissionais com a questão da identidade de gênero e as relações étnico-raciais contou com mais de 40 pessoas presentes.
As facilitadoras foram Jaqueline Gomes de Jesus – Mestre em Psicologia – UNB; Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações (Psto) – UNB; Pós-Doutoranda da Fundação Getúlio Vargas; Conselheira do CRP-DF – e Maria da Conceição Nascimento (CRP 05/26929) – Graduada em Psicologia pela UFF; Pós-graduada pela UFF em “Raça, Etnias e Educação no Brasil”; Mestre em Psicologia pela UFF; Psicóloga Clínica; Membro da Articulação Nacional de Psicólogos (as) Negros (as) e Pesquisadores (as); Conselheira do CRP RJ.
O presidente do CRP, José Novaes (CRP 05/980) iniciou o encontro falando mais uma vez sobre a importância deste espaço como forma de diálogo com a categoria. A Conselheira Janne Calhau (CRP 05/1608), da Comissão Regional de Direitos Humanos, também destacou a importância dos debates e discorreu brevemente sobre o filme de Pedro Almodóvar, que inspirou o nome do evento.
A psicóloga Jaqueline Gomes pontuou alguns desafios da psicologia para avançar no debate sobre a questão da identidade de gênero e da questão racial. “Nosso grande desafio é fazer essa interlocução, colocar em debate esse modelo imposto que é a de uma sociedade branca, sexista. O nosso papel é debater as várias contradições dessa lógica”, disse.
Em sua fala, Jaqueline lembrou as últimas vítimas de violência policial ocorridas no Rio de Janeiro, nos últimos meses. Afirmou ainda que existe um genocídio da população negra no país. “Há um genocídio da juventude negra. O problema é que estes não têm a mesma visibilidade que qualquer outro caso de violência sofrida pela população branca”.
Segundo ela, isto ocorre e de forma naturalizada porque existe uma lógica de cidadania que contradiz o que se afirma na constituição. “Temos uma lógica de quem é mais [humano] ou menos humano; é uma sociedade racista.”
O fortalecimento do feminismo negro no país, segundo as debatedoras, mostrou a supervalorização na sociedade de um modelo de mulher referido como padrão: branca e de classe média; permanecendo a diversidade da mulher brasileira invisibilizada. Hoje, há outra discussão que se coloca como importante: do transfeminismo – um debate sobre gênero e identidade sexual. Nesse sentido, as discussões sobre o feminismo auxiliam a aprofundar as discussões sobre sexualidade e gênero.
A Conselheira Maria da Conceição apontou que desde a universidade seria necessário a discussão desses temas para que a sociedade, a Psicologia e os psicólogos se livrem dos estereótipos. “Necessitamos enxergar as pessoas; existe a necessidade de conhecermos de onde vêm os estereótipos sobre as pessoas negras, sobre as mulheres negras. Temos que conhecer a nossa história e saber como se deu a construção dos estereótipos sobre essa população, como se deu essa construção na sociedade. Conhecer é uma forma da gente escapar desse aprisionamento que é o estereótipo”, ressaltou.
Logo depois das falas os presentes puderam debater, tirar dúvidas, opinar e discutir outras ideias sobre o tema.
O evento foi encerrado pelo Conselheiro Juraci Brito, da Comissão de Orientação e Fiscalização. O próximo ‘Dialogando com o CRP’ acontecerá na quarta-feira, dia 06 de agosto, às 18h30, o tema será: A Psicologia no Esporte: contribuições e desafios.
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