Terezinha Pinto da Cunha
Era filha de Joaquim Pinto da Cunha (lavrador, filho “ligítimo” de Guilherme Pinto da Cunha e de Dona Joanna Rodrigues de Souza) e de D. Amazildes Duarte da Silva (que se dedicava a “serviços de mestiços” na cidade e era filha “ligítima de D. Domingas Clementina da Silva, natural e residente do Arraial e Freguesia de Santo Antônio do Itambé do Serro”, e de José Matias, que não consta nos registros, provavelmente por ter sido um negro livre na sociedade escravocrata, porém foi nominado por minha vó Terezinha).
Casou-se em 28 de novembro de 1946, às cinco horas da tarde, “a portas abertas”, com meu avô Jonas Pinto da Cunha, nascido em 10 de janeiro de 1924, filho de Antônio Pinto da Cunha e D. Maria Lina da Silva.
Durante a construção de Brasília, meu avô, como outros candangos, migrou para esta cidade, e em 1964 enviou um cristal para minha vó, sinal de que ela e os sete filhos, incluindo minha mãe, a primogênita, já podiam embarcar no ônibus abarrotado para a Nova Capital, onde nasceram meus quatro tios mais novos. Meu avô morreu em 1986.
A casa da minha vó, primeiro feita de tábua e nos anos 90 de alvenaria, um raro terreno arborizado na Asa Norte, com frondosos guapuruvus, mangueiras, goiabeiras, bananeiras e limoeiros, de frente para a Universidade de Brasília (onde caçávamos e comíamos tatus com meus tios, e colhíamos cascas de barbatimão e talos de babosa com minhas tias), acolheu a nossa jovem geração de dezenas de primos/netos e bisnetos e compôs parte fundamental de quem somos, com seu aconchego de cachorros, galinhas (inclusive de Angola), e eventualmente coelhos.
Mais que saudades, Terezinha Pinto da Cunha, falecida em 25 de setembro de 2014, quinta-feira, deixa aos seus descendentes uma lição ancestral, de apreço pelas nossas raízes e de amor por liberdade.
Jaqueline Gomes de Jesus
Neta
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