Por favor, se você se importa com a superação das desigualdades raciais no Brasil, não utilize o termo "afrodescendente" como sinônimo de "negro".
Ao extremo, todos os seres humanos são afrodescendentes, mas não é este o ponto.
Diferentemente dos Estados Unidos da América, por exemplo, nosso racismo não é determinado pela ascendência das pessoas, e sim pela sua aparência (por isso este é um racismo de marca). Há inclusive razões históricas que explicam essa estrutura.
As pessoas não são discriminadas aqui por serem netos ou filhos de pessoas negras, mas por se enquadrarem nos padrões fenotípicos de pessoas negras, em suas diferentes matizes de pele e características anatômicas.
Será preciso que eu escreva a obviedade de que muitíssimas pessoas brasileiras tidas como brancas são afrodescendentes, porém jamais foram discriminadas do ponto de vista étnico-racial, sendo até privilegiadas em diversos contextos sociais, a partir do nefasto ideário da branquitude?
Logo, defender políticas afirmativas para afrodescendentes é mascarar os efeitos deletérios do racismo e, ao mesmo tempo, tornar inócuo o propósito da ação afirmativa de incluir, num espaço outrora homogêneo e pouco diverso étnico-racialmente, pessoas do grupo social historicamente discriminado, no caso, negras.
Muito bom ler o seu texto. De facto, esclarecedor. Obrigado.
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