sexta-feira, 9 de setembro de 2016

OGUM MATA E SE ARREPENDE

Vou lhes contar uma história de Ogum, o Senhor do Ferro, da Tecnologia, da Agricultura, da Guerra.

Aparó era um feiticeiro que se transformava em codorna. Certa vez enganou Ogum, ao fazer com que ele matasse muitos de seus súditos (isso é outra história).

Ogum perseguiu Aparó para se vingar, este virou pássaro e se escondeu em cima de uma palmeira sagrada, crendo que Ogum a respeitaria.

Enganou-se. Em toda sua fúria Ogum destruiu a árvore. Aparó rogou pela clemência de Ogum, que lhe poupasse a vida. O Orixá imediatamente decapitou-o com um golpe tão forte que a cabeça de Aparó rolou. Ogum se sentiu vingado.

Entretanto, Aparó não morreu de imediato. E a cabeça decepada disse:

"Ogum, você não teve piedade de mim, quando lhe pedi perdão, por isso lanço em ti meu último feitiço: você sempre haverá de agir com raiva, causará danos sem conserto e se arrependerá, todas as vezes"! - e morreu.

Imediatamente, aquele que enfrenta uma guerra todo dia, o que come cachorro e se banha em sangue, sentiu arrependimento. E sente todas as vezes em que age irrefletidamente, ferindo profundamente ou matando. A sina de ter saciado seu ódio ao mesmo tempo em que seu arrependimento é alimentado.

Eis um profundo ensinamento das ancestrais. Saudemos Ogum e reflitamos.

Ogum Iê, meu protetor, irmão de meu Pai!

Ogum, por Pierre Verger.

Nenhum comentário:

Postar um comentário