Aparó era um feiticeiro que se transformava em codorna. Certa vez enganou Ogum, ao fazer com que ele matasse muitos de seus súditos (isso é outra história).
Ogum perseguiu Aparó para se vingar, este virou pássaro e se escondeu em cima de uma palmeira sagrada, crendo que Ogum a respeitaria.
Enganou-se. Em toda sua fúria Ogum destruiu a árvore. Aparó rogou pela clemência de Ogum, que lhe poupasse a vida. O Orixá imediatamente decapitou-o com um golpe tão forte que a cabeça de Aparó rolou. Ogum se sentiu vingado.
Entretanto, Aparó não morreu de imediato. E a cabeça decepada disse:
"Ogum, você não teve piedade de mim, quando lhe pedi perdão, por isso lanço em ti meu último feitiço: você sempre haverá de agir com raiva, causará danos sem conserto e se arrependerá, todas as vezes"! - e morreu.
Imediatamente, aquele que enfrenta uma guerra todo dia, o que come cachorro e se banha em sangue, sentiu arrependimento. E sente todas as vezes em que age irrefletidamente, ferindo profundamente ou matando. A sina de ter saciado seu ódio ao mesmo tempo em que seu arrependimento é alimentado.
Eis um profundo ensinamento das ancestrais. Saudemos Ogum e reflitamos.
Ogum Iê, meu protetor, irmão de meu Pai!
Ogum, por Pierre Verger.
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