A participação política não é apenas um direito, no sentido estritamente jurídico, ou somente uma ação investigada pela Ciência Política, ela é um comportamento que nos aproxima da idealização do humano.
A cidadania, projeto inconcluso de milênios, é parte relevante do que nos constitui como animais culturais. E lembrando Aristóteles, animais políticos.
Uma das ideias que defendo, nos meus trabalhos sobre cidadania e Psicologia, é que, quando abdicamos - ou nos impedem - de participar dos processos políticos, estamos abrindo mão - ou sendo alijados - de algo que nos define como seres humanos.
A prática mais relacionada à participação política é a de votar. Ante ao que expus acima, ressalto: votar é humano, literalmente.
A atualmente tão denunciada desilusão com a política (partidária), que transborda no aumento de eleitores que não votam, votam nulo ou em branco, é um sintoma do processo de desumanização que vivemos em nossa sociedade do espetáculo, mais engajada em criar hashtags e curtir uma política partidária cuja linguagem é cada vez mais indistinguível da do entretenimento, do que em pensar coletivamente alternativas para o que aí está.
Estes que citei acima podem se achar menos idealistas do que os demais (como eu ou você), responsabilizando sua inação a fatores externos a si, como a falta de caminhos a lhes serem apresentados, porém lhe digo: eles optam por serem menos gente, por apagarem uma parte de si que os distingue dos outros animais.
Isso é, igualmente, uma opção. E suas consequências não serão vistas apenas nos governos que virão, mas igualmente na relação dessas pessoas consigo mesmas e com o mundo que os cerca.
Errar é humano, mas também é uma característica comum a qualquer outro ser vivo. Só votar é humano.
Sugestão de leitura:
JESUS, Jaqueline G. (2012). Ser cidadão ou escravo: repercussões psicossociais da cidadania. Crítica e Sociedade: revista de cultura política, v. 2, n. 1, 42-63.
Disponível em http://tinyurl.com/jsgx3hg
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