
Lugar para percepções, ideias e análises a partir de uma visão pessoal, científica e profissional: uma janela, da minha perspectiva, para o mundo. ~o~ Place for perceptions, ideas and analysis from a personal, scientific and professional view: a window, from my perspective, to the world.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Psicólog@s: 30 Horas JÁ!

quarta-feira, 22 de maio de 2013
Trabalho Generificado
As questões de gênero se constituem, em um primeiro momento, num campo do estudos e de enfrentamento político às desigualdades constatadas nas relações entre homens e mulheres, a partir de um conceito eminentemente relacional/funcional, como é o de gênero, sob uma perspectiva não-essencialista.
Os diferentes pensamentos feministas e os movimentos de mulheres têm contribuído para a rediscussão sobre a diversidade de identidades pessoais e sociais das mulheres (inclusive reconhecendo mulheres antes invisíveis, para além do âmbito biológico), seus papéis sociais, e para a reformulação das políticas calcadas em diferenças atribuídas aos gêneros, indo além da dimensão meramente interpessoal ou intergrupal, ao desenvolver modelos alternativos de participação e, no âmbito das organizações de trabalho, reelaborado práticas sexistas.
Seus reflexos podem ser encontrados em outros movimentos sociais que lutam contra a naturalização e o binarismo entre grupos, e a diversificação dos papéis sociais reservados às mulheres se reflete no mundo do trabalho, mesmo que de modo lento e incompleto, considerando limitações estruturais, cooptação de intenções oposicionistas ao status quo e lógicas de incorporação/hierarquização nas sociedades contemporâneas. Ainda hoje o trabalho dos homens é tido como produtivo, realizado nos espaços públicos e voltado ao desenvolvimento da sociedade, enquanto o das mulheres é tratado como reprodutivo, restrito aos espaços privados e destinados à manutenção da sociedade.
Há uma lamentável lacuna nos estudos sobre trabalho, falta relacionar avanços e desafios, no que tange ao atendimento de direitos de mulheres trabalhadoras no Brasil contemporâneo, a aspectos psicossociais da mobilização por direitos (isso decorre da crença - que particularmente considero reducionista - de que movimentos sociais só ocorrem fora dos ambientes de trabalho, nas ruas). Faz-se mister distinguir e comparar as condições laborais de grupos diferentes de mulheres, sem "pasteurizá-las" como se fossem parte de um grupo identitário unitário, desconsiderando sua pluralidade.
*
terça-feira, 21 de maio de 2013
Cotas Abrem Portas
A recente publicação do meu artigo "O Desafio da Convivência: Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (2004-2008)", e os dez anos de implementação do sistema de cotas para negros na Universidade de Brasília, que deverão ser avaliados por uma comissão agora em 2013, renovaram-me lembranças dos intensos debates sobre ações afirmativas voltadas para as relações étnicas e raciais que ocorriam na época; colocações em torno da natureza, função e resultados da implementação de cotas raciais muitas vezes desinformadas, por vezes preconceituosas e, quase sempre, apaixonadas, independentemente do posicionamento do/a interlocutor/a.
A ideia de substituir o sistema de cotas para negros por cotas estritamente para pobres era comum, e ao meu ver demonstrava aquilo que denominamos de "cegueira colorida", isto é, desejava-se evitar o racismo negando que existem diferenciações sociais entre as pessoas devido a sua aparência/características anatômicas e a sua cor de pele. Um tipo de sistema não exclui o outro, de modo que a questão só faria sentido em um contexto no qual, objetivamente, não se desejasse ver negros incluídos.
Era corrente o argumento prosaico de que "o governo quer desunir o que está unido e importa um problema que não é nosso, que é o problema da segregação racial". Ora, não ver que há racismo e segregação racial no Brasil é parte desse processo muitas vezes inconsciente da cegueira colorida (que tecnicamente podemos considerar como uma expressão de "colusão", que, sinteticamente, é praticar discriminar sem "intenção", sem perceber que se está vilipendiando uma outra pessoa ou um grupo), pois há racismo neste país e ele é um problema que deve ser reconhecido para ser enfrentado.
É notável hoje que parte considerável da população brasileira, mesmo tendo pouca informação acerca das filigranas e dos meandros das políticas de ações afirmativas para as pessoas negras, entende que elas têm por objetivo remediar situações estruturais desvantajosas a um grupo social, ainda que impliquem tratamento temporariamente favorável a esse mesmo grupo. Ela percebe a necessidade de atender a uma demanda ética decorrente da pouca presença de negras e negros em nossas universidades, em todos os níveis: dos estudantes, passando pelos técnicos e chegando aos professores.
Nos Estados Unidos o modelo, que não se restringiu ao espaço acadêmico, mas também abrangeu o mercado de trabalho, funcionou bem, possibilitando a formação de uma classe média negra, de uma elite negra que não ainda existe no Brasil (estou falando de contingentes, e não de indivíduos e grupos isolados). Não à toa lá haja o background que possibilitou a candidatura de um presidenciável negro.
Afirmar que as cotas gerariam mais ódio racial era de praxe, ignorando-se os fatos históricos e sociais e se esquecendo que o racismo já existia antes de políticas que o combatessem. Entendo que, em termos psicossociais, o objetivo de quaisquer ações afirmativas é o de formar uma massa crítica que se inserirá nos espaços de poder, empoderá-la, para fortalecer o trabalho de transformação das demandas sociais que, obviamente, não conseguirão ser totalmente abrangidas pelas cotas raciais. Políticas afirmativas, quaisquer que sejam, não excluem a necessidade do desenvolvimento de educação pública de qualidade, são ambos projetos fundamentais para a inclusão da população negra brasileira, mas atendem a questões específicas, e não devem ser considerados antônimos.
Cotas por classe social são importantes sim, mas sem que se negue a dimensão racial da pobreza e da exclusão no Brasil, identificada por institutos sérios como o IBGE e o IPEA. Preconceito contra os negros não é existir cota racial, preconceito contra os negros são as barreiras impostas neste país para sua ascensão, para um mínimo de reparação aos três séculos em que a população negra foi explorada como mão-de-obra escrava, e depois excluída do acesso aos recursos culturais e econômicos que ela mesma construiu.
Daí também a dimensão perversa do embranquecimento no Brasil, onde negros de diferentes matizes são estimulados pelo racismo institucional a desprezarem sua aparência, onde pessoas negras, em toda sua diversidade interna, não se vêem representadas nos meios de comunicação visual de massa, senão como estereótipos de sua pluralidade.
O racismo no Brasil se dá pela aparência, por isso não faz o menor sentido falar de herança genética - outro tópico corriqueiro há 10 anos - quando pessoas negras são discriminadas por empregadores ou mortas sem que se precise fazer qualquer tipo de exame de DNA. Na vida cotidiana, socialmente construída, o olhar do outro também constrói a identidade racial, de modo que não basta "se achar" negro, branco ou seja lá de que cor, meramente em função de ancestralidade.
Concluindo, reafirmo algumas das palavras de Martin Luther King que servem plenamente para essa discussão: "é óbvio que, se um homem chega com 300 anos de atraso ao ponto de largada de uma corrida, terá que fazer um tremendo esforço para alcançar o outro corredor", e "uma sociedade que fez coisas especiais contra o negro durante centenas de anos agora precisa fazer alguma coisa especial por ele, equipando-o para competir numa base justa e igual".
*
segunda-feira, 20 de maio de 2013
O DESAFIO DA CONVIVÊNCIA: Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (2004-2008)

domingo, 19 de maio de 2013
Wole Soyinka, sobre os Dramas da Existência
"O tigre não alardeia sua tigretude, ele simplesmente ataca", Wole Soyinka.
Akinwande Oluwole "Wole" Soyinka, escritor, dramaturgo e poeta, nasceu na Nigéria em 1934, e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1986: http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1986/soyinka.html.
*

sábado, 18 de maio de 2013
Quem é a Diversidade?

sexta-feira, 17 de maio de 2013
Como Pensar o Gênero Aquém do Sexo?

sábado, 11 de maio de 2013
NOTAS SOBRE A DOMINÂNCIA SOCIAL - A Pedagogia do Oprimido: Como o Mundo é Impossibilitado
NOTAS SOBRE A DOMINÂNCIA SOCIAL - A Pedagogia do Oprimido: Como o Mundo é Impossibilitado
Jaqueline Gomes de Jesus
Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília - UnB e professora do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN
.
O MUNDO NÃO É,
O MUNDO ESTÁ SENDO...
E PODEMOS FAZÊ-LO MELHOR.
Paulo Freire.
.
I
A categoria "mundo" consta do vocabulário freireano: o mundo, em Paulo Freire, é basicamente a mediação entre os sujeitos (indivíduos participantes) na relação de reconhecimento mútuo. Pode-se deduzir que há, portanto, vários mundos, pois há vários tipos de relações individuais.
Uma licença discursiva - quase poética - permite entender que Paulo Freire aponta para a Teoria das Relações Intergrupais, mesmo que despropositadamente, pois os "sujeitos" aos quais ele se refere são, fundamentalmente, (1) o/a oprimido/a e (2) o/a opressor/a. Em suma, podem ser entendidos como grupos, e como recorda Devine (1995), "membros do grupo externo são percebidos como mais homogêneos em suas características, opiniões e comportamentos do que os membros do grupo interno" (p. 474). Torna-se viável a afirmação de que, enquanto existe a relação intergrupal entre oprimidos e opressores, ela é estereotipada e, portanto, impede a realização do mundo como mediação.
Segundo Taylor e Moghaddan (1994), a Teoria da Identidade Social, desde Tajfel, "tenta explicar relações entre grupos de uma perspectiva grupal" (p. 61). A teoria apoia a ideia de que os indivíduos são motivados a desenvolver uma identidade social positiva, produzida a partir do autoconceito, quando reconhecido no interior de um grupo social. O sentimento de "pertença" associado ao autoconceito possibilita a formação das comparações sociais intergrupais e extragrupais apontadas por Devine.
No entanto, apesar de se terem indicado razões para a existência da relação oprimido/opressor, não se explicou ainda o porquê de sua permanência. A teoria da dominância social traz algumas propostas no sentido de esclarecer essa questão.
II
A Teoria da Dominância Social, esclarecem Pratto, Liu, Levin, Sidanius, Shih, Bachrach e Hegarty (2000), associa algumas perspectivas teóricas e descobertas empíricas, tais como a da Personalidade Autoritária (Adorno, Frenkel-Brunswik, Levinson & Sanford, 1950), os estudos psicológicos do conservadorismo (McClosky, 1958; Wilson, 1973 ), a Teoria Política Bivalorativa de Rokeach (1973) e alguns modelos de conflito grupal (Blumer, 1960; Campbell, 1965; Marx & Engels, 1846/1970), para "explicar como sociedades perpetuam a dominância grupal" (p. 371), e afirmar que "diferentes pessoas têm diferentes orientações psicológicas com relação à dominância grupal (...), pessoas que mais apoiam a dominância grupal estão mais aptas a obter papéis sociais e posições políticas que as permitam aperfeiçoar ou manter a hierarquia social" (p. 371). A Teoria da Dominância Social parte de um nível de análise individual no contexto social, diferentemente da Teoria da Identidade Social.
Nessa perspectiva, reitera-se a noção de que a relação desigual entre oprimido/opressor é reforçada pelos fatores sócio-políticos que premiam os opressores, permitindo-lhes benesses, como acesso aos bens culturais e econômicos. Esse reforço impulsiona a opressão, tendo em vista que incentiva a alienação do opressor frente à situação subalternizada do oprimido: o opressor também é oprimido, no contexto da relação interpessoal/grupal, porque se encontra na mesma relação de opressão do oprimido, mas não percebe pois, ao contrário daquele, é reforçado positivamente. A satisfação de uns, em detrimento de outros, de modo algum neutraliza a precariedade da relação.
Isso significa que, de fato, a naturalização da relação oprimido/opressor deve ser combatida pelo reconhecimento mútuo da precariedade de tal relação, por meio da educação do opressor pelo oprimido, para que lhe mostre a impossibilidade de sua realização plena como sujeitos enquanto ambos não se tratarem como iguais em direitos, em uma relação equânime que possibilite a realização do mundo como construção conjunta.
III
Em uma perspectiva transcultural de compreensão das relações intergrupais, é a dominância social que impossibilita a realização do mundo, por meio da justificação da desigualdade, como suscitam Pratto e cols. (2000), como legitimação recorrente dessa desigualdade por meio dos privilégios rendidos aos opressores, os quais, em sua situação de grupo majoritário, propagam a ideologia da superioridade, e são percebidos como superiores, em razão do estrato social em que são postos: o mundo só é possibilitado de existir em uma relação grupal em que haja um reconhecimento da falácia da dominância social, e na qual se busque a superação dialética desse abismo que divide os grupos.
Só existe relação no mundo, dado que só há relação na mediação.
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adorno, T. W., Frenkel-Brunswik, E., Levinson, D. J., & Sanford, R. N. (1950). The authoritarian personality. New York: Norton.
Blumer, H. (1960). Race prejudice as a sense of group position. Pacific Sociological Review, 1, 3-5.
Campbell, D. T. (1965). Ethnocentrism and other altruistic motives. In D. Levine (Ed.), Nebraska symposium on motivation (pp. 283-311). Lincoln: University of Nebraska Press.
Devine, P. G. (1995). Prejudice and out-group perception. Em A. Tesser (Ed.), Advanced social psychology (pp. 467-524). New York: McGraw-Hill.
Marx, K., & Engels, F. (1846:1970). The german ideology. New York: International Publishers.
McClosky, H. (1958). Conservatism and personality. American Political Science Review, 52, 27-45.
Pratto, F., Liu, J. H., Levin, S., Sidanius, J., Shih, M., Bachrach, H. & Hegarty, P. (2000). Social dominance orientation and the legitimization of inequality across cultures. Journal of Cross-Cultural Psychology, 31, 369-409.
Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York: Free Press.
Taylor, D. M. & Moghaddam, F. M. (1994). Theories of intergroup relations: international social psychological perspectives. USA: Praeger Publishers.
Wilson, G. D. (1973). The psychology of conservatism. New York: Academic Press.
~o~
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Mulheres Negras na Primeira Pessoa


domingo, 5 de maio de 2013
SOMAR E CUIDAR!

Meeting of Researchers in Gender and Sexualities

sábado, 4 de maio de 2013
Encuentro de Investigadoras/es en Género y Sexualidades

O Ofício dos Músicos - uma reflexão

quarta-feira, 1 de maio de 2013
Encontro de Pesquisadoras/es em Gênero e Sexualidades

Assinar:
Postagens (Atom)