quarta-feira, 22 de maio de 2013

Trabalho Generificado

As questões de gênero se constituem, em um primeiro momento, num campo do estudos e de enfrentamento político às desigualdades constatadas nas relações entre homens e mulheres, a partir de um conceito eminentemente relacional/funcional, como é o de gênero, sob uma perspectiva não-essencialista.
Os diferentes pensamentos feministas e os movimentos de mulheres têm contribuído para a rediscussão sobre a diversidade de identidades pessoais e sociais das mulheres (inclusive reconhecendo mulheres antes invisíveis, para além do âmbito biológico), seus papéis sociais, e para a reformulação das políticas calcadas em diferenças atribuídas aos gêneros, indo além da dimensão meramente interpessoal ou intergrupal, ao desenvolver modelos alternativos de participação e, no âmbito das organizações de trabalho, reelaborado práticas sexistas.
Seus reflexos podem ser encontrados em outros movimentos sociais que lutam contra a naturalização e o binarismo entre grupos, e a diversificação dos papéis sociais reservados às mulheres se reflete no mundo do trabalho, mesmo que de modo lento e incompleto, considerando limitações estruturais, cooptação de intenções oposicionistas ao status quo e lógicas de incorporação/hierarquização nas sociedades contemporâneas. Ainda hoje o trabalho dos homens é tido como produtivo, realizado nos espaços públicos e voltado ao desenvolvimento da sociedade, enquanto o das mulheres é tratado como reprodutivo, restrito aos espaços privados e destinados à manutenção da sociedade.
Há uma lamentável lacuna nos estudos sobre trabalho, falta relacionar avanços e desafios, no que tange ao atendimento de direitos de mulheres trabalhadoras no Brasil contemporâneo, a aspectos psicossociais da mobilização por direitos (isso decorre da crença - que particularmente considero reducionista - de que movimentos sociais só ocorrem fora dos ambientes de trabalho, nas ruas). Faz-se mister distinguir e comparar as condições laborais de grupos diferentes de mulheres, sem "pasteurizá-las" como se fossem parte de um grupo identitário unitário, desconsiderando sua pluralidade.
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