Tumulto na região de Tottenham. Foto: Beacon Radio (http://www.marxist.com/riots-london-britain.htm)
"Multidões não podem ser compreendidas pelo mesmo espectro de movimentos sociais, dada sua amplitude e desvinculação a princípios de afiliação próprios dos movimentos sociais. Utilizar os mesmos parâmetros para entender um e o outro fenômeno leva a entendimentos falaciosos acerca do funcionamento das massas humanas.
Recentes eventos, conhecidos como Distúrbios ou Tumultos Londrinos (London Riots), ocorreram entre os dias 6 e 10 de agosto de 2011, após uma marcha pacífica contra o assassinato cometido por um policial. Vários distritos da capital inglesa e do seu entorno foram alvo de estimados 3.443 atos de vandalismo, saques e incêndios criminosos generalizados, com 14 cidadãos feridos e cinco assassinados, enquanto tentavam proteger suas comunidades (http://www.bbc.co.uk/news/uk-14532532).
Em torno de 3.100 pessoas foram presas e mais de 1.000 foram responsabilizadas criminalmente (http://www.mirror.co.uk/news/top-stories/2011/08/25/london-riots-more-than-2-000-people-arrested-over-disorder-115875-23371068).
Várias explicações foram dadas ao acontecimento, desde aquelas envolvendo discrepâncias sócio-econômicas, desemprego, cortes nos gastos sociais, oportunismo de criminosos ou relações étnico-raciais desiguais, até as que apontavam para um 'efeito de manada', que teria levado o grande número de manifestantes a se 'descontrolarem' coletivamente e agirem de forma 'selvagem' (http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/aug/09/uk-riots-psychology-of-looting), entre outras considerações, o que reitera a consideração de Reicher quanto à predominância de argumentos populares da Psicologia, porém inadequados, usados inclusive por especialistas, a fim de explicar multidões" (Jesus, 2013, pp. 494-495).
Jesus, J. G. (2013). Psicologia das massas: contexto e desafios brasileiros. Psicologia & Sociedade, 25(3), 493-503. Disponível em http://www.ufrgs.br/seerpsicsoc/ojs2/index.php/seerpsicsoc/article/view/3649/2266
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