Ganhei este livro numa visita à Mazza Edições, em Belo Horizonte, acompanhado o amigo Ivair Augusto Alves dos Santos, que negociava a publicação de um livro.
Lembro-me bem das ladeiras que descemos e subimos (o que sempre é marcante para uma pessoa natural de Brasília), e da gentileza da Editora: A MULHER NEGRA QUE VI DE PERTO: O processo de construção da identidade racial de professoras negras.
De Nilma Lino Gomes, este livro de 1995, apesar de apontar para dores de nossa sociedade racista e etnocêntrica, o que é necessário, torna-se doce ao contar as trajetórias de professoras negras, enfrentando a branquitude, encontrando forças - ou não - na família, amigos e vizinhos, fazendo-se protagonistas num cenário em que elas não são vistas, e mais ainda, não se quer vê-las.
Gênero e raça são dimensões da diversidade inexoravelmente entrelaçadas nesta obra, tal como a denúncia, profundamente detalhada, das violações, discriminações e estereótipos impingidos às personagens desta estória.
A palavra final da autora é de esperança, mas não uma esperança vazia e contemplativa, e sim uma esperança enfrentativa, pautada pela ação coletiva, no encontro com os movimentos sociais, com as comunidades negras, com a própria escola, naquilo que ela pode aprender, mais do que ensinar, sobre a superação do racismo, do etnocentrismo, do machismo e das demais formas de discriminação e preconceitos entrelaçados em seu corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário