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sábado, 5 de outubro de 2013
São Benedito, O Negro
Fonte: http://www.michaeloart.com/black-magi-and-others-european-art
São Benedito, hoje é o seu dia. Ensina-nos a Folhinha: filho de escravos africanos, nasceu na Sicília em 1526. Jovem entrou para uma comunidade de eremitas franciscanos, passou para a Ordem dos Frades Menores e, no convento de Santa Maria em Palermo foi cozinheiro, mestre de noviços e, em 1578, superior do convento. Morto em 1589, sua canonização ocorreu em 1807.
O caso de São Benedito, venerado por séculos em comunidades negras brasileiras, faz-me refletir - novamente - sobre os processos de exclusão de pessoas negras ao longo da Era Moderna, pautada pelo tráfico transatlântico de africanos escravizados.
Um escape religioso ante à exploração e às subalternizações estruturais? Um exemplo de ascensão na sociedade branca eurocêntrica? Um token incluído ante a uma imensidão de negras e negros aviltados? Talvez todas as opções, e outras, sejam cabíveis, naqueles tempos em que o Estado, no Ocidente, era imiscuído com a Igreja Católica.
Com relação à contemporaneidade, nenhuma pessoa negra - ou indígena, lembrando que estamos em mobilização pelos direitos dos povos indígenas - deveria, em sã consciência, deveria confiar plenamente no Estado brasileiro para a superação das desigualdades raciais e étnicas deste país, onde o poder é branco, oligárquico - senão clânico - e colonizado.
E não existem mais santos para servirem como referencial. Enquanto o racismo institucional permanecer constante e intenso como é, continuaremos a ter apenas um ou outro exemplo de pessoa negra em espaço de poder - exceções perseguidas e monitoradas que confirmam a regra.
Grandes são os desafios para que as ações individuais e coletivas modifiquem o perfil racista e etnocêntrico do poder neste país - em quaisquer instâncias.
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