sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 4: Devaneios de uma aprendiz de antropologia

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Francy Eide Nunes Leal
RESUMO: Fiquei por longos dias pensando em como começar a escrever esse artigo, muitas vezes o medo encontrava lugar, como escrever sobre um tema que apesar de próximo eu o desconhecia teoricamente? Como ousar dialogar com feministas que publicaram no final da década de1980: Scott (1995), Haraway (1991), Butler (2003)? Quando me aproximei da discussão sobre gênero e sexualidade, a bagagem que carregava sobre o tema era mínima; cabia em poucas palavras, conhecia os escritos de Lévi-Strauss (1982), Margaret Mead (1976), Pierre Clastres (1978) ou seja, a antropologia Clássica de cada dia. Até então era satisfatório, dava conta de ler a “realidade” do meu campo. No decorrer da disciplina Gênero e Sexualidade, percebi como esse universo era mais amplo e complexo para uma aprendiz de antropologia tão obstinada a pesquisar religiosidade a partir do ritual; tantos conceitos: gênero, sexo, sexualidade que se encontram numa arena política e discursiva marcada por segmentações. Novamente vinha à cabeça, como escrever sobre um tema o qual não possuo domínio e não tenho autoridade discursiva?
Encontrei em meio a tantos textos uma carta escrita por uma amiga chicana, palavras marcantes bordadas de poesia. Foram essas palavras que me encorajaram a dar os primeiros passos na escrita: “Escrever é perigoso porque temos medo do que a escrita revela: Os medos, as raivas, a força de uma mulher sob uma opressão tripla ou quádrupla. Porém neste ato reside nossa sobrevivência, porque uma mulher que escreve tem poder. E uma mulher com poder é temida.” (Andazalduá, 2000, p.234).
Escrever é perigoso? Essa frase me causou inquietação, fiquei digerindo - a por longas horas, escrever realmente é perigoso, mas o perigo maior é o silêncio. Eu como um pequeno pedaço do Vale do Jequitinhonha me atrevi mergulhar na antropologia, ousei como tantas mulheres de “cor” dessa região transformar barro em arte, palavras em canções. Nesse trabalho, aproprio-me do poder das palavras para escrever sobre mulheres quilombolas no Norte de Minas Gerais, mulheres de “cor” como eu e tantas outras brasileiras; brancas, parda, negras, indígenas, ribeirinhas, agricultoras, operárias, domésticas , casadas, solteiras, lésbica, viúvas, escolarizadas ou não.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

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