domingo, 11 de janeiro de 2015

Escreva Lola Escreva

Defender os direitos de grupos sócio-historicamente discriminados continua sendo perigoso no Brasil, especialmente quando você se reconhece como integrante de alguns deles e não permite que sua fala seja autorizada ou cerceada.

A feminista, professora e blogueira Lola Aronovich vem sendo ameaçada pelo seu trabalho intelectual, livremente divulgado na internet pelo seu blog Escreva Lola Escreva.

Lola Aronovich. Fonte da imagem aqui.

Conheça um pouco mais sobre a pensadora, por meio desta interessante e rica entrevista feita em 2013 pela Revista O ViésLOLA ARONOVICH: “NÃO CONSIGO DESVINCULAR O FEMINISMO DE OUTRAS LUTAS SOCIAIS”

Clicando aqui, veja algumas das chocantes agressões que ela tem sofrido nos meios virtuais, por parte de figuras já conhecidas.

A Revista Fórum acaba de publicar entrevista da jornalista Jarid Arraes na qual Lola relata detalhadamente os ataques que vem sofrendo, os apoios que recebe (recentemente foi referendada por meio de um tuitaço com a hashtag #PorqueNaoMeCalo) e suas ações incisivas a respeito, tanto intelectuais quanto no campo jurídico: Lola Aronovich: “Calar não é uma opção”

A intimidação é uma velha tática dos que almejam silenciar quem emite opiniões contrárias às suas. Ao nos referirmos a quaisquer posicionamentos divergentes do padrão tradicional, essa estratégia é praticamente automatizada pelos opositores, independentemente da sua escolaridade, os quais defendem a manutenção do discurso comum. Desconsidera-se a qualidade da reflexão a partir de referências outras que não a sua sustentação argumentativa.

Entretanto, quando quem porta a fala é alguém oriundo de um grupo social desconsiderado no estereótipo do sujeito universal (homem cisgênero branco heterossexual casado com filhos e de classe média), a crítica se torna mais agressiva, senão letal. Desconsidera-se a capacidade reflexiva da pessoa, e em alguns casos se autoriza seu banimento ou até sua eliminação, justificada pelo risco que a sociedade corre com a sua existência ruidosa.

Considero que Lola Aronovich está sendo vítima deste tipo de perseguição hedionda, que objetiva, além de silenciá-la, reiterar as fronteiras de outros discursos, que não o hegemônico, que porventura problematizem as regras e códigos do status quo.

Mais que uma perseguição pessoal, essa é uma mais uma ação de personalidades autoritárias, que visam perpetuar a dominação do pensamento e, por conseguinte, da influência e do poder nas mãos e mentes de quem se considera o ser humano por excelência (enquadrados no modelo do sujeito universal supracitado).

Expresso meu total apoio à livre expressão de Lola e defendo a responsabilização dos que, divergindo dela, apelam violentamente para a depreciação e a tentativa espúria de subjugação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário