ACONTECE QUE ELE É CARIOCA
Jaqueline Jesus
Acontece que ele é carioca,
Acontece que eu não sou!
A minha sina é Brasília,
Triste candanga sem fulgor.
Ele farreou na Rio Branco,
Eu nada sei de Carnaval.
E debocha que sou caipira,
Falo que Oscar é genial.
Se ele permanece eu mudo,
Se fala do calor me calo,
Se confunde o eixo, corrijo.
Diz que o Lago é muito ralo.
Falo do Choro, ele ri.
Fico surpresa, ele duvida:
“Faz que tem quintal na Esplanada”!
Mas a adaptação se obriga.
Por mais arisca que seja,
Provinciana e mesmo imatura,
Não há cidade igual a esta,
Onde o futuro se emoldura.
Pra que desprezar o que é novo?
Brasília reverencio!
E pra que negar maravilhas?
Amo a cidade do Rio!
Devo tudo às duas capitais:
Vida à nova, à antiga amor.
Candanga crescida na poeira,
Por você vou aonde for!
Asssim andamos de mãos dadas,
Acho que temos um destino:
Eu ser louca por novidade,
Meu carioca, eterno menino!