quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Eu & O Tempo

Antigo dizer o de que o tempo nos escorre pelos dedos como areia.


Eu aprendi como fazer amizade com o tempo:


Troquei a areia por sementes.


Há tempos preparo 2015, com flores, perfumes e chamas. Sigo navegando!

Jaqueline Gomes de Jesus

Livros para Libertação #5: A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

Eis uma coletânea que precisa ser lida por quem almeja compreender a estrutura agrária brasileira, porém, mais profundamente, deseja saber das forças produtivas que, historicamente, fundamentam o trabalho em nosso país: A Questão Agrária no Brasil: volumes I e II.



A coleção atualmente é bem maior, contando com oito volumes, publicados pela Expressão Popular, de São Paulo. Organizados por João Pedro Stédile, os livros abrangem uma ampla literatura sobre a economia política e a história nacionais.

A Questão Agrária I: o debate tradicional - 1500-1900, de 2005, aborda autores clássicos, como Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré, debruçando-se sobre as relações sociais e econômicas desde a Colônia.

Vale ler, nos Anexos, o texto da Lei de Terras nº 601, de 18 de setembro de 1850, que se tornou um dos fundamentos legais para a criação de obstáculos ao acesso da população negra à posse da terra, com seus efeitos nefastos sendo sentidos até hoje.

A Questão Agrária II: o debate na esquerda - 1960-1980, da mesma data, aprofunda a discussão ao apresentar as pesquisas e hipóteses levantadas por autores identificados com as esquerdas, no polêmico período que abrange os primórdios e os estertores da ditadura militar mais recente.

Neste volume são considerados autores como Octavio Ianni e Jacob Gorender, muito bem conhecidos por quem estuda a realidade laboral de nosso país e suas dimensões sócio-identitárias.

Em particular, recomendo a leitura, nos Anexos, da inestimável Carta de Reivindicação dos Escravos Rebelados do Engenho Santana, Ilhéus-BA, um tratado de paz redigido por trabalhadores escravizados, ao proprietário de um engenho, em 1789, propondo a negociação de condições aceitáveis de trabalho.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Livros para Libertação #4: GÊNERO, SUBJETIVIDADE E TRABALHO

Tá. Perdoe-me por, novamente, indicar um livro de Psicologia Social, e da Vozes (veja a postagem à qual me refiro aqui), mas esse aqui é um must (pra quem estuda gênero e/ou trabalho): Gênero, Subjetividade e Trabalho.



Da autoria de Tania Mara Galli Fonseca, o livro, publicado em 2000, traz um rico apanhado de reflexões subsidiadas a respeito da temática de gênero no campo do trabalho, tirando essa interseção da costumeira invisibilidade em que é posta.

São apresentadas e aprofundadas questões como identidade, cidadania, afinidade, opressão sobre e entre mulheres, sob uma perspectiva crítica e atualizada. Eu super recomendo para quem costuma falar sobre gênero & sobre trabalho de maneira naturalizada, sem considerar suas complexidades.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Mensagem aos Angustiados


Sei que muitas vezes você sofre, em algumas chora, e até deseja morrer. Compreendo.

Fico pensando nisso, e mesmo distante, sem te conhecer, acho que você é importante para mim e o mundo que nos cerca, e do qual fazemos parte.

Isto pode soar como um clichê, mas vou contá-lo mesmo assim: a vida é a joia mais rara que o universo produziu.

Não vou te aconselhar, só digo que temos motivos para rir, se eles nos querem chorando; e mais razões ainda para viver, quando querem a nossa morte.

A rebeldia, meu bem, é um dos elementos que nos tornam humanos. E para se insurgir, em vários momentos, basta um sorriso ou um fôlego que reafirme a nossa existência. 

A você que me lê, envio beijos por estas palavras. E para nós, Axé (nome para qualquer força que nos anime) e um excelente Ano Novo!

Jaqueline Gomes de Jesus


O Kwanzaa Segue

Estamos no 4º dia do Kwanzaa.

Eu me surpreendi ao ver que o google fez uma referência à data, que reconhecimento!


Bem, pra quem não sabe o que é e porque se comemora o Kwanzaa, recomendo uma visita aqui, ali e acolá - tá tudo em inglês, Erê querido(a).

Livros para Libertação #3: MÉTODOS DE PESQUISA PARA INTERNET

As pessoas que desconhecem ou objetivamente ignoram o potencial transformador da internet farão careta para esta minha indicação: Métodos de Pesquisa para Internet.


Não tenho medo medo de cara feia, até acho bonitinha. Sei, falei e escrevi em diferentes espaços sobre a importância das redes virtuais para a reformulação e propagação de posicionamentos de grupos costumeiramente olvidados e invisibilizados.

O livro Métodos de Pesquisa para Internet, publicado em 2012 pela Editora Sulina, de Porto Alegre, é uma rara publicação no campo, que apresenta elementos para estudar os usos da comunicação em rede para além das abordagens estritamente empíricas.

As autoras, Suely Fragoso, Raquel Recuero e Adriana Amaral, têm experiência prática nesse campo, e apresentam suas concepções metodológicas de maneira contextualizada.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Situação da População Negra no Brasil


Já comentei, e reafirmo, que a ministra Luiza Bairros fez um bom trabalho à frente da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR da Presidência da República.

Um dos frutos de sua atuação, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, é o estudo "Situação social da população negra por estado: indicadores de situação social da população negra segundo as condições de vida e trabalho no Brasil":



Entre os dados a se destacar estão o aumento na renda média da população negra e a persistência da disparidade entre negros e brancos, em detrimento das pessoas negras, as quais se expressam, para além de fatores diretamente ligados a renda, aos fatos indicados pelos dados coletados, de que negras e negros brasileiros, majoritariamente:

Moram em habitações inadequadas em proporção significativamente maior que os brancos;
Têm muito menos anos de estudo que os brancos (estão inclusive extremamente sub-representados no Ensino Médio e no Superior);
Constituem a maioria dos empregados sem carteira; e, para a surpresa de você que acreditava na benevolência deste mandato presidencial,
Recebem menos transferências do governo (aposentadorias, pensões, Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC) do que as pessoas brancas.



Livros para Libertação #2: NOVAS TEORIAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Trago uma versão atualizada de um referencial clássico: Novas Teorias dos Movimentos Sociais.


A professora Maria da Glória Gohn tem nos instruído, há mais de uma década, com concepções teóricas relevantes sobre os movimentos sociais, e nesta minha edição de Novas Teorias dos Movimentos Sociais, publicada em 2010, pelas Edições Loyola, de São Paulo, ela mapeia novas teorizações sobre a temática.

Partindo de novas abordagens e do reconhecimento da crescente preocupação (e incompreensão) da sociedade com as ações dos novos movimentos sociais, a autora reconstrói o histórico de seu desenvolvimento ao longo do século XX, reconhecendo a importância da obra de Alain Touraine, e conclui com uma análise específica sobre os movimentos de mulheres.



sábado, 27 de dezembro de 2014

Livros para Libertação: PSICOLOGIA SOCIAL DO RACISMO

Hoje começo uma série de postagens, chamada "Livros para libertação", que, pretendo, seja diária, na qual apresentarei, brevissimamente, livros técnicos, os quais, a meu ver, contribuem significativamente para refletirmos de maneira fundamentada sobre diversos aspectos da realidade social, e nos auxiliam com diferentes instrumentais, teóricos e práticos, para o enfrentamento das desigualdades e injustiças.

Ah, aproveito para ser chata e dar a conhecer, de antemão, que não empresto meus livros! (risos) I am sorry.

Pois bem, principio com uma publicação clássica na minha área de Psicologia Social: Psicologia Social do Racismo.


A minha edição de Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil, foi publicada em 2002, pela Editora Vozes, de Petrópolis.

O livro, organizado por Iray Carone e Maria Aparecida Silva Bento (a nossa querida Cida Bento), com prefácio de ninguém menos que Kabengele Munanga, propõe uma análise inovadora das relações étnico-raciais no Brasil a partir de uma compreensão da dimensão subjetiva atribuída, em nossa sociedade racista, ao status superior de pessoas brancas, tendo a branquitude como ideal de humanidade e o branqueamento como um caminho possível de humanização para as pessoas negras.

Dedicado ao sociólogo e militante negro Eduardo de Oliveira e Oliveira (in memoriam), Psicologia Social do Racismo apresenta estudos feitos pelas organizadoras supracitadas e por outras psicólogas (lembrando que Kabengele não é psicólogo, mas prefacia como referência nos estudos das relações raciais), como Edith Piza, Fúlvia Rosemberg (falecida recentemente), Rosa Maria Rodrigues dos Santos, Lia Maria Perez B. Baraúna e Isildinha Baptista Nogueira.

Enlaçando 2015 - Psicologias


Durante o  IV Seminário Enlaçando Sexualidades ocorrerá o Enlace Temático (ET) PSICOLOGIAS, coordenado por moi, Paula Sandrine Machado, Tatiana Lionço e Tayane Lino.

Os ETs são espaços para a apresentação e debate de pesquisas já concluídas ou em fase de realização sobre um mesmo tema. Abaixo segue a proposta do ET PSICOLOGIAS:

A Psicologia moderna historicamente se constitui como uma ciência e profissão pautada pela busca por controle de corpos, a serviço de interesses institucionais. Verifica-se que mais áreas da Psicologia poderiam se aproximar dos estudos de gênero e sexualidade. A situação se agrava quando, na preponderância atual de feminismos de terceira onda, psicólogas/os, tanto as/os que exclusivamente pesquisam quanto os que atuam profissionalmente em diversos campos, ainda tratam gênero, majoritariamente, apenas como uma variável a ser considerada em termos de análise demográfica, e não como um eixo estruturante das relações sociais e das identidades. O Enlace Temático Psicologias se propõe a discutir diferentes possibilidades da Psicologia na área de gênero e sexualidade, sob um enfoque crítico e aberto à interdisciplinaridade, a partir do reconhecimento da relevância dessa discussão não somente para o saber-fazer psicológico, mas igualmente para o próprio enriquecimento dos estudos de gênero e sexualidade, com as contribuições do referencial científico da Psicologia nesse âmbito em que ela poderia estar mais engajada teórica e empiricamente.

Interessad@s em submeter comunicações orais, relatos de experiências e pôsteres podem acessar o site http://www.enlacando.uneb.br para maiores informações.




sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Futuro Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação - 2º Mandato Dilma Rousseff

"As línguas passam por mudanças. Mas é preciso coibir abusos" (Aldo Rebelo, PC do B/São Paulo).
Fonte da foto aqui.

Atual ministro dos Esportes, conhecido por ter apresentado projetos de lei contra os estrangeirismos e a adoção de inovações tecnológicas.


E leia a opinião da colunista Cora Rónai sobre essa indicação em A grande patada natalina

Enlaçando 2015 - Moralidades (trans)feministas, família e assistencialismo


27 de maio de 2015, quarta-feira, das 14h às 17h45, ocorrerá, durante o IV Seminário Enlaçando Sexualidades, na Universidade do Estado da Bahia, a mesa redonda "Moralidades (trans)feministas, família e assistencialismo".

Debatedoras: Viviane Vergeiro (Universidade Federal da Bahia), Hailey Kaas (ativista e pesquisadora independente) e Bia Bagagli (Universidade Estadual de Campinas).

Esta que vos escreve levará o nome de Jesus à mesa para coordenar essa família, suas moralidades e assistencialismo.

Conheça mais mesas da excelente programação do evento:


Nossa Luta é Todo Dia!

Obrigada, irmã Annie!



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

1º ENAHT - Encontro Nacional de Homens Trans

É com muita alegria que apoio a realização do primeiro Encontro Nacional de Homens Trans - ENAHT!


Organizados sob as bençãos dessa belíssima arte de Laerte, esses homens farão a diferença.

Tenho a firme esperança de que eles fortalecerão posicionamentos invisibilizados e novas reflexões sobre masculinidade, feitas por homens trans, mas que, acredito, serão benéficas também para homens cis repensarem os padrões de gênero que os aprisionam de si mesmos.

Assista o vídeo de divulgação:


O evento, organizado pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades - IBRAT, ocorrerá em fevereiro de 2015, em São Paulo.

As inscrições já estão abertas. Maiores informações no blog do encontro: http://encontronacionaldehomenstrans.blogspot.com.br


Como alguns escrevem e dizem: "Vai ter homem de buceta, sim! E se reclamar vai ter mais! Aceite"!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Futura Ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - 2º Mandato Dilma Rousseff

"Na escola, não só aprendemos a reproduzir as representações negativas sobre o cabelo crespo e o corpo negro; podemos também aprender a superá-las" (Nilma Lino Gomes, reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB).
Fonte da foto aqui.

Conheça a produção intelectual da professora Nilma Lino Gomes clicando aqui.

Saiba um pouco mais sobre sua trajetória acadêmica e ativista clicando aqui.

Aproveito para reiterar uma questão lançada pelo professor Alex Ratts, da Universidade Federal de Goiás: a professora Nilma Lino Gomes poderia assumir, com total competência e conhecimento de causa, o Ministério da Educação. Por que não?

Como tenho ressaltado em diferentes fóruns e escritas, o empoderamento político da população negra, em especial das mulheres, poderá ser fortemente impulsionado se o Governo Federal, por exemplo, começar a pensar os espaços ocupados por pessoas negras para além daqueles que diretamente têm a ver com as questões étnico-raciais.

Precisamos sim, como democracia, ter ministr@s de Estado negr@s na Educação, na Fazenda, na Ciência e Tecnologia, etc.

Futuro Ministro da Educação - 2º Mandato Dilma Rousseff

Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário" (Cid Gomes, governador do Ceará).
Foto: Agência Estado.


Conheça a trajetória política de Cid Gomes clicando aqui.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Boas Festas e Excelente Ano Novo!


Carta de Amor




Carta de Amor
Compositores: Maria Bethânia e Paulo César Pinheiro

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só

Eu tenho Zumbi,Besouro, o chefe dos tupis
Sou Tupinambá, tenho os erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curare, flechas e altares

À velocidade da luz, no escuro da mata escura
O breu, o silêncio, a espera
Eu tenho Jesus, Maria e José
Todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, eu não ando só

Não misturo, não me dobro
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
Garante meu sangue, minha garganta
O veneno do mal não acha passagem
E em meu coração, Maria acende sua luz e me aponta o caminho

Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Tô no recôncavo, tô em fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Durmo na forja de Ogum, mergulho no calor da lava dos vulcões
Corpo vivo de Xangô

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Medo não me alcança
No deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro, no oásis de Bethânia
Pessoa que eu ando só, atente ao tempo
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça

Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não

Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não

Onde vai, valente?
Você secou, seus olhos insones secaram
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde longe da tua cegueira
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música, a qualquer som
Nem o bem, nem o mal pensam em ti, ninguém te escolhe

Você pisa na terra, mas não a sente, apenas pisa
Apenas vaga sobre o planeta, e já nem ouve as teclas do teu piano
Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona, não tem alma
Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo

O que é teu já tá guardado
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar

O que é teu já tá guardado
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar

Eu posso engolir você, só pra cuspir depois
Minha fome é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Que brotam do poeta em toda poesia
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi

Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Gotas de Mim


Uso palavras complicadas para falar de coisas simples, como felicidade, como amor.

Quando eu tinha doze anos permitiu Buda que eu lhe fizesse um único pedido: "Quero ser feliz"!

Eu sou um ser feliz, que semeia aqui e ali algo de si.

Por onde passo planto algo, nasci filha da mata, fui criada para ser dama da cidade, minha selva é de pedra.

Sou também uma mulher cercada de cavalheiros agradáveis e atenciosos, que me paparicam e me perscrutam ansiosos, geralmente temerosos, comumente com olhares úmidos.

Involuntariamente, deixo saudades e vontades, flores e uma aliança. Sempre fui casamenteira. Eles têm âncoras, eu tenho asas.

Minha escrita não é vida, ela é esboço da vida, mas ela anima o viver de quem me lê.

Meu rumo eu mesma traço, meus caminhos é que me levam.

Desafios Feministas


Capa de Rita Motta.


Atenção: em 2015 sairá o livro Políticas e Fronteiras: desafios feministas (volume 2), organizado por Luzinete Simões Minella, Gláucia de Oliveira Assis e Susana Bornéo Funck.

O volume reúne textos de participantes das mesas redondas do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 – Desafios Atuais dos Feminismos, realizado em 2013 na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.

Conforme destacado na apresentação, são "trabalhos cujo denominador comum é a discussão sobre políticas sociais, organizados em cinco eixos temáticos: feminismos e transfeminismos; cidadania e justiça; sexualidades e subjetividades; educação e diversidade; aborto, reprodução e violências" (p. 11).

Eu contribuo com o capítulo "Prolegômenos para o futuro pensamento transfeminista", no qual busco radicalizar os pressupostos não-masculinistas do pensamento científico feminista.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Pensando o Passo Adiante


Do início ao fim, o Congresso Internacional do Pensamento das Mulheres Negras no Brasil e na Diáspora Africana, ocorrido entre 9 e 12 de dezembro, sob a batuta apaixonada de Carol Barreto (Universidade Federal da Bahia - UFBA), Cláudia Pons Cardoso (Universidade do Estado da Bahia - UNEB), Jurema Werneck (Ong Criola) e Laila Rosa (UFBA), entre outras competentíssimas organizadoras, muito bem delineou os novos desafios para as mulheres negras, particularmente as brasileiras.

Primeiramente, fiquei fascinada com a participação intensa, e constante referência, das mulheres lésbicas e bissexuais ali presentes. Um indicativo saudável do avanço na superação da lesbofobia nos feminismos nacionais.

Por outro lado, constatei a ausência de mulheres trans, o que reitera a necessidade de aproximação dos movimentos de mulheres e feministas da população transgênero, e vice versa, e um silenciamento sobre as demandas e articulações das profissionais do sexo, majoritariamente negras.

Mas o principal elo do Congresso foi inesperado, um presente dos Orixás para que reflitamos o hoje com vistas ao que precisa ser feito para o futuro. A conferência de abertura dialogou diretamente com a de encerramento, sem que uma palestrante soubesse do conteúdo da fala da outra, apesar de se conhecerem e à sua rica produção intelectual.

Sueli Carneiro, a quem considero a maior filósofa viva a abordar o racismo e o sexismo no Brasil, iniciou os trabalhos a partir da retomada de seu próprio texto, "Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero", basilar para o feminismo negro neste país.

Ela apontou que, a partir de considerações sobre pensadoras como Lélia González, o feminismo brasileiro foi enegrecido, as políticas públicas foram enegrecidas, porém esse enegrecimento ainda não redundou em transformações na estrutura política e sócio-econômica, de modo que o grande desafio que se coloca para as mulheres negras brasileiras atualmente é o de como lidar espaços de influência que contam com a presença de negras e negros, os quais, porém, falham no empoderamento da população negra, especialmente as mulheres.

Quando chegamos ao Auditório da Reitoria da UFBA, pouco antes da abertura, modestamente, Sueli comentou brevemente comigo sobre o incômodo de fazer o discurso já conhecido, ao que lhe respondi que, além de agradável, era necessário ouvi-la novamente, e muitas outras pessoas precisavam escutar o que ela tem a dizer. E mais uma vez ela foi além.

A fala nos inspirou a todas. Particularmente, decidi tomá-la como referência para a minha fala na mesa redonda do dia seguinte, sobre práticas culturais, sociais e políticas de mulheres negras. Tratei do tema da intelectualidade e do empoderamento, temática tipicamente feminista e antirracista, considerando questões como a crítica à intelectualidade orgânica, o sujeito universal pós-colonialista, performance, agenciamento, reparação psicológica, ocupação de espaços e diferenciações sobre poder como relação ou como resultado.

Tive ainda a oportunidade, posteriormente, de conduzir um diálogo sobre transfeminismo e feminismo negro, no qual ressaltou-se a questão do controle estatal sobre os corpos trans e de mulheres negras, e a crítica histórica do feminismo negro quanto ao alheamento do feminismo tradicional acerca da mulheridade negra, o que tem-se repetido, recentemente, no que tange à mulheridade trans.

No encerramento, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), intelectual, ativista e gestora, apresentou um painel grandioso e consciente para os desafios das mulheres negras brasileiras na atualidade, que para quem acompanhou as exposições e discussões do começo ao fim, ficou evidente o diálogo transversalizado, sobre uma mudança de status que ainda não resultou em mudança paradigmática das estruturas racistas.

Senti-me aliviada ao testemunhar que, apesar das limitações impostas pelo Governo Federal, a ministra não perdeu sua capacidade crítica e seu olhar criterioso para o real.

Além de ter sido um local de afeto, onde pude re-encontrar amigas/os, como Alexandra Martins Costa, Alex Ratts, Denise BotelhoSandra Maria Mattos e Tatiana Nascimento, além de fazer várias novas amizades, como Amélia MarauxAmina Doherty, Annie GonzagaBárbara Alves, Carla Akotirene, Izaura FurtadoMaria Lúcia da Silva (Lucinha), Molara OgundipeNadir Nóbrega e Selma Maria da Silva, esse foi um evento verdadeiramente empoderador para mulheres negras, todas as que ali estavam presentes, em termos de poder intrapessoal (elevação da auto-estima, da assertividade e do reconhecimento da própria negritude), poder interpessoal/social (identificação com outras mulheres negras em diferentes contextos e fortalecimento da ação coletiva) e poder cultural (reiteração dos valores e elementos desenvolvidos por pessoas negras nas diferentes expressões artístico-culturais).

Vale destacar, neste ponto, a arte libertária de Annie Gonzaga:


Evidenciou-se que é imperioso avançarmos em termos de empoderamento político (representatividade) e econômico (geração de renda e formação de uma classe média negra), as estruturas ainda não foram modificadas, apesar de as pautas das mulheres negras estarem, evidentemente, no centro dos discursos sociais, o que ficou patente durante o período eleitoral, quando imagens de negras foram abundantemente utilizadas, ao passo em que são invisibilizadas ou estereotipadas nos demais períodos.

Agradeço aos cuidados que recebi das organizadoras, lembrando aqui do valoroso desempenho da comissão científica e demais comissões, das monitoras, com um abraço bem apertado para Fabiana (Bia) Leonel, Cláudia Pons, Jurema Werneck, Anni Carneiro, Laila Rosa, Carol BarretoSilvana Bispo e tantas/os outras/os queridas e queridos.

Beijas e Axé!

Lisonjeada


Agradecimento


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

No País do Racismo Institucional


Em recente visita ao Recife, para palestrar sobre relações étnico-raciais e gestão da diversidade, a convite da Escola Superior do Ministério Público de Pernambuco - MPPE, dirigida pela competente Promotora de Justiça Deluse Amaral Rolim Florentino, pude conhecer o excelente trabalho realizado pela instituição, em especial a história extraordinária do seu Grupo de Trabalho sobre Discriminação Racial - GT Racismo, coordenado pela engajada Procuradora de Justiça Maria Bernadete Martins Azevedo Figueiroa.

Há mais de uma década o GT Racismo enfrenta o racismo institucional e promove, além de reflexões fundamentais, uma trajetória de aprendizado e transformações ímpares, que começou com a parceria do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), que marcou época, instituído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), já presidido pela atual Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República - SEPPIR, Luiza Bairros.

As conquistas e percalços desse GT exemplar, ainda ativo, precisam ser mais conhecidas por todas e todos, por isso aproveito a oportunidade para divulgar a versão digital da belíssima publicação comemorativa de seu primeiro decênio, ocorrido em 2012, denominada "No país do racismo institucional: dez anos de ações do GT Racismo no MPPE".

Basta clicar na imagem abaixo para acessar o livro:


Não estou fazendo elogios vazios. Eles realmente merecem, e deveriam ser tidos como referência para qualquer organização que almeja, de fato, superar o racismo em sua estrutura.

Parabéns às(aos) envolvidas(os) nessa iniciativa bem sucedida e, acima de tudo, necessária!

domingo, 14 de dezembro de 2014

Primeiro Dicionário de Psicologia do Trabalho e das Organizações Brasileira

AGUARDEM para 2015! Tá quase saindo do forno...


"Dilma Está Fora da Realidade"

Entrevista do jornal O Globo com o senador Pedro Simon (PMDB-RS).


Clique aqui para ler a entrevista e ver o vídeo na página original.

Senador diz que presidente não teve peito para procurar Aécio e Marina
POR MARIA LIMA

BRASÍLIA — De saída do Parlamento, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) diz que a presidente Dilma Rousseff se entregou à chantagem, declarou guerra contra a oposição, ao invés de costurar um entendimento, e vive fora da realidade.

O senhor deixa a tribuna do Senado num momento delicado.

O que acontece na Petrobras é algo inconcebível. O relatório da CPMI do Marco Maia vai marcar indelevelmente a biografia do PT. Enquanto isso, como se nada estivesse acontecendo, a presidente da República continua brincando de montar Ministério e até hoje não demitiu a presidente Graça Foster. A presidente não está amarrada pelo PT, ela está é flutuando, fora da realidade.

Dilma e Lula dizem que o que os diferencia do PSDB é que investigam a corrupção.

A demissão do ministro Jorge Hage, que comandou a Controladoria Geral da União com eficiência e honradez, foi uma bofetada. Há um mês ele vinha pedindo uma audiência com a presidente para relatar coisas gravíssimas que vinham acontecendo e precisavam de providências. Ela nunca se dignou a recebê-lo. Ele, então, escreveu a carta de demissão e mandou tudo para o inferno.

Que conselho o senhor daria para os seus herdeiros na tribuna enfrentarem essa crise política e econômica?

Dilma deveria fazer o que o Itamar (Franco) fez quando teve de assumir a Presidência em meio à grave crise provocada pelo impeachment do Collor. Ele chamou os presidentes de todos os partidos e disse: eu não represento nada, não tenho povo, quem me botou aqui foi o Congresso. Vamos fazer um pacto. Eu era líder do seu governo no Senado. Eu desafio qualquer um a dizer se ganhou um copo de água para votar o Plano Real. Ao invés disso, Dilma e o PT declaram guerra à oposição. Ela, que se diz coração valente, não teve peito de chamar, nem por educação, Aécio ou Marina para uma tentativa de entendimento.

Contratação de Bolsista para Núcleo de Saúde do Trabalhador


O Serviço de Gestão do Trabalho da Fiocruz Brasília informa que estão abertas as inscrições para a seleção de Bolsista para atuar no Núcleo de Saúde do Trabalhador (NUST/DIREB).

Os interessados devem possuir uma das seguintes graduações: Administração, Psicologia, Pedagogia ou Serviço Social e é recomendável possuir pós-graduação em Saúde do Trabalhador ou em área equivalente, conhecimento em pesquisa científica e experiências de trabalho em equipe multidisciplinar.

Os candidatos deverão encaminhar o currículo em formato “pdf” ou “doc” para o seguinte e-mail: nustbrasilia@fiocruz.br, até as 23h59, do dia 17/12/2014, e escrever no assunto do e-mail “BOLSISTA DO NUST”.

O edital e outras informações sobre a bolsa estão disponíveis abaixo:


As Crianças e Seus Deuses

Crianças de 9 religiões diferentes desenham seu jeito de encarar deus
Matéria de Anna Virginia Balloussier para o caderno Serafina, da Folha de São Paulo.
Leia o texto completo e assista o vídeo clicando aqui.

Manuella Araújo da Costa, 10 anos, Candomblé.
Foto de Gabriel Cabral.

"Eu fico com a pureza da resposta das crianças". Leia o que elas dizem, e note que a única a fazer referência a uma situação de discriminação religiosa foi a Manuella, adepta de uma religião de matriz africana.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Atrás dos Olhos


A Associação de Travestis e Transexuais de Salvador (ATRAS) realiza, nesta quinta-feira, dia 11 de dezembro, às 19h, no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, o pré-lançamento do documentário Atrás dos olhos, que conta a história de travestis que ajudaram a fundar e manter a entidade, criada em 1995. Além do pré-lançamento, a ATRAS irá homenagear, através da concessão do troféu Michele Marry, uma série de pessoas que se destacaram nos últimos anos na luta pela plena cidadania e direitos das pessoas travestis e transexuais.



O Centro de Cultura fica localizado no 2º subsolo do Palácio Tomé de Souza, no Centro Histórico. A atividade é aberta ao público e ainda contará com apresentações de travestis e transformistas, o lançamento de um folder sobre a ATRAS e do novo site da associação, que já pode ser acessado no www.atrasba.org. Além disso, ainda será realizado o lançamento, em Salvador, do livro Transfeminismo - teorias e práticas, de Jaqueline Gomes de Jesus e colaboradores. A cerimônia será comandada por Dion Santyago.



O documentário, site e folder foram criados pela ATRAS em parceria com o grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade, da Universidade Federal da Bahia, viabilizado através do edital de culturas identitárias da Secretaria Estadual de Cultura. “Tive a ideia de fazer esse documentário e encontrei o professor Leandro Colling (coordenador do CUS) em Ilhéus em uma reunião do Fórum Baiano LGBT. Ele adorou e começamos a fazer o projeto com o CUS, ganhamos o edital e agora estamos apresentando o resultado”, explicou Millena Passos, presidenta da ATRAS.



O documentário, de 20 minutos, foi dirigido por Fábio Fernandes, pesquisador do CUS, e André Araujo, que integra a equipe do coletivo de audiovisual do CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura). “Decidimos, desde o começo, não fazer um filme de caráter e formato institucional, mas que contasse histórias de pessoas, de como elas, em suas trajetórias singulares e marcadas por muita resistência, se dedicaram ao ativismo. Foi com esse espírito que concebi o título do filme, como uma metáfora dessas inúmeras e ricas narrativas ali guardadas nos olhos daquelas mulheres tão valentes e decididas a enfrentar um mundo transfóbico”, conta Fernandes. Entre essas pessoas estão Millena Passos, Keila Simpson, Martinha, Andreza Belushi, Karla Falhao, Luiz Mott, Ranella Márcia, entre outras. 

Serviço:
O que: Pré-lançamento do documentário Atrás dos olhos e 2ª edição do Troféu Michele Marry
Quando: dia 11 de dezembro, quinta-feira, às 19h
Onde: Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, 2º subsolo do Palácio Tomé de Souza, Centro Histórico.
Entrada livre 

Telefones para entrevista para imprensa
Millena Passos - 88873932 ou 92335663
Fábio Fernandes - 92012898
Carla Freitas – 87774630

Ficha técnica do documentário
Direção: André Araujo e Fábio Fernandes
Produção: Carla Freitas, Claudenilson Dias, David Souza, Millena Passos
Assistentes de produção: Nathaly Gonçalves, Letícia Moreira, Manuela Reis
Fotografia: Pedro Dell'Orto e Rafael Villanueva
Som: Mateus Ribeiro e Vicente Gongora
Edição: André Araujo
Roteiro: Djalma Thürler, Fábio Fernandes e Reinaldo Bittencourt
Identidade Visual: Caio Sá Telles

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Mulheres Negras Pensando as Práticas Sociais, Culturais e Políticas


Hoje, 10 de dezembro, às 17h30, participo de um mesa redonda sobre "Mulheres Negras Pensando as Práticas Sociais, Culturais e Políticas", que faz parte da programação do I Congresso Internacional sobre o Pensamento das Mulheres Negras no Brasil e na Diáspora Africana.

Será no Auditório Central da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia - UFBA, no Pelourinho, Salvador/Bahia.

Em minha fala pretendo enfocar os meandros do empoderamento para grupos sócio-historicamente discriminados (em especial mulheres negras lésbicas/bissexuais/transgênero), e trazer uma crítica à crença brasileira do(a) intelectual como inerentemente/organicamente associado(a) a alguma instituição de ensino superior.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Semana do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) 2014


Durante o evento, no dia 16/12, terça-feira, às 14h15, abordarei o tema Relações Étnico-Raciais e Gestão da Diversidade.

Cultura de paz é o tema principal da Semana do Ministério Público 2014
http://www.mppe.mp.br/mppe/index.php/comunicacao/noticias/ultimas-noticias-noticias/3427-cultural-de-paz-e-o-tema-principal-da-semana-do-ministerio-publico-2014

1°/12/14 - O preâmbulo da constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que tem por objetivo promover a segurança e paz, traz a seguinte frase: Como as guerras se iniciam nas mentes dos homens, é na mente dos homens que as defesas da paz devem ser construídas. Assim como o bélico, a agressividade, o ataque e a violência são ensinados e passados de geração a geração, como elementos culturais, o respeito, a tolerância, a amorosidade e a paz também podem.

Segundo a Unesco, a cultura de paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. É uma cultura baseada em tolerância e solidariedade, uma cultura que respeita todos os direitos individuais, que assegura e sustenta a liberdade de opinião e que se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os problemas por meio do diálogo, negociação e mediação, de forma a tornar a guerra e as violências inviáveis.

Uma temática que é global e individual ao mesmo tempo, uma vez que a ação de um indivíduo reverbera na coletividade, impele a mobilização de vários atores sociais, e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), como agente da transformação social e em sintonia com a necessidade e importância do tema, o escolheu como assunto principal para a Semana do Ministério Público de 2014, a ser realizada de 12 a 17 de dezembro, no Recife.

A programação da Semana começa na sexta-feira (12) com a confraternização da Associação dos Membros do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE), na Di Branco Recepções. No sábado de manhã, será a Corrida da Família MPPE, com largada da rua da Aurora, 1259, Santo Amaro (em frente ao Banco Central).

Na segunda-feira (15), a palestra de abertura traz o tema O Ministério Público como Agente de Transformação Social, ministrada pelo diretor da Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, promotor Marcelo Pedroso Goulart. Em seguida, dando a vez também para o humor, o convidado especial é Jessier Quirino. Sobre o estilo, Jessier Quirino, informa, no seu blog, que “é fazer cócegas em balancete de banco oficial, pois é o ofício de quem persegue o humor”. A palestra e a apresentação acontecerão no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, localizado na rua da Aurora, n°885, 10° andar, Boa Vista.

Já na terça-feira (16), as atividades começarão com o monólogo Quedante, pelo escritor recifense Sidney Nicéas, às 14h, no auditório da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, na rua do Sol, n°143, edf. Ipsep, 7° andar, Santo Antônio.

Em seguida, às 14h15, será desenvolvido o painel O Ministério Público e a Cultura de Paz, que trará três temas: Relações Étnico-Raciais e Gestão da Diversidade, a ser ministrado pela professora do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal e investigadora da Rede de Antropologia Dos e Desde os Corpos, Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em psicologia social; A Inclusão Social e a Dependência Química, pelo coordenador do Núcleo de Políticas Públicas do Ministério Público de São Paulo, promotor de Justiça Eduardo Ferreira Valério; e o Ministério Público e a Cultura de Paz, pela superintendente de modernização da Gestão e do Atendimento ao Cidadão da Seplag/Sergipe, Deborah Arôxa.

Em Beagá da Serra do Curral Del Rey


"Venha até a esquina, você não conhece o futuro
Que tenho nas mãos".

Milton Nascimento

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

#SouContraPLN36


Mais de R$ 444 milhões em troca da aprovação do PLN Nº 36, que autoriza o governo, em dezembro de 2014, a NÃO cumprir a meta de superávit definida para esse mesmo ano.

ESCANDALOSO!

Curso de Extensão "Introdução Crítica ao Direito das Mulheres"


Está previsto para o dia 05/12/14 o início das inscrições para a 1ª edição do curso de extensão “Introdução Crítica ao Direito das Mulheres”, ofertado na modalidade a distância e executado pelo Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília (CEAD-UnB), em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR).

O curso terá duração de 4 meses compostos por 14 módulos temáticos de discussão.

Ao todo, serão ofertadas 500 vagas para todo o Brasil, tendo como público-alvo estudantes de nível superior, gestoras(es) públicas e militantes de movimentos sociais que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher de todas as regiões brasileiras.

O objetivo desta extensão é possibilitar a esse público uma formação crítica sobre o direito das mulheres para que possam atuar como multiplicadores dos conhecimentos trabalhados no curso e que assim:

● consigam inserir em sua prática cotidiana os conhecimentos construídos com o curso, em especial, na elaboração de políticas públicas, na orientação e no atendimento de mulheres vítimas de violência;

● saibam atuar de forma crítica e fiscalizadora frente aos órgãos públicos de saúde, de segurança, e do Poder Judiciário, responsáveis pelo cuidado, segurança e garantia de justiça nos casos de violência contra a mulher, contribuindo, deste modo, para uma melhor atuação destes órgãos.

Maiores informações em: http://plpunb.blogspot.com.br e http://www.cead.unb.br

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A luta das assistentes sociais pela redução da jornada sem redução de salário

Das Blogueiras Feministas:

Esther Lemos, vice-presidente do Conselho Federal de Serviço Social. Foto de Amanda Vieira.

A luta das assistentes sociais pela redução da jornada sem redução de salário

O protagonismo das mulheres na luta por melhores condições de trabalho: leia a entrevista com a vice-presidente do Conselho Federal de Serviço Social Esther Lemos e saiba como as assistentes sociais estão conseguindo conquistar melhores condições de trabalho.

Por Amanda Vieira para as Blogueiras Feministas.

Reivindicar melhores condições de trabalho é uma tarefa árdua mesmo para as profissões em que os homens são maioria. Sabemos que quando a demanda vem de mulheres, a receptividade dos empregadores é ainda pior (o episódio envolvendo o CEO da Microsoft ilustra essa situação de como o mercado enxerga negativamente a mulher que toma a atitude de reivindicar aumento de salário). Muitas vezes as mulheres deixam de buscar melhores condições com medo de sofrerem retaliações financeiras ou em sua reputação profissional.

Para fortalecer a luta das mulheres e contribuir com o debate sobre a valorização delas no mercado de trabalho, conversei com a vice-presidente do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), Esther Lemos, sobre uma recente conquista da categoria: a redução de jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário.

A pesquisa sobre o perfil profissional do assistente social, realizada em 2005, apontou um percentual de 97% de mulheres na categoria. Acredita-se que, atualmente, o número de homens tenha aumentado, embora as mulheres continuem sendo a maioria. Hoje existem aproximadamente 150 mil assistentes sociais registrados nos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) em todo o Brasil.

Para saber como é a luta das assistentes sociais para conquistar a redução de jornada sem redução de salário, confira a entrevista com Esther Lemos.


Quais foram as principais motivações para que as assistentes sociais reivindicassem redução na jornada de trabalho sem redução de salários?

Defendemos a jornada de trabalho de 30 horas para assistentes sociais, sem redução de salário, porque ela contribui na nossa luta por melhores condições de trabalho para assistentes sociais e se insere na luta pelo direito ao trabalho com qualidade para toda a classe trabalhadora, conforme estabelece nosso Código de Ética Profissional. Nossa luta se pauta pela defesa de concurso público, por salários compatíveis com a jornada de trabalho, funções e qualificação profissional, estabelecimento de planos de cargos, carreiras e remuneração em todos os espaços sócio-ocupacionais, estabilidade no emprego e todos os requisitos inerentes ao trabalho, entendido como direito da classe trabalhadora. Além disso, vários desses trabalhadores necessitam do direito à jornada de trabalho diferenciada, devido às condições específicas de trabalho, pois são submetidos a longas e extenuantes jornadas e realizam atividades que provocam estado de profundo estresse, diante da convivência, minuto a minuto, com o limiar entre vida e morte, dor e tristeza, choro e lágrima, fato que é comum a diversas profissões da área de Saúde.

Quanto tempo levou entre assumir essa demanda e conseguir a sanção presidencial na Lei nº 12.317/2010?

Aproximadamente 3 anos se passaram, desde a proposição do projeto de lei na Câmara dos Deputados em 2007, até a sanção presidencial em 2010.

Como o CFESS conseguiu alcançar essa redução? Na sua avaliação, quais foram as ações que mais ajudaram a obter essa conquista?

A luta do Conjunto CFESS/CRESS por melhores condições de trabalho para os/as assistentes sociais começou três anos antes da sanção em 2010, logo que o Projeto de Lei, ainda com o nome PL 1.890/2007, foi apresentado no Plenário da Câmara pelo deputado Mauro Nazif (PSB/RO) no dia 28 de agosto de 2007. Uma infinidade de articulações foram feitas até que o PL ser aprovado na Câmara e chegar ao Senado Federal, com o nome de PLC 152/2008. Daí em diante, uma série de mobilizações para a votação do PLC 152 foi posta em prática: manifestação de assistentes sociais no plenário do Senado, reuniões com a então Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, encerrando com o grandioso Ato Público na Esplanada dos Ministérios, durante o 13º CBAS, no vitorioso dia 3 de agosto de 2010, quando o Projeto de Lei foi votado e aprovado no Senado. A sanção presidencial ocorreu exatamente 15 dias úteis depois, em 26 de agosto de 2010, após reuniões da diretoria do CFESS com a Casa Civil da Presidência da Republica, com os ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Trabalho e Emprego, do Planejamento, com a Advocacia-geral da União. O CFESS também lançou o abaixo-assinado em defesa da sanção da lei.

Como está sendo a implantação dessa nova jornada? Quais são os pontos de resistência a essa lei?

A luta do Conjunto CFESS/CRESS pela implementação da lei tem sido árdua, especialmente com a resistência do Serviço Público, especialmente em âmbito federal, de cumpri-la. Esse processo ganhou mais um capítulo em março de 2013, quando o CFESS entrou com uma ação de antecipação de tutela na Justiça Federal do Distrito Federal para que assistentes sociais de todo o Brasil tenham direito à jornada de trabalho reduzida, conforme a Lei 12.317/ 2010, que complementou a Lei de Regulamentação da Profissão (8.662/1993). A ação pede também a anulação da Portaria nº 97/2012, expedida pela Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que excluiu assistentes sociais do quadro profissional que têm carga horária reduzida. Tal portaria vem referendando decisões contrárias à aplicação da Lei das 30 horas, retirando um direito da categoria, conquistado com muita luta e garantido por lei.

A média salarial das assistentes sociais diminuiu com essa nova medida? E as condições de trabalho, ficaram mais precárias?

Ainda não temos pesquisas sobre esses dados.

Na sua avaliação, a redução de jornada melhorou a vida das assistentes sociais? Você recomendaria a redução de jornada para outras categorias profissionais?

Certamente. O atendimento adequado aos usuários do Serviço Social, a garantia de condições éticas e técnicas de trabalho estão entre os aspectos que são fortalecidos com a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, luta essa que está na pauta de reivindicações da classe trabalhadora em todo o mundo. A aprovação da lei nº 12.317/2010 equiparou assistentes sociais a várias outras profissões da saúde, que já conquistaram legalmente jornada semanal de 30 horas ou menos. Seis profissões da área da saúde já possuem jornada igual ou inferior a 30 horas semanais: médicos cumprem jornada de no mínimo duas e no máximo quatro horas diárias, auxiliares (laboratorista e radiologista) possuem jornada legal de quatro horas diárias, técnicos em radiologia têm jornada de 24 horas semanais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais trabalham 30 horas por semana. Outras sete profissões possuem Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional para redução da jornada de trabalho: enfermeiros/as, técnico/as de enfermagem, auxiliar de enfermagem, farmacêuticos/as, nutricionista, odontólogos/as e psicólogos/as.