segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Acontece que Ele é Carioca

A foto acima é de Custódio Coimbra, chama-se "Homem caminhando no Aterro".


ACONTECE QUE ELE É CARIOCA

Jaqueline Jesus


Acontece que ele é carioca,

Acontece que eu não sou!

A minha sina é Brasília,

Triste candanga sem fulgor.


Ele farreou na Rio Branco,

Eu nada sei de Carnaval.

E debocha que sou caipira,

Falo que Oscar é genial.


Se ele permanece eu mudo,

Se fala do calor me calo,

Se confunde o eixo, corrijo.

Diz que o Lago é muito ralo.


Falo do Choro, ele ri.

Fico surpresa, ele duvida:

“Faz que tem quintal na Esplanada”!

Mas a adaptação se obriga.


Por mais arisca que seja,

Provinciana e mesmo imatura,

Não há cidade igual a esta,

Onde o futuro se emoldura.


Pra que desprezar o que é novo?

Brasília reverencio!

E pra que negar maravilhas?

Amo a cidade do Rio!


Devo tudo às duas capitais:

Vida à nova, à antiga amor.

Candanga crescida na poeira,

Por você vou aonde for!


Asssim andamos de mãos dadas,

Acho que temos um destino:

Eu ser louca por novidade,

Meu carioca, eterno menino!


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Depressão é Fruta Fácil

Flor Garduño, Granadas.


A DEPRESSÃO É FRUTA FÁCIL

Jaqueline Jesus


A depressão é fruta fácil

De experimentar, pequi

De rua, sabor marcante,

Caroço de espinhos, sinto

Tantas vezes o seu cheiro,

Armadilha dolorosa.

Eu como e penso em suicídio,

Tremo de frio, choro e sumo,

Pois sou, mas vejo ninguém.

Tenho e poucos acreditam.


Já foi, virou punição,

Recordação do veneno

E dos espinhos, vergonha

Da descrença, do xampu,

Do odor da água sanitária,

De olhar da janela a grama.

Também cresce a tentação.

Eu nego, fico impaciente,

Desligo a televisão,

Entro na internete, esqueço.


Minha esperança é dormir

Nos seus braços, ser beijada,

Aperta minha cintura,

Deixa o passado e me conta

Do nosso louco amanhã.

Vem me dizer de outros doces,

Lembrar da Pedra da Gávea,

Enquanto falo da Flor

Do Cerrado, da Esplanada.

Você me nutre de vida.


Não quero mais o mistério,

Nem lamento ser quem sou.

Preciso ser corajosa

E nos seus olhos me ver

Completa, só isso me basta.

Que a beleza não se torne

Novamente paranóia.

Vamos viver só de amor,

O resto é sobrevivência.

Tira o amargo destes lábios.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Porque Sou Mulher

Fotografia do grande Pierre Verger, Iemanjá.


PORQUE SOU MULHER
Jaqueline Jesus

Antes de morrer
Quero ver brotar
Do papel mais árido,
O suave prazer
De ter um lugar
Pro som do meu hálito.

Depois de nascer
Desabrochará
A flor do meu nome?
O encanto de ver
Satisfeita cá
Essa minha fome?

Porque sou mulher.
Essa é a minha letra,
Verdade adorada,
Igual a qualquer
Outra, que remeta
À minha alvorada.

Serei este ser
Sempre, não importa
Se dizem “jamais”.
Não posso esquecer
O que me conforta,
Meu canto fugaz.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Gênero e Psicologia Social

De 16 a 19 de novembro será realizado o Simpósio Gênero e Psicologia Social - Diálogos Interdisciplinares, no Anfiteatro 5 - ICC Sul da Universidade de Brasília - UnB.

O simpósio é realizado pelos Laboratórios de Psicologia Social e de Diversidade e Cultura nas Organizações do Departamento de Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, com parceria do Centro Internacional de Pesquisa em Representação e Psicologia Social Serge Moscovici, Instituto de Psicologia.

No dia 18 de novembro, quinta-feira, palestrarei à tarde na mesa redonda Reconstruindo Corpos, Reinventando o Gênero
.

Veja a programação no site http://generoepsicologiasocial.org.

PS.: o símbolo que ilustra esta postagem tem autora, ela se chama Holly Boswell.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Novos Ares


Engraçado... a internet foi inventada para agilizar a comunicação, mas tantas vezes não fazemos uso dessa possibilidade, mantendo nosso ritmo da vida real...

Escrevo isso porque esqueci - desculpe - de aqui avisar que mudei de trabalho!

Não estou mais no Ministério do Planejamento - MP. Recebi um convite do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República para contribuir com o trabalho da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD. É realmente um campo novo para mim, o desafio me atraiu bastante.

Então, desde primeiro de outubro estou aqui, pesarosa por não mais contar com as parcerias e as pessoas queridas do MP, porém aprendendo a gostar dos novos colegas da SENAD e me inteirando dos assuntos e demandas.

Ah, a foto acima é do cartaz do Concurso Nacional de Fotografias realizado pela SENAD este ano, fui uma dos componentes da comissão julgadora.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As Garotas de Brasília


A foto acima é da belíssima atriz norte-americana Candy Darling (1944-1974). Claro, ela não é de Brasília, mas poderia ser mais uma de nós, não?


AS GAROTAS DE BRASÍLIA
Jaqueline Jesus

Há uma cidade onde as mulheres
Ávidas são pelo que Deus
Jamais dará, vão se pintando
Na vã esperança que estações
Mudem, mas tudo é seca e chuva.

Dizem que somos provincianas,
Sérias demais, independentes,
Cortando ar seco e chão vermelho,
Exageradas na elegância,
Superficiais, de estranho riso.

Nós, as garotas de Brasília,
Representamos a beleza
Desse cenário do poder.
Somos o espírito e a luz
Dos azulejos e fachadas.


A sina desse pioneirismo

Que espera as glórias do amanhã
É ser negada, escondida,
Menosprezada tantas vezes,
E mesmo assim amar sem culpa.


Não dependemos do seu juízo

Para saber que somos livres.
Nós reinventamos o prazer
Diário de sermos e vivermos
Esse mistério feminino.


E se disser que este sorriso

É amargo, o doce escorrerá.
E se contar para um estranho

Que sou tardia, escutará:
"Ela é candanga, ergue crepúsculos".


A vida é curta pros desejos

E o céu nos olha majestoso:
Laranja, azul e cor-de-rosa,
Sem lamentar quem se desbota

Na tentativa de ocultar.


E continuamos procurando

Na pedra orvalho, na flor sorte,

No beijo sol, na pele fogo.

Somos segredo e, mesmo assim,
Nós somos como outras quaisquer.


OSTNCS


Assistir os concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro - OSTNCS, quase toda terça-feira, é um costume agradável que temos em casa.

Essa freqüência nos permite ver as qualidades e o que pode ser melhorado.

Focando nos problemas, a fim de buscar resolvê-los, noto que seria importante uma maior intervenção do pessoal da administração na condução dos concertos, no sentido de, antes de cada espetáculo, explicar brevemente às pessoas o objetivo da apresentação e solicitando silêncio.

Uma opção criativa seria convidar estudantes de artes cênicas para fazer essa apresentação, de um modo mais informal.

A Orquestra se propõe a ser didática, assim, algumas orientações nesse sentido poderiam constar do programa, tais como contato, normas mínimas de comportamento, orientações quanto ao momento certo de aplaudir...

E enfim, tentar fechar um programa inteiro para o semestre, ou quiçá o ano inteiro, ajudaria na divulgação da própria OSTNCS.

domingo, 7 de novembro de 2010

Eu queria ter uma bomba!


Cazuza:

"Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz 'já foi' e eu concordo contigo
Você sai de perto, eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas

Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz 'já foi' e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê".

A foto é de Breno Fortes, mais um pôr-do-sol em Brasília.

Um trecho da Odisséia, de Homero


"Ó Pai Zeus! És o mais cruel de todos os deuses! Os homens são tua prole, mas não tens piedade deles, fazendo-os conhecer a dor e as tribulações!"


A imagem ao lado é de um busto idealizado de Homero, do período helenístico, que se encontra no Museu Britânico.


"Άνδρα μοι έννεπε, Μοϋσα..."

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vestido de Noiva

Acima é a foto da princesa Victoria da Suécia casando.

Meu deus, como eu queria casar com um vestido lindo como esse...

"Ele arranjou um jeitinho, me fez um carinho, e eu perdoei"! Lógico...



Áudio de Elza Soares cantando Teleco-Teco, divina, extravagante, teatral:
http://www.youtube.com/watch?v=x64t6InGSfM

Oh!...

Na foto acima, a Praça Onze.

"Teleco-teco teco-teco teco-teco
Ele chegou de madrugada batendo tamborim
Teleco-teco teco teleco-teco

Cantando “Praça Onze”,
dizendo “foi pra mim”
Teleco-teco teco-teco teco-teco
Eu estava zangada e muito chorei
Passei a noite inteira acordada
E a minha bronquite assim comecei

'Você não se dá o respeito

Assim desse jeito, isso acaba mal

Voce é um homem casado

Não tem o direito de fazer carnaval'

Ele abaixou a cabeça, deu uma desculpa e eu protestei

Ele arranjou um jeitinho, me fez um carinho e eu perdoei
"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Preciso dizer que te amo


Composição de Dé, Bebel Gilberto e Cazuza:


Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos


E eu não sei em que hora dizer
Me dá um medo, que medo
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto


E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo


E nessa novela eu não quero ser teu amigo
Que amigo, oh!
Que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Que eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Poetas da Cidade: 50 Anos de Brasília


Fui uma dos poetas selecionados para participar de antologia poética sobre os 50 anos de Brasília, organizada pelo Serviço Social da Indústria (SESI-DF)!

Somos 80 poetas. O livro será lançado em dezembro deste ano. Já nos conversamos e foi criado um egrupo para organizarmos nossas discussões: MAIS QUE OITENTA DE FIBRA!

Dilma e Agnelo


A vitória de Agnelo para governador do DF, e de Dilma para presidente, são mais do que fatos históricos, são marcos de mudanças estruturais para Brasília e para o Brasil. Mudanças que a capital federal demandava com urgência, a fim de cumprir plenamente o seu destino. Mudanças que o Brasil esperava há décadas: a primeira mulher presidente da nação.
Os brasilienses mostraram que são muito melhores do que a caricatura que se faz de nós, que somos um povo maduro, pronto para decidir conscientemente sobre nosso futuro.
Brasília agora está mais próxima do Brasil.
Parabéns!