quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Tomara que chova três dias sem parar!

Foto tirada na Candangolândia (pra quem não sabe, é uma Região Administrativa do Distrito Federal), fonte aqui, não achei a autoria.
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TOMARA QUE CHOVA
Composta por Paquito e Romeu Gentil em 1950
(Clique no título e ouça na voz de Emilinha Borba).
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Tomara que chova
Três dias sem parar,
Tomara que chova
Três dias sem parar.
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A minha grande mágoa
É lá em casa
Não ter água,
Eu preciso me lavar.
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De promessa eu ando cheio,
Quando eu conto
A minha vida,
Ninguém quer acreditar,
Trabalho não me cansa,
O que cansa é pensar
Que lá em casa não tem água,
Nem pra cozinhar.
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Viva o povo e a cultura brasileira!
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domingo, 28 de outubro de 2012

Mais Presidentas e Menos Princesas

Ótimo! Crianças que resistem à pressão histérica de adultos adestrados para impingirem gostos e quereres, em função do que acreditam ser melhor para este ou aquele gênero.
Naturalização dos papeis de gênero desconstruída pela naturalidade infantil.
Fiquei feliz, ainda temos esperança de nos humanizarmos. Há espaço para princesas também, não precisamos odiar quem queira ser princesa. Que venham mais presidentas e menos princesas!
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Menina surpreende Pippa Middleton, irmã da princesa Kate, esposa de William, que estava visitando uma escola infantil em Londres: http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2012/10/27/menina-surpreende-pippa-middleton-odeio-princesas-472365.asp
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sábado, 27 de outubro de 2012

A Mulher Hiper-Real e Outras Mulheres

Comunicação oral realizada na Universidade Federal de Brasília - UnB, no âmbito do II Encontro Nacional de Pesquisa em Moda, em 26 de outubro de 2012.
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A Mulher Hiper-Real e Outras Mulheres no Imaginário e no Corpo Feminino Trans
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Diplomatas Barrados no STF Divulgam Carta

Faço questão de divulgar o questionamento esclarecido da psicóloga Cynthia Ciarallo antes de transcrever a carta dos diplomatas negros barrados no Supremo Tribunal Federal - STF no dia em que o Ministro Joaquim Barbosa foi eleito presidente da Corte:
"E que venha a política de cotas!!! Não pela Diplomacia, mas pela vida de muitos que semelhantes a estes sofrem violações pela simples condição estética de seus corpos? Conviver com um corpo que se vincula às idéias da insegurança, do suspeito. Basta.
E os milhares "não-diplomatas", sem vozes, que tem seus sofrimentos "invisibilizados", silenciados?
Discussões no campo da moral, do sofisma romântico "gostar-ou-não-gostar" ou ações educativas que exigem apenas esforço cognitivo não dão conta de fatores estruturantes na nossa sociedade.
Temos que ser pragmáticos e agir para conseguir, pelo menos, pensar em uma sociedade menos desigual no que tange ao acesso a direitos, nem que seja para nossos tataranetos!
Ingenuidade ainda acreditar que tudo é uma questão de competência pessoal... engodo do liberalismo... lutemos por maior trânsito da diversidade.
Política de cotas já!! Esta é alternativa que temos hoje. E que construamos outras!! Logo. O tempo de começar já passou, há centenas de anos".
Cynthia Ciarallo
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Segundo o secretário de segurança institucional do STF, José Fernando Martinez, eles teriam sido classificados como "dupla de comportamento suspeito". Típico do modelo de suspeito (negro) adotado pela segurança pública em nosso país hipocritamente racista:
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_Brasília, 11 de outubro de 2012,_
Nós, Carlos Frederico Bastos Peres da Silva e Fabrício Araújo Prado, viemos registrar nossa indignação com o tratamento que recebemos da equipe de segurança do Supremo Tribunal Federal.
O Senhor Carlos Frederico dirigiu-se, por volta das 14 horas do dia 10 de outubro, ao Supremo Tribunal Federal, a fim de assistir à eleição dos novos Presidente e Vice-Presidente da Egrégia Corte. Ao chegar ao Tribunal, passou pelo detector de metais, sem que houvesse nenhuma anormalidade, e seguiu em direção à mesa de identificação e registro do público, a qual dá acesso ao salão plenário. Ao entregar sua identidade funcional de diplomata, foi informado, pela atendente, de que havia um problema no sistema eletrônico de identificação. Ato contínuo, um segurança aproximou-se e reiterou que o sistema de registro havia sofrido pane, razão pela qual não seria possível autorizar a entrada do Senhor Carlos Frederico à plenária.
Causou estranheza que ele tenha sido o único visitante a ser afetado pela pane, uma vez que diversas outras pessoas, brasileiras e estrangeiras, entraram no salão sem empecilho algum.
Diante da demora em ver o problema resolvido, o Senhor Carlos Frederico reiterou a pergunta ao segurança sobre o que estava acontecendo. O segurança repetiu o argumento da pane do sistema e conduziu o Senhor Carlos Frederico até a saída do STF, pedindo que ele aguardasse lá enquanto o problema estava sendo resolvido.
Por volta das 14:10 horas, o Senhor Fabrício Prado chegou ao STF para encontrar-se com o Senhor Carlos Frederico (ambos diplomatas e colegas de trabalho). Ao ver seu colega do lado de fora, o Senhor Fabrício Prado perguntou a um segurança que se encontrava na entrada se haveria algum problema. O mesmo segurança esclareceu que a situação já estaria sendo resolvida e que o Senhor Fabrício Prado poderia passar pelo detector de metais e proceder à identificação. Assim o fez. Ao chegar à mesa de identificação, foi comunicado pela atendente que, também no seu caso, havia um problema no sistema. Logo depois, o Senhor Carlos Frederico foi novamente conduzido por outro segurança (não o senhor Juraci) à mesa de registro e lá se juntou ao Senhor Fabrício, enquanto aguardavam pela solução da "pane". Passado algum tempo, durante o qual outras pessoas se identificaram e entraram no salão plenário, o segurança Juraci fez ligação telefônica e informou que a entrada havia sido autorizada. Questionado sobre a razão do problema, mencionou "razões internas de segurança".
Já dentro da plenária, tivemos a oportunidade de conversar com o chefe da segurança, salvo engano, chamado Cadra. Ele explicou que as restrições à entrada remontavam à nossa primeira visita ao salão plenário ao Supremo Tribunal Federal, no dia 3 de outubro. Não entrou em maiores detalhes, mas disse que teríamos demonstrado comportamento suspeito naquela ocasião. No dia 3 de outubro, chegamos juntos ao STF, de ônibus, e passamos por três controles de segurança do STF, a saber: o externo, localizado na Praça dos Três Poderes (a cerca de 10 a 20 metros de distância do ponto de ônibus); o de metais, na entrada do Palácio do STF; e o interno, na mesa de identificação e registro do público geral. Assistimos a parte da sessão de julgamento da Ação Penal 470 e saímos separados.
Ao final da eleição do dia 10 de outubro, deixamos o STF e retornamos ao Ministério das Relações Exteriores. Inconformados com o tratamento constrangedor e sem entender o fundamento da alegação de "comportamento suspeito", retornamos ao STF, por volta das 16:45 horas, em busca de esclarecimentos. Fomos, então, recebidos pelo Secretário de Segurança Institucional do STF, o senhor José Fernando Nunez Martinez, em seu gabinete. Este último esclareceu que estava ciente de nosso caso desde a primeira visita ao STF, no dia 3 de outubro, ocasião na qual teríamos sido classificados como "dupla de comportamento suspeito".
No dia 3 de outubro, a "suspeição" teria sido registrada em nossos cadastros pessoais do sistema de segurança da Corte, disse o Senhor Martinez. Esclareceu que, ao retirar o Senhor Carlos Frederico das dependências do STF, o Senhor Juraci teria desobedecido a suas ordem diretas, as quais determinariam que ninguém poderia ser retirado daquelas dependências sem aval da chefia de segurança. O Senhor Martinez afirmou, ainda, que o assunto deveria ter sido conduzido de outra maneira. Disse, literalmente, que a equipe de segurança teria visto "fantasmas", os quais teriam crescido ao longo do tempo e provocado o incidente do dia 10 de outubro.
Não satisfeitos com a explicação oferecida pelo Secretário de Segurança, perguntamos qual teria sido o "comportamento suspeito" de nossa parte. Após ressalvar que esse é um julgamento subjetivo dos agentes de segurança e que não teria sido ele próprio a formar esse juízo, enumerou os supostos motivos que lhe foram relatados pela equipe de segurança:
1- Que nós teríamos aparência "muito jovem" para ser diplomatas. Registre-se, aqui, que o Senhor Carlos Frederico tem 45 anos e que o senhor Fabrício Prado tem 31 anos de idade, como atestam as carteiras de identidade emitidas pelo Ministério das Relações Exteriores, apresentadas à mesa de identificação já no dia 3 de outubro
2- Que os seguranças suspeitaram da veracidade dos documentos de identidade apresentados
3- Que, na saída da sessão do dia 3 de outubro, as suspeitas teriam sido reforçadas por termos, supostamente, saído "juntos" do STF, "com o passo acelerado", comportamento interpretado como tentativa de despistar os seguranças que nos seguiam.
Cumpre esclarecer que, no dia 3 de outubro, deixamos o STF em momentos distintos, o que não condiz com o relato que, segundo o Secretário de Segurança, lhe teria sido feito por sua equipe. Além disso, nunca nos demos conta de que estávamos sendo seguidos nem apressamos passo algum. Todas estas revelações nos causaram desconforto ainda maior com relação aos incidentes. Perguntado se o incidente teria relação com o fato de sermos afrodescendentes, negou veementemente que o comportamento da equipe de segurança tivesse tais motivações. Também pediu desculpas em nome de sua equipe pela sucessão de incidentes.
Diante da gravidade dos fatos relatados, manifestamos nossa indignação com os injustificados constrangimentos aos quais fomos submetidos, a saber: registro no cadastro de entrada como "suspeitos"; remoção temporária do Senhor Carlos Frederico das dependências do STF; obstruções a nossa entrada na plenária; e perseguição por seguranças após nossa saída do STF.
Sentimos-nos discriminados pelo tratamento recebido --e no caso do Senhor Carlos Frederico, profundamente humilhado por ter sido retirado do STF no dia 10 de outubro.
Dada a natureza "kafkiana" dos incidentes, as explicações insuficientes e desprovidas de qualquer lógica razoável prestadas pela Secretaria de Segurança Institucional não nos satisfazem, razão pela qual não nos furtaremos a adotar as medidas cabíveis para fazer valer nossos direitos.
Não poderíamos deixar de expressar nossa tristeza com o fato de termos sido submetidos a tal constrangimento na data da eleição do primeiro negro a assumir a Presidência do Supremo Tribunal Federal, pelo qual temos profundo respeito e admiração.
Atenciosamente,
Carlos Frederico Peres Bastos da Silva
Fabrício Araújo Prado
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sábado, 20 de outubro de 2012

Livro no qual sou Autora ganhou o Prêmio Jabuti 2012!

Uma ótima surpresa:
O livro PSICOLOGIA SOCIAL: PRINCIPAIS TEMAS E VERTENTES ganhou o 3º lugar no PRÊMIO JABUTI 2012, na categoria Psicologia e Psicanálise.
Leia a notícia aqui: Vencedores do 54° Prêmio Jabuti são anunciados; veja a lista
Sou autora de dois capítulos nessa publicação:
"Preconceito, estereótipo e discriminação", com minha amiga Amália Raquel Perez:
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E "Atração e repulsa interpessoal":
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O livro foi organizado pelos professores Cláudio Vaz Torres e Elaine Rabelo Neiva, e publicado pela Editora Artmed.
MUITO ORGULHO E ALEGRIA!
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Violência Contra Pessoas Trans é uma Violência de Gênero

RETRATOS DA VIOLÊNCIA TRANSFÓBICA
Jaqueline Gomes de Jesus
Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília - UnB e pesquisadora do Laboratório de Trabalho, Diversidade e Identidade - LTDI/UnB.
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De forma esclarecida, o governo dos Estados Unidos da América - EUA reconhece que as pessoas transgênero (travestis e homens e mulheres transexuais) sofrem discriminação de gênero, o que tem auxiliado os integrantes dessa população a buscarem apoio contra violações recorrentes a sua identidade, a seus direitos e a sua vida.
Pesquisa nacional sobre discriminação com base na identidade de gênero de pessoas trans (transfobia) revela a profundidade dessa violência de cunho estrutural, e suas terríveis repercussões na saúde física e mental de homens e mulheres transexuais e das travestis, ao indicar que 70% delas já sofreram provocações ou até assédio verbal, 35% sofreram abusos físicos e 12% violência sexual (Grant et al., 2011).
15% das pessoas trans abandonaram a escola lá nos EUA em função das violências, e 51% das que foram provocações ou foram agredidas de alguma forma nas escolas tentaram suicídio. Vale comentar que a média de suicídio na população norte-americana é de 1,6%.
Esses números aterradores refletem a realidade de exclusão estrutural e transfobia que as pessoas trans sofrem nos EUA, sendo uma pequena amostra do cotidiano da população transgênero brasileira, cuja vida é ameaçada cotidianamente, cuja identidade é violada diariamente e cujos direitos são negados sistematicamente.
De acordo com o projeto de pesquisa quali-quantitativa “Transrespect versus Transphobia Worldwide” (TvT), conduzido pela Organização Não-Governamental (ONG) TransGender Europe – TGEU, o Brasil é o país no qual mais se matam pessoas transgênero:
"O Brasil é responsável, isoladamente, por 39,8% dos assassinatos de pessoas transexuais registrados no mundo entre 2008 e 2011, e no mesmo período por 50,5% desses crimes na América Latina, cujo país com o segundo maior número de violências desse tipo foi o México, com 60 assassinatos, seguido de perto pela Colômbia, com 59" (Jesus, 2012).
Em nosso país se mataram 84% mais pessoas trangênero, no período de 3 anos pesquisado, do que nos EUA. Seria o Brasil um paraíso de tolerância e valorização das travestis, das mulheres transexuais e dos homens transexuais? A população trans brasileira sabe na pele e na carne que não.
O que se nega simbolicamente às pessoas trans nessas situações de discriminação transfóbica, que no meu entendimento se configuram como crimes de ódio, é o seu direito de serem quem são, independentemente do gênero que lhes foi atribuído quando nasceram, dos registros civis que lhes foram impostos ou do julgamento de algumas pessoas sobre os seus corpos.
Após ler os dados de pesquisas que elucidam as consequências nefastas da violência estrutural contra pessoas trans, considero que, no mundo contemporâneo, mais que vivenciar uma identidade de gênero e ser um(a) sobrevivente, ser transgênero corresponde a representar uma identidade política que ajuda a desconstruir a crença em papéis de gênero considerados “naturais”, construídos biologicamente.
Essa crise no estereótipo de que gênero é o mesmo que sexo biológico provavelmente cause dissonâncias cognitivas em algumas pessoas e grupos que não aceitam a existência de pessoas transgênero, e que insistem em patologizá-las com base em parâmetros sobre o que é “normal”, com base em determinações estatísticas ou meramente moralistas.
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JESUS, Jaqueline G. (2012). Violência transfóbica e movimentos de afirmação identitária no Brasil: desafios e possibilidades. Texto a ser apresentado no IV Seminário Internacional – Direitos Humanos, Violência e Pobreza: a situação de crianças e adolescentes na América Latina, a ser realizado entre os dias 21 e 23 de novembro de 2012 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.
GRANT, Jaime M., MOTTET, Lisa A., TANIS, Justin, HARRISON, Jack, HERMAN, Jody L. & KEISLING, Mara. (2012). Injustice at every turn: a report of the national transgender discrimination survey. Washington: National Center for Transgender Equality/National Gay and Lesbian Task Force. Disponível em http://transequality.org/PDFs/Executive_Summary.pdf.
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Metodología de la Investigación en LGBT / Metodologia da Pesquisa LGBT

Primer Nombre - Revista Académica de Publicaciones para el Desarrollo
Jaqueline Gomes de Jesus - Doctora en Psicología Social del Trabajo y de las Organizaciones de la Universidad de Brasilia – UNB, Brasil
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RESUMEN
Desde una interpretación teórica basada en una realidad social compleja, teniendo en cuenta las limitaciones metodológicas y los retos para la investigación con poblaciones socio-históricamente discriminados, en particular el grupo de Lesbianas, Gays, Bisexuales y Transexuales - LGBT se presenta un análisis crítico de los contenidos y procedimientos en un minicurso denominado “Metodología de la Investigación LGBT” entregado en octubre de 2008, durante la octava semana de Extensión de la Universidad de Brasilia, con el objetivo de contribuir epistemológicamente a las acciones empíricas relacionadas con la investigación de las experiencias de este grupo social.
Palabras clave: Metodología de la Investigación - Derechos Humanos - Orientación Sexual - Identidad de Género
Descargar (en Español): http://primernombre.com/images/pdf/c0008.pdf
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RESUMO
A partir de um referencial teórico fundamentado em uma interpretação complexa da realidade social, considerando limitações metodológicas e os desafios para a pesquisa junto a populações sócio-historicamente discriminadas, em particular o grupo composto por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, é apresentada uma análise crítica do conteúdo e dos procedimentos minicurso Metodologia da Pesquisa LGBT, ministrado em outubro de 2008, durante a VIII Semana de Extensão da Universidade de Brasília, com o propósito de contribuir epistemologicamente para a ação empírica relacionada à investigação das experiências vivenciadas por esse grupo social.
Palavras-chave: Metodologia de Pesquisa - Direitos Humanos - Orientação Sexual - Identidade de Gênero
Carregar (em Português): http://primernombre.com/images/pdf/c0008a.pdf
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ABSTRACT
From a theoretical reference based on a complex interpretation of social reality, considering methodological limitations and challenges for research social-historically discriminated populations, in particular the group compound of Lesbians, Gays, Bisexuals, Transvestites and Transsexuals – LGBT, it is presented a critical analysis of the content and procedures of the short course Methodology of the LGBT Research, delivered in October 2008, during the VIII Extension Week of the University of Brasilia, with the purpose of epistemologically contributing to the empirical action related to the investigation of the experiences of this social group.
Keywords: Research Methodology - Human Rights - Sexual Orientation - Gender Identity
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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Palestra Homofobia nas Universidades

Homofobia nas Universidades: uma realidade a ser enfrentada
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Palestra realizada na Universidade de Brasília - UnB, no âmbito do Curso "A Prática dos Direitos Humanos na UnB", em 18 de outubro de 2012.
Homofobia Nas Universidades: uma realidade a ser enfrentada
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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Curso "A Prática dos Direitos Humanos na UnB"

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O Curso é uma realização da Ouvidoria da Universidade de Brasília - UnB, em parceria com o Gabinete da Reitoria.
As mesas do dia 17 de outubro serão abertas ao público em geral, as do dia 18 de outubro são restritas aos participantes inscritos.
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Que É Acessibilidade Para Mim?

Sou a segunda a falar: http://www.youtube.com/watch?v=JtrZKLsw-zk
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Biologia: Inimiga do Feminismo?

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Abaixo transcrevo uma discussão muitíssimo interessante e instrutiva sobre os usos que se têm feito da Biologia e suas relações com o Feminismo, que aconteceu entre as participantes da lista das Blogueiras Feministas.
Não identificarei os nomes das colegas, o conteúdo é suficiente:
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Gente queria fazer um desabafo com vcs.
Eu, enquanto ecóloga e estudiosa das ciências biológicas, estou de saco cheio de gente vir e criticar a biologia pq "leu na Super Interessante que cientista X falou que substância ou comportamento Y corrobora um comportamento machista"
Primeiro: Super Interessante, Galileu, Folha, Estadão e qqr veículo de mídia não são periódicos de divulgação científica, então muitos deles vão sim cagar em pesquisas científicas pra manter o status quo. Segundo: eu não posso cagar uma área científica inteira pq eu li essas reportagens. Eu acho isso injusto pacas. As pessoas não fazem a mesma coisa com o feminismo e vcs não ficam com raiva? Então a sensação é similar.
Não estou aqui querendo defender que a Biologia enquanto ciência não tenha um discurso machista e opressor não só com as mulheres cis, mas também com as ID´s trans*. Eu estou querendo dizer pra vocês que condenar a área da Biologia INTEIRA por causa disso é injusto. Reduzir a área de estudo da Biologia apenas à estudos comportamentais é perigoso. Porque um botânico tem q ser castigado pq um biólogo que estuda comportamento humanos fala merda machista?
Existem biólogas feministas que fazem estudos bacanas que desmitificam conceitos machistas e temo que nós acabamos por não ter contato com esses estudos por causa de um preconceito com a Biologia fomentado por uma má divulgação da ciência.
Bem, acho q é isso...=P
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Concordo totalmente contigo, @@@@@@.
A galera que sai xingando a biologia se apega aos pseudo-estudos que ficam saindo por revistas como as que você já citou ou em veículos de notícias, porque só se escolhe esse tipo de porcaria. São "pesquisas" com amostragem altamente problemática, com métodos problemáticos, com análise problemática, etc. O pessoal ganha dinheiro pra pesquisar esse monte de porcaria só pra se manter ganhando o dinheiro.
Acontece o mesmo com a Psicologia e Psiquiatria. Vejo muita gente xingando, revoltadíssima, mas honestamente me parece mesmo é revolta adolescente que nunca passou. Desmerecer todas essas áreas e todos os grandes avanços conquistados por elas é estúpido demais.
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Ai ªªªªª muito amor! <3
Meu desabafo veio justamente por causa de uma discussão num grupo feminista onde teve uma menina q dizia não acreditar na ciência pq a Pfizer fez um bocado de coisa ruim,matou criancinhas na África pra testar um remédio e que todos os cientistas são cruéis e inescrupulosos q só pensam em dinheiro. O QUE DIABOS EU CIENTISTA DA ECOLOGIA TENHO A VER COM A PFIZER? Por um acaso pra ser cientista tem q fazer voto de pobreza?
Se tem pessoas q utilizam a ciência pra buscar lucro eu vou dizer que a culpa é única e exclusivamente da ciência e não que vivemos numa sociedade capitalista que incentiva a busca de lucro a qqr custo?
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@@@@@@, como você deve saber,
o que tem também de antropólogo, linguista fazendo merda com as comunidades indígenas, por exemplo, não é pouco não.
Qualquer área de produção de conhecimento pode colaborar na manutenção dos preconceitos, das desigualdades, como pode criticar e combater isso.
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E tem também cientista social. Minha irmã é desta área e, segundo ela, não se pode acusar, por exemplo, os indígenas de machistas sem estudar detalhadamente seus comportamentos, pois suas atitudes estão relacionadas à sua cultura.
Complicado...
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Concordo com tudo, então me perdoe por não adicionar nada muito relevante ao tópico.
Mas por que "IDs trans" e não "pessoas trans"? Eu não me identifico como trans, eu me identifico como homem. O que me coloca numa posição de opressão é o fato de eu ser transexual, não alguma "identidade". Ninguém diz "preconceito contra identidade negra" ou "preconceito contra identidade cis feminina" ou "preconceito contra identidade com deficiência física". Ninguém tá nem aí pra identidade. Eu poderia me identificar como o sucessor do reino de deus e isso não seria o suficiente pra me tornar uma classe oprimida.
Só um desabafo...
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Obrigada pelo desabafo %%%%%! Sempre aprendo demais contigo!
Na verdade quando estava escrevendo meu desabafo fiquei nessa dúvida se usava ID´s trans* ou pessoas trans*. Agora a minha dúvida está sanada!
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Um dia desses li um artigo muito legal, falando do impacto do feminismo nas ciências exatas, e falando mais especificamente da influência do feminismo nos estudos sobre reprodução humana. Muito interessante! O entendimento mais conservador, digamos assim, colocava o espermatozoide como ativo e o óvulo como passivo no processo da fecundação. E as cientistas feministas, ao desmistificarem essa dicotomia, abriram espaço para mostrar o quanto o óvulo atua no momento da fecundação; ele não fica lá, esperando o espermatozoide 'penetrá-lo'. Bom, não sou bióloga, perdoem se explico a coisa meio toscamente rsrs
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É, ******* ********... Essas histórias de fecundação, de órgão copulador, de o sptz ser o que penetra no óvulo enquanto esse só espera, de menstruação, de o macho ser o que faz de tudo para impressionar a fêmea, de macho que briga com outro para provar sua maior força para atrair e possuir a fêmea, de macho-alfa, de líder do bando...
Essas coisas me deixam muito frustrada na aulas de Biologia, mexem por demais comigo... Às vezes parece que essas coisas devem ser compreendidas como algo natural (e na verdade é!), não preconceituoso.. Parece que a natureza 'fez o homem para ser ativo' e 'mulher para ser passiva'...
Mas sempre tento tirar essas coisas da minha cabeça... E lembro que sempre há um cavalo-marinho para salvar a história. rss
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Olha, uma coisa que aprendi com um professor que meu aulas de evolução é que nós, seres humanos, temos a péssima mania de "antropoformizar" tudo, ou seja, ver um comportamento na natureza ou uma ação de um animal e pensar: orangotano faz aquilo pra impressionar a fêmea pq é macho, o furão pensou que era mais bacana ir praquele lugar q tem comida pq ele é esperto, e por aí vai...A gente enxerga os comportamentos dos animais com os nossos olhos e lhes atribuímos, como eu posso dizer, uma "motivação humana", pq se eu estivesse no lugar do animal eu faria do modo X. Não sei se consegui me fazer clara....
Só que a natureza não funciona dentro de uma lógica humana, nós é que inserimos nossa lógica nela pra poder entendê-la melhor. O fato dos antílopes machos brigarem pra ficarem com um harém de fêmeas não significa que eles são "ativos" e as fêmeas "passivas", longe disso. Essa é a leitura que nós, seres humanos, fazemos, pq na nossa espécie um cara brigar com outro pra ficar com uma mulher é considerado um cara "ativo".
E claro, toda essa lógica que atribuímos à natureza para melhor entendê-la é impregnado de uma visão machista, pq a ciência não é algo separado da sociedade. Ela é feita por pessoas e essas pessoas possuem os mais diversos valores, incluso aí valores machistas.
Outra questão: a biologia, assim como os diversos ramos da ciência, por vários séculos foi dominada por homens. As mulheres estão chegando agora e já começamos a ver, ainda que timidamente, alguns conceitos revistos devido a um outro olhar. O estudo que a ******* citou é um exemplo disso
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Bom, toda ciência séria tem crítica do método, das ferramentas e define muito bem o limite das conclusões que tira. Se esta informação não estiver junto com os resultados, eu pessoalmente não considero um trabalho científico sério. Isso vale para tudo: ciências sociais, humanas, exatas, etc. Então é preciso sempre fazer a descrição e a crítica do método.
Ainda assim, a subjetividade do/a cientista sempre vai interferir. Esse exemplo da antropormorfização e da aplicação de conceitos machistas é ótimo. Nas ciências humanas, vários teóricos da epistemologia falam em "reflexividade", que seria refletir sobre sua própria subjetividade e explicitá-la para que seja possível separá-la do que é objetivo e pode ser concluído a partir dos dados empíricos (articulados com a teoria). Não sei se tem algo assim nas exatas e biológicas, mas se não me falha a memória, as feministas/cientistas destas áreas trazem justamente este tipo de questão e tal. Não sei em que medida isso tem sido de fato apropriado e incorporado por diferentes áreas. Nas ciências humanas a tal reflexividade é ignorada pela maioria das pessoas, pelo menos no Brasil, o que resulta em muitos trabalho mal explicados, conclusões falaciosas, etc. Então a ideia até existe, mas quem é que coloca ela em prática?
Vou viajar aqui e dizer ainda que, vejam, o esquema simbólico sempre vai fazer diferença na ciência. A gente vê o mundo por meio do esquema simbólico. Sendo o gênero uma categoria do simbólico, vemos "macho" e "fêmea" em tudo. Assim: binários, excludentes, etc. como está formatadinho lá. Então outras noções muito arraigadas, específicas do nosso simbólico, também dão forma à nossa ciência: a ideia de indivíduo, por exemplo; ou a ideia de tempo linear (que a antropóloga Strathern lindamente mostra que são específicas do nosso modo de pensar, num livro amazing chamado After Nature - citei ele num post nas Bf, chamado "feto não é bebê, grávida não é mãe").
No fim das contas, todas as ciências são humanas, não importa o nome, né.
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