sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Psicologia das Massas: Contexto e Desafios Brasileiros - Artigo Psychology of Masses: Context and Brazilian Challenges - Article

PSICOLOGIA DAS MASSAS: CONTEXTO E DESAFIOS BRASILEIROS
Jaqueline Gomes de Jesus, Universidade de Brasília.
Artigo científico publicado na revista Psicologia & Sociedade, da Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO, volume 25, número 3. Disponível eletronicamente em http://www.ufrgs.br/seerpsicsoc/ojs2/index.php/seerpsicsoc/article/view/3649/2266
RESUMO
A interpenetração de valores e práticas sociais entre culturas, no contexto da globalização, é baseada na interdependência econômica dos países, em meios de transportes mais eficazes, na comunicação aberta e em mobilizações massivas. O fenômeno das massas ou multidões tem sido objeto de vários estudos, especialmente pelas Ciências Sociais. A Psicologia, porém, pouco tem contribuído na discussão. Uma das dimensões dessa realidade é a formação de novos movimentos sociais, que buscam modelos alternativos de apoio e organização, e têm conduzido, ao redor do mundo, mobilizações de rua que superam seus objetivos iniciais, a exemplo dos distúrbios em Londres e da Primavera Árabe. Este artigo apresenta um histórico do conceito de massas, sua abordagem como construto psicossocial, o desenvolvimento do conceito e os desafios para sua pesquisa e aplicação no âmbito da Psicologia Social brasileira.
Palavras-chave: globalização; mobilização; identidade social; processos grupais; massas.
PSYCHOLOGY OF MASSES: CONTEXT AND BRAZILIAN CHALLENGES
Jaqueline Gomes de Jesus, University of Brasília, Brazil.
Scientific article published in Psychology & Society journal, from the Brazilian Association of Social Psychology - ABRAPSO, volume 25, number 3. Electronically available at http://www.ufrgs.br/seerpsicsoc/ojs2/index.php/seerpsicsoc/article/view/3649/2266
ABSTRACT
Interpenetration of values and social practices between cultures, in the context of globalization, it is based on the economical interdependency of countries, on more effective transportation means, on the open communication and in massive mobilizations. The phenomenon of the masses or crowds has been subject of several studies, especially by the Social Sciences. Psychology, although, has contributed little in the discussion. One of the dimensions of this reality is the formation of new social movements, that seek alternative models of support and organization, and have led, around the world, street mobilizations which surpass their original aims, like London Riots and Arab Spring. This article presents a history of the concept of masses, its approach as psychosocial construct, the development of the concept and the challenges to its research and application in brazilian Social Psychology.
Keywords: globalization; mobilization; social identity; group processes; masses.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

De Volta ao Lar

Colegas,
Hoje meu João recebeu alta, estamos muito felizes!
Nosso Natal será em casa, descansando, com a ceia mais simples e deliciosa de nossas vidas!
Muito obrigada a todas e a todos vocês, amigos, familiares, colegas e demais pessoas que torceram pela melhora da saúde dele, deu certo.
Que vocês tenham paz, saúde e amor nesta data. Nós estamos tendo!
Beijos nossos.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Trabalho e Diversidade: Desafios em uma Sociedade Excludente - VIII COPENE

Simpósio Temático TRABALHO E DIVERSIDADE: DESAFIOS EM UMA SOCIEDADE EXCLUDENTE
Este Simpósio Temático visa a discutir o significado do trabalho, e os desafios para plena inserção e ascensão profissional, com relação a pessoas oriundas de grupos sócio-historicamente discriminados, na conjuntura de uma sociedade excludente - racista, machista, homofóbica, classista, transfóbica, entre outras formas de discriminação estrutural. Propõe-se um debate sobre a transversalidade da categoria trabalho ao âmbito da diversidade humana, a qual contrapõe identidades sociais a dominâncias culturais. Considerar as conexões entre trabalho e diversidade, a partir das profundas transformações produtivas que vêm ocorrendo no cenário nacional e internacional, é uma premissa para os trabalhos que serão apresentados. Serão recepcionados, ainda, estudos que contextualizem observações teóricas sobre o mundo do trabalho contemporâneo, com suas múltiplas dimensões sociais e identitárias, em articulação com as demandas de diferentes movimentos sociais por inclusão laboral, por meio de variados tipos de ações afirmativas.
Bibliografia:
André, M. C. (2007). Processos de subjetivação em afro-brasileiros: anotações para um estudo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(2), 159-167.
Carone, I., & Bento, M. A. S. (2002). Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes.
Fleury, M. T. L. (2000). Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. Revista de Administração de Empresas, 40(3), 18-25.
Gomes, J. B. B. (2001). Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade. Rio de Janeiro: Renovar.
Gomes, N. L. (1995). A mulher negra que vi de perto: o processo de construção da identidade racial de professoras negras. Belo Horizonte: Mazza.
Jesus, J. G. (2013). O desafio da convivência: assessoria de diversidade e apoio aos cotistas (2004-2008). Psicologia: Ciência e Profissão, 33(1), 222-233.
Lima, M. E. O., & Vala, J. (2004). Sucesso social, branqueamento e racismo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20(1), 11-19.
Moreira, D. (2003). Reflexões sobre mudanças sócio-raciais no Brasil. In: Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora Gráfica.
Nkomo, S. M., & Cox, T. Jr. (1999). Diversidade e identidade nas organizações. In: Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas.
Pérez-Nebra, A. R., & Jesus, J. G. (2011). Preconceito, estereótipo e discriminação. In: Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre: ArtMed.
Silvério, V. R. (2002). Ação afirmativa e o combate do racismo institucional no Brasil. Cadernos de Pesquisa, 117, 219-246.
Torres, C. V., & Pérez-Nebra, A. R. (2004). Diversidade cultural no contexto organizacional. In: Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed.
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Inscrições de trabalhos de 10/12/2013 a 10/04/2014, em http://www.para2014.copene.org/pessoaevento/busca.
Divulgação do resultado em 10/05/2014.
Maiores informações no site do VIII COPENE: http://www.para2014.copene.org

domingo, 8 de dezembro de 2013

Afastamento por Questões de Saúde

Colegas,
Tenho estado e continuarei afastada por um tempo do blog, a fim de cuidar do meu marido, que está com um problema de saúde.
Desejo paz e saúde para tod@s.
Abraços Fraternos,
Jaqueline.

sábado, 16 de novembro de 2013

Sou Mensageira Entre Mundos

Após qualquer impressão inicial ante ao título, é importante esclarecer que este não é um texto espírita.
Frente aos constantes pedidos para falar sobre mim — assunto que considero extremamente enfadonho — e relatar algumas de minhas memórias, resolvi me posicionar a respeito, e irei frustrar a segunda parte dos anseios de meus leitores (creio que somente quem passou dos 60 anos de idade tem uma história de vida significativa para ser contada — se não morrer antes).
Falando nisso, se um dia alguém ousar escrever sobre mim, e uma lei da censura prévia para biografias estiver em vigor, desde já autorizo, mas somente na condição de que ele ou ela comece o texto relatando a cena do meu falecimento:
Na clareira de um manguezal, à foz de um rio, estão sentadas a velha e a criança, duas em uma como sempre fui até a morte. A senhora de idade moldando o barro para fazer vasilhas e a ingênua criancinha se divertindo ao apertar a lama, sentindo prazer em vê-la escorrer barulhenta entre os dedos.
A idosa observa feliz a pessoinha entretida, indiferente ao mundo que a cerca e agora enfiando o braço no buraco de um caranguejo, enquanto se pergunta, sob os raios de Sol que passam entre as folhas, qual será sua próxima aventura.
A senhora devaneia satisfeita com a lembrança das paixões e do amor de sua vida, a criança fica com água na boca só de pensar em comer pães de queijo, beijus, frango assado com a pele, iogurtes e ambrosia!
É neste momento que o Tempo chega, vindo do Sertão, terra vermelha embaixo das unhas dos pés, e nos chama para um passeio, damos as mãos a ele, que gentilmente nos leva em direção ao Mar.
Voltemos ao presente. Bastante tempo tenho refletido sobre o meu temperamento e a natureza das minhas ações, sei que sou, por vezes, a criatura chata e ácida que vai construindo modos de luta ao longo da vida; e em outros momentos, a sonhadora deslocada do seu entorno que vai plantando flores pelo caminho; aquela que vive as mil condições de se chamar "eu" entre rotinas e impasses de uma sociedade conformada e excludente; a pensadora que observa e questiona os mecanismos de poder, repensa teorias e práticas.
Isso tudo não sintetiza quem eu sou, aquilo que não me confunde com outras gentes, depois do meu trigésimo quinto aniversário. O meu ser não é um ou todos meus rótulos e identidades sociais pontuados ou intersecionados, quem eu sou não o é no sentido de existir, tampouco no de estar, mas num outro, inusual, o de fazer.
Eu sou o que eu faço. O resto são imagens e abstrações.
Não paro de pensar nos subalternizados, nos considerados abjetos, nos inferiorizados pelo olhar desumanizador sobre os outros.
Esta é a minha obsessão: eu poderia somar as horas de cada conversa, palestra e aula na qual abordei a questão da diversidade humana e certamente contaria dias.
Recostada, sentada, em pé, à janela - observo com amargor e uma ponta de desespero a marcha inexorável dsa ideias e atos que transformam seres humanos em subcidadãos, déspotas, criaturas naturalizadas ou alienados servidores das oligarquias. Ela continua, ela prossegue, ela tem cargos. Eles falam, eles denunciam, eles marcham.
Algo que posso falar sobre mim é que observar e escrever a respeito é tudo e o melhor que eu sei fazer. Eu poderia não estar escrevendo deste lugar, como poderei não mais escrever a partir dele, mas onde quer que eu estivesse ou esteja, continuaria e continuarei descrevendo e analisando o mundo com este mesmo sentimento de Graça, uma igual sensação de puro prazer. Esse é um exercício que exige sangue, suor e, às vezes, lágrimas, semelhante ao exaustivo trabalho de desenhar e montar um mosaico, essa amada arte da incompletude e do fragmento feita por pessoas obcecadas.
No fundo, olhando dentro e fora de mim, somando tudo de diverso no sempre fiz e faço, vejo que, à margem e no meio de tudo, eu sou, no que faço, uma mensageira entre mundos, os quais, dialeticamente, são o mesmo.
Imagens explicam melhor que palavras, mesmo que aquelas sejam expressas por estas: do telhado da outrora nossa casa amarela no Setor “O”, periferia de Brasília, a criança que eu fui observa a Barragem do Descoberto e os planaltos goianos logo ali, depois da fronteira imaginária. Ela imagina o que há além daquele horizonte, pois conhece o mar do nordeste brasileiro desde os três meses de idade porém nunca foi a Goiânia.
Desce cuidadosamente, utilizando o velho limoeiro como apoio, e consulta a pequena biblioteca que seu pai e sua mãe montaram, com enciclopédias e livros de ficção, buscando respostas para as muitas questões que lhe assomam a mente curiosa. À noite irá aprofundar sua pesquisa, escavando entre as publicações da rica biblioteca da escola pública onde sua mãe trabalha, depois de lecionar durante o dia, para melhorar a renda e cuidar dos livros e leitores.
Jovem, comecei logo a usar meus próprios pés para conviver com as vidas e lugares além do horizonte conhecido pela criança. Assim faço e sou até hoje, aqui ou ali.
Perdoe-me quem se angustia ou se irrita por eu ser tão verdadeira: quem você afirma que eu sou, e como eu me chamo algumas vezes, não me descreve no que sou. Minhas identidades, e as suas, não cabem na prisão de um discurso - ou, como outros preferem, de um ato de fala. Esses atos servem em certos momentos.
Somos o que fazemos, neste momento você que me lê me faz uma mensageira entre mundos. Logo, quem é você?

domingo, 10 de novembro de 2013

2º Simpósio Gênero & Diálogos Interdisciplinares

2º Simpósio Gênero & Diálogos Interdisciplinares: políticas e legislações para mulheres na América Latina
De 11 a 13 de novembro, no Auditório 3 da Faculdade de Saúde, Universidade de Brasília - UnB. Entrada franca.
Realização: UnB - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher/NEPeM.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SERNEGRA de A a Z

Carxs participantes do SERNEGRA 2013,
Após cerca de 08 meses de intenso trabalho, nós daqui já estamos podendo respirar com certa tranquilidade. Para vocês daí, sobretudo para quem não é de Brasília, aproxima-se a hora de programar viagem e participação no SERNEGRA mais detalhadamente.
Para ajudar, elaboramos o guia "SERNEGRA de A a Z" que enviamos em anexo. O guia é um pouco extenso, mas o índice pode ajudar a encontrar respostas para as dúvidas que nós acreditamos que devem ser as mais comuns. Deem então uma olhada no índice e vejam se em algum daqueles pontos vocês precisam de esclarecimentos.
Jamais poderíamos prever todas as dúvidas, para todas as que não aparecem ou que não foram suficientemente esclarecidas no guia, continuamos à disposição neste e-mail: sernegra@ifb.edu.br
Atenciosamente,
Equipe SERNEGRA 2013:
Ana Carolina Albuquerque, Glauco Feijó, Lidiane Ramos & Pollyana Martins.
Visite o blog do SERNEGRA: http://sernegra2013.blogspot.com.br

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Policiamento e Repressão

Imagem à esquerda: "Protestos na Zona Norte de SP", Mapa: Google Maps e Foto: Reprodução/TV Globo. Fonte: site G1: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/10/cardozo-diz-que-reunira-secretarios-contra-atos-de-vandalos-em-sp-e-rj.html
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É preciso se questionar porque a demanda circunstancial do cidadão motorista, amplamente encampada pelos veículos de comunicação, por maior policiamento nas grandes vias, a fim de controlar ou impedir manifestações que interrompam o tráfego, não é acompanhada por um posicionamento crítico sobre as razões dos protestos.
À população de periferia, moradora padrão do entorno das rodovias e estradas alvo do recente debate, pobre e majoritariamente negra neste país racista, o policiamento ocorre apenas nos extremos: insuficiente e ineficiente para atender suas demandas por segurança, ou excessivamente coercitiva para controlar suas ações reivindicatórias. Isso não é privilégio do Brasil, mas dado comum em outros países que também marginalizam um determinado grupo etnicorracial, em especial pessoas negras.
A erupção da ira dos excluídos e invisibilizados desta democracia-por-se-fazer não será apaziguada pela repressão.
Enquanto isso, as mesmas mídias que dão voz a uma faixa aterrorizada da Classe Média teimam em fechar os olhos à sistemática de privilégios que envolve a questão da mobilidade e da ocupação dos espaços públicos, convergindo suas reportagens para o problema dos engarrafamentos, deslocando o foco da pergunta que realmente importa.
É importante esclarecer que:
1) os meios de comunicação não criam estereótipos e preconceitos, mas eles, ao os reproduzirem, colaboram para o fortalecimento dos discursos e representações sociais de exclusão e discriminação; e
2) a força policial, nessa conjuntura, age como expressão concreta do poder do Estado e da mentalidade das elites que aí estão. Reavaliações profundas de todos os atores envolvidos, sobre a complexidade dos conflitos ora em pauta, seriam mais ricas para a construção de uma sociedade efetivamente participativa e inclusiva do que, por exemplo, pronunciamentos abstratos sobre a natureza da violência racista e classista, que é estrutural, e depende de intervenções culturais e comportamentais das autoridades para ser transformada.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Abolicionismo Hoje

Foto de Fabiane Freire França, cobrindo uma fala minha durante o Seminário Internacional Fazendo Gênero 10: Desafios Atuais dos Feminismos, postada em http://gepacuem.blogspot.com.br/2013/09/relato-de-experiencia-sobre-o-fazendo.html?spref=fb
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Precisamos iniciar um debate sério sobre abolicionismo e diversidade nesta sociedade hipocritamente democrática em que vivemos - estamos em um nível tão superficial de tal discussão que não posso utilizar a palavra "aprofundar".
"Abolicionismo"? - alguns indagarão, qual é o sentido disso em nossa realidade? Todo, compreendo, a partir do momento em que, reiteradamente, testemunhamos a cidadania de determinados grupos sociais sendo aviltada pelos mecanismos do poder, quaisquer que sejam:
- Quando o perfil do suspeito para o policial é, inerentemente, o de uma pessoa negra, em especial jovem (http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2013/10/11/para-proteger-jovens-negros-debate-sugere-mudar-policia);
- Quando manifestações públicas são tratadas, automaticamente, como atos subversivos dignos de repressão (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-08-15/universitarios-fazem-ato-contra-repressao-de-manifestacoes-em-sao-paulo);
- Quando se planeja utilizar os recursos de um dos Poderes da República para se segregar pessoas em função de sua orientação sexual (http://jornalggn.com.br/noticia/cdh-aprova-projeto-que-desobriga-igrejas-de-aceitarem-homossexuais);
- Quando jovens homens e mulheres transexuais são impedidos de competir em condições de igualdade no acesso ao Ensino Superior, por meio da seleção do ENEM (http://g1.globo.com/educacao/enem/2013/noticia/2013/10/candidatas-transexuais-do-enem-dizem-ter-sofrido-constrangimento.html);
- Quando pessoas em situação de rua são assassinadas sistematicamente e isso é considerado normal para pessoas em semelhante condição social (http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2013/05/goiania-tem-30-assassinatos-de-moradores-de-rua-na-escuridao-da-madrugada.html).
Não faltam exemplos de que vivemos em uma conjuntura de opressão aos direitos humanos, mas principalmente, de violação sistemática à identidade social das pessoas, aos grupos historicamente discriminados, aos quais ainda, na prática, são atribuídos os signos e elementos dos escravos: sem direito a identidade, a nome, a ir e vir, a se expressarem, à vida.

domingo, 27 de outubro de 2013

O Apocalipse de Adão

Detalhe de A Criação de Adão, de Michelangelo, no teto da Capela Sistina, Vaticano.
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Livre tradução e grifos de Jaqueline Gomes de Jesus para trechos do Apocalipse de Adão, a partir da versão em inglês de 1990, de George W. MacRae, para a Biblioteca Nag Hammadi (coletânea de textos do começo da Era Cristã, ou Era Comum, também conhecida como Escrituras Gnósticas), organizada por James M. Robinson (San Francisco: HarperCollins):
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A revelação de Adão a seu filho Seth, no setingentésimo aniversário:
"Ouça minhas palavras, meu filho Seth. Quando Deus me criou da terra, junto com Eva, sua mãe, eu partilhava com ela uma glória que ela tinha visto na eternidade da qual viemos. Ela me ensinou uma palavra do conhecimento do Deus eterno. E nós nos assemelhávamos aos grandiosos anjos eternos, pois nós éramos maiores que o deus que nos criara e os poderes dele, a quem não conhecíamos.
Então Deus, soberano das Eras e poderes, irado nos dividiu. Então nos tornamos duas eternidades. E a glória em nossos corações nos deixou, eu e sua mãe Eva, junto com o primeiro conhecimento que exalava de dentro de nós. E ela [a glória] fugiu de nós.
...Mas ele [o conhecimento] entrou na semente de grandes eras.
Então o Deus que nos criou criou um filho dele mesmo e Eva, sua mãe (...). Então o vigor de nosso eterno conhecimento foi destruído em nós, e a fraqueza nos perseguiu. Desde então os dias de nossa vida se tornaram poucos. Pois eu sabia que eu tinha sucumbido à autoridade da morte".

sábado, 26 de outubro de 2013

Os Gêmeos Enganam a Morte

Imagem extraída de: http://www.genuinaumbanda.com.br/temas_variados/cosmeedamiao.htm. Quem souber o nome do(a) autor(a), favor informar para que eu possa indicar.
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Pra quem acha que J. K. Rowling foi originalíssima ao criar a história das Relíquias da Morte para seu Harry Potter, reconto uma lenda africana sobre os Ibejis, os gêmeos Taiwo (O que sentiu o primeiro gosto da vida) e Kainde (O que demorou a sair), contada por Ademir Barbosa Júnior no livro O Essencial do Candomblé (São Paulo: Universo dos Livros, 2011, p. 61-62):
OS GÊMEOS ENGANAM A MORTE
Os gêmeos, filhos de Xangô e Oxum, adoravam brincar e se divertir. Tinham predileção por tocar seus tambores mágicos, presentes de Iemanjá, a mãe adotiva.
Por esse tempo, Icu, a Morte, havia colocado armadilhas por todo o caminho, armadilhas que ninguém conseguia desarmar. E as pessoas morriam, morriam.
Os Ibejis decidiram derrotar a Morte, e andaram por um caminho no qual ela havia posto uma armadilha. Um foi pela trilha, e o outro ficou escondido na mata. Aquele que seguia pela trilha tocava o tambor mágico. A Morte adorou e o avisou da armadilha, poupando-lhe a vida. E a Morte dançava.
Quando se cansou, um gêmeo trocou de lugar com o outro e prosseguiu com a música. E a Morte dançava.
Ao longo do tempo e do caminho, o tambor não parava. A Morte foi se cansando, mas não conseguia interromper a dança. Pediu para que a música parasse. Os Ibejis, então, disseram que parariam a música, desde que a Morte retirasse as armadilhas. Ela concordou.
Assim, os Ibejis venceram Icu, a Morte.
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Oni Ibejada!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 7: Tetos de vitrais: gênero e raça na contabilidade

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Sandra Maria Cerqueira da Silva Mattos
RESUMO: O fenômeno/conceito do ‘teto de vidro’ representa as várias barreiras simbólicas que, de tão sutil, é transparente, mas suficientemente forte para impossibilitar a ascensão de mulheres aos postos mais altos da hierarquia organizacional. Assim, o termo ‘tetos de vitrais’, no título da proposta, considera a discussão e faz alusão à miscigenação brasileira, objeto deste estudo. O papel social da mulher sofreu considerável mutação e tornou-se mais amplo. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego demonstram um aumento na participação de mulheres no mercado formal de trabalho brasileiro, embora uma mulher com diploma superior perceba remuneração equivalente a 60% do salário do sexo masculino. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que a renda per capita mensal de uma família chefiada por um homem branco é de R$ 997; se chefiada por uma mulher afrodescendente é de apenas R$ 491. (IPEA, 2011) Dambrin e Lambert (2012) demonstram, como resultante da estrutura de dominação de gênero, a raridade da participação feminina nos altos escalões da contabilidade. Com panorama semelhante, as mulheres brasileiras estão sub-representadas na contabilidade. Para bell hooks (1995, p. 5), “o conceito ocidental sexista/racista de quem e o que é um intelectual elimina a possibilidade da associação de afrodescendentes como representativas de uma vocação intelectual”. O objetivo do estudo é descrever qual o papel da mulher afrodescendente na profissão contábil. A pesquisa se propõe ainda a apresentar indicadores que possibilitem desmistificar a representação fantasiosa da democracia racial brasileira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem pós-estruturalista autoetnográfica, com dados coletados através de uma entrevista semi-estruturada em profundidade, realizada com uma professora universitária negra, de classe média e de importante posição política.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 6: "Escrita de si, escrita da outra": Cristiane Sobral e Lívia Natália

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Ana Caroline Carmo Silva
RESUMO: Dentre as inúmeras representações de mulheres contidas na sociedade, surge das águas de azeviche a escrita das poetas Cristiane Sobral e Lívia Natália. Pretende-se no presente artigo analisar dois dos seus poemas, a saber: “Não vou mais lavar os pratos” e “Água Negra” a fim de investigar como se constitui o modus operandi dessas mulheres com o texto poético. A poeta brasiliense reivindica a liberdade ao utilizar o eu-lírico para construir “poemas-navalhas” capazes de alcançar o mais fundo da alma do ser, ao passo que a poeta baiana Lívia Natália com a metáfora da água convoca o leitor a um mergulho ensimesmado, capaz de despertar um leitor atento às suas questões íntimas, existências, de militância, etc. Enfim, a poética destas, cada uma com suas peculiaridades (re)afirmam a identidade da mulher negra, problematiza estereótipos forjados em torno das representações da mulher negra, deslocando assim as imagens engendradas na historiografia literária brasileira. Para nortear essa análise será usado como aporte teórico Bourdieu (1999), Fanon (2008), Hall (2005), Moscovici (2012) e Silva (2011), entre outros.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 5: Deslocamentos e estratégias de resistência em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, e Hibisco roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Maria Aparecida Cruz de Oliveira
RESUMO: Este trabalho se ocupará da verificação do modo como o espaço de resistência feminista é marcado nos romances contemporâneos Ponciá Vicêncio (2003), da escritora brasileira Conceição Evaristo, e Hibisco roxo (2012), da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Pretende-se compreender a figuração de personagens (negras) femininas que abalam os quadros estáticos de referências sociais dadas ao seu gênero e classe social e avaliar o questionamento dos papéis de gênero construídos nas narrativas.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 4: Devaneios de uma aprendiz de antropologia

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Francy Eide Nunes Leal
RESUMO: Fiquei por longos dias pensando em como começar a escrever esse artigo, muitas vezes o medo encontrava lugar, como escrever sobre um tema que apesar de próximo eu o desconhecia teoricamente? Como ousar dialogar com feministas que publicaram no final da década de1980: Scott (1995), Haraway (1991), Butler (2003)? Quando me aproximei da discussão sobre gênero e sexualidade, a bagagem que carregava sobre o tema era mínima; cabia em poucas palavras, conhecia os escritos de Lévi-Strauss (1982), Margaret Mead (1976), Pierre Clastres (1978) ou seja, a antropologia Clássica de cada dia. Até então era satisfatório, dava conta de ler a “realidade” do meu campo. No decorrer da disciplina Gênero e Sexualidade, percebi como esse universo era mais amplo e complexo para uma aprendiz de antropologia tão obstinada a pesquisar religiosidade a partir do ritual; tantos conceitos: gênero, sexo, sexualidade que se encontram numa arena política e discursiva marcada por segmentações. Novamente vinha à cabeça, como escrever sobre um tema o qual não possuo domínio e não tenho autoridade discursiva?
Encontrei em meio a tantos textos uma carta escrita por uma amiga chicana, palavras marcantes bordadas de poesia. Foram essas palavras que me encorajaram a dar os primeiros passos na escrita: “Escrever é perigoso porque temos medo do que a escrita revela: Os medos, as raivas, a força de uma mulher sob uma opressão tripla ou quádrupla. Porém neste ato reside nossa sobrevivência, porque uma mulher que escreve tem poder. E uma mulher com poder é temida.” (Andazalduá, 2000, p.234).
Escrever é perigoso? Essa frase me causou inquietação, fiquei digerindo - a por longas horas, escrever realmente é perigoso, mas o perigo maior é o silêncio. Eu como um pequeno pedaço do Vale do Jequitinhonha me atrevi mergulhar na antropologia, ousei como tantas mulheres de “cor” dessa região transformar barro em arte, palavras em canções. Nesse trabalho, aproprio-me do poder das palavras para escrever sobre mulheres quilombolas no Norte de Minas Gerais, mulheres de “cor” como eu e tantas outras brasileiras; brancas, parda, negras, indígenas, ribeirinhas, agricultoras, operárias, domésticas , casadas, solteiras, lésbica, viúvas, escolarizadas ou não.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 3: Ser mulher, negra e classe trabalhadora no Brasil: uma análise acerca da intersecção de gênero, raça e classe na sociedade capitalista

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentadora: Jussara de Cássia Soares Lopes
RESUMO: A proposta deste trabalho é debater sobre como gênero, raça e classe se interseccionam, funcionando como mecanismos de acirramento das opressões no âmbito da sociedade capitalista. A reflexão se faz necessária e, no caso brasileiro – foco de análise deste estudo – é imprescindível levar em consideração a formação sócio-histórica do país, bem como seus rebatimentos na contemporaneidade, que resulta em uma realidade particularizada em vários aspectos. Assim, nossa reflexão é uma tentativa de problematizar o que significa ser mulher, negra e classe trabalhadora no Brasil, apontando para a importância de se pautar as opressões extraeconômicas na luta por uma sociedade emancipada.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 2: Feminismo negro americano: o conceito jurídico de discriminação múltipla a partir da interseccionalidade

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentador: Rodrigo da Silva
RESUMO: O trabalho examina a contribuição dos estudos do feminismo negro americano para a interpretação do conceito jurídico de discriminação múltipla, assim como a sua relevância para o enfrentamento jurídico da discriminação no cenário brasileiro e latino-americano. No quadro do direito da antidiscriminação, mormente no que toca às técnicas legislativas dos critérios proibidos de discriminação, busca a compreensão da discriminação interseccional, a partir das origens e dos respectivos debates conceituais. Ao verificar a escassez de abordagem contextualizada das situações discriminatórias, trata da importância da inserção do tema, como revelador de originais e irredutíveis formas de discriminação, sob uma perspectiva qualitativa e não quantitativa, como forma de uma aplicação mais efetiva do princípio da igualdade no Direito.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

Seção Temática Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - SERNEGRA - Comunicação 1: Feminismo negro

Coordenadora: Jaqueline Gomes de Jesus
Apresentador: Douglas Alves Viana
RESUMO: O presente trabalho faz uma análise das formas como a sociedade patriarcal e racista perpassaram a vida de Lélia Gonzalez e Beatriz Nascimento, tendo como fonte principal os livros: ”Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento” (RATTS, 2006) e “Lélia Gonzalez” (RATTS; RIOS, 2010), além de artigos das autoras, e em como estas não só resistiram ao embranquecimento imposto pelos meios sociais que formam a “torre de marfim” que era universidade brasileira, como também "reexistiram", passando por momentos de, revisitando por vezes a infância e adolescência revendo os meios como a estética da brancura foi ao longo de suas vidas colocada como elemento de destruição de seus corpos e memórias enquanto mulheres negras. Sendo constituídas durante esse processo enquanto intelectuais negras, marcadas pelo feminismo negro, que faz a interseção entre raça e gênero se tornando ambas importantes pesquisadores e lideres responsáveis por impulsionar a luta anti-racista no Brasil. Buscamos identificar a partir daí, as formas como se deram esse enfrentamento e as reflexões que essas mulheres negras deixam sobre as sinuosidades que compõem o racismo brasileiro, os meios sutis que muitas vezes ele se utiliza para embranquecer o negro que sai de seu lugar social, "lugar de negro" e adentra na universidade brasileira pensa por e para as elites.
Maiores informações sobre a Seção Temática em http://jaquejesus.blogspot.com.br/2013/10/feminismo-negro-na-encruzilhada.html e sobre o SERNEGRA em http://sernegra2013.blogspot.com.br.

domingo, 20 de outubro de 2013

Animais Biográficos

O ser humano é um projeto: você só se deixa de ser sombra quando se torna autor(a) de si mesmo(a).
Sua biografia é a sua história inscrita na carne; sua identidade pessoal na multidão de identidades sociais.
Somos animais políticos, podemos nos humanizar quando nos tornamos biográficos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Abjeção e Desejo no Discurso Midiático sobre Feminilidades Trans

Resumo: Com o aperfeiçoamento da democracia, aumenta a visibilidade da população transgênero (pessoas transexuais e travestis), a qual demonstra a complexidade dos conceitos de gênero e de corpo. Homens e mulheres transexuais são afetados por estereótipos e práticas deletérias com relação a seus direitos humanos, sociais e econômicos, a seus relacionamentos afetivos e aos seus corpos, em um processo de desumanização reproduzido pelos meios de comunicação. O presente trabalho aprofunda a discussão sobre a estética trazida pelas feminilidades trans, investigando, por meio de um grupo focal online, as percepções acerca das representações feitas sobre esses corpos de mulheres em uma imagem retirada de um vídeo de propaganda. Foram identificados, a partir de uma análise semiótica, discursos preconceituosos, pautados pela ridicularização, e a construção de contradiscursos inclusivos, orientados pela humanização.

Abjeção e Desejo no Discurso Midiático sobre Feminilidades Trans by Jaqueline Gomes de Jesus

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Dia dos Professores

Estou muito feliz com o presente de uma aluna engajada no aprendizado, pelo Dia dos Professores.
Obrigada pelo carinho da lembrança! O reconhecimento não tem preço.

domingo, 13 de outubro de 2013

Sobre o Fundamentalismo

"Um monge perguntou a Ummon: O que é o Buda? - Ummon respondeu: Bosta seca".
Livre tradução de tradução em inglês (Senzaki & Reps, 1934) do caso número 21 do Portão Sem Portão (Mumonkan), obra clássica do Zen Budismo escrita pelo mestre chinês Mumon Ekai em 1228.
*
Qualquer fundamentalismo - religioso, ideológico, político, metodológico - esvazia o sentido do outro como plenamente humano, e fornece à pessoa fundamentalista justificativas para práticas de ridicularização, subordinação, exclusão ou extermínio de quem pensa ou é diferente dela.
O fundamentalismo também impede que se pense ou se interprete o mundo de forma diferente da usual, é por definição repressivo, em nome de um ideário de civilização (sim, o fundamentalista crê que é mais cidadão que outros).
Em verdade vos digo: o fundamentalismo religioso que empesteia a política brasileira é de base totalitária, na medida em que sua busca pelo poder se orienta por verdades que se expressam por meio do uso de mentiras e da eleição de inimigos objetivos dentre aqueles que discordam de sua propaganda ideológica (sejam eles ateus, candomblecistas, feministas, profissionais do sexo, defensores/as da discriminalização do aborto, lésbicas, gays, bissexuais, assexuais, travestis, transexuais, transgêneros, intersexuais, esta ou aquela rede de comunicação, indígenas, libertários, anarquistas, punks, entre outros).
Não eram apenas os escravagistas e os nazistas que praticavam infrahumanização, pois ela persiste, por outros meios, na Era do Conhecimento, em nossa sociedade pós-industrial, caracterizada pela crise de representação do sagrado e das figuras de autoridade. Irônico, para não dizer trágico.

Racismo na Infância: as marcas da exclusão

Matéria na edição 126, deste mês, da revista Fórum - outro mundo em debate aborda o problema do racismo na infância, os processos de formação da mentalidade racista - a partir de uma cultura pautada pela exclusão e subalternização de pessoas negras - e os seus efeitos perniciosos nas crianças negras discriminadas. Fui uma das pessoas entrevistadas pela jornalista Maíra Streit.
Indico a leitura, inclusive como bom material para um trabalho socioeducativo para reflexão e discussão no sentido do enfrentamento à discriminação racial, especialmente nas escolas. Está disponível no link http://revistaforum.com.br/blog/2013/10/racismo-na-infancia-as-marcas-da-exclusao-2

sábado, 12 de outubro de 2013

A Construção da Cidadania

"Apesar de historicamente estabelecido, o conceito de 'cidadão' ainda está em construção, pois em grande medida a sua definição não é condizente para um número considerável de pessoas.
Ele surgiu, primeiramente, entre os gregos, para os quais o cidadão era o homem frequentador da pólis, o que excluía os escravos e as mulheres: ser cidadão era um privilégio de poucos indivíduos livres do gênero masculino.
Mesmo a Revolução Francesa, tida como alicerce da cidadania, promotora da ideia de que todos os seres humanos nascem iguais (Odalia, 2003), não conseguiu transpor para o mundo real as teorizações inseridas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão quanto à liberdade, à igualdade e à fraternidade. Isso foi constatado por aqueles que, efetivamente, pretenderam levar ao pé da letra a concepção de igualdade entre os homens: os negros que fizeram a Revolução Haitiana (1791-1804), também conhecida como Revolta de São Domingos (James, 2000).
Conforme relata Hobsbawm (1996), a Revolução Francesa foi organizada em torno de consensos da classe burguesa, não havia líderes, mas ideologias que sustentavam a necessidade da ação contra o Antigo Regime.
Os revolucionários da então colônia de São Domingos acolheram as propostas da metrópole francesa e lideraram uma rebelião bem-sucedida contra os escravocratas. Independente, o Haiti foi alvo de perseguições internacionais por ser um país onde os escravos tomaram o poder. Os governos nacionais, especialmente os americanos, temiam que se propagasse entre os seres humanos escravizados a percepção de que eles tinham o direito natural à cidadania e, portanto, o direito à desobediência civil.
O cidadão não surge no âmbito da família, ou da rede social mais próxima. A figura do cidadão pertence a um agrupamento mais amplo, o Estado. Este é detentor do monopólio da força (Weber, 2003), responsável pelas leis, regulador do interesse geral sobre os interesses particulares. Os direitos dos cidadãos, como construções baseadas na estrutura de um Estado, não são benesses privadas, mas conquistas da coletividade, portanto universalistas:
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranquila (Pinsky, 2003: 9)".
*
Trecho de Jesus, J. G. (2012). Ser cidadão ou escravo: repercussões psicossociais da cidadania. Crítica e Sociedade: Revista de Cultura Política, v. 2, n. 1, 42-63. Disponível em http://www.seer.ufu.br/index.php/criticasociedade/article/view/14920/9772

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fazendo Gênero

Foto de Hailey Alves, divulgada no Facebook.
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Depois do Desfazendo Gênero, participei do tradicional Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos, realizado pelo Centro de Filosofia e Ciências Humanas, pelo Centro de Comunicação e Expressão, bem como por outros Centros da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com o Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, de 16 a 20 de setembro.
Foi um momento de aprofundamento reflexivo sobre o feminismo e as questões de gênero, contextualizadas aos encontros e desencontros de pessoas, grupos e linhas de pensamentos lá que se encontraram.

Desfazendo Gênero

Foto da autora.
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Lembrando da minha participação no Seminário Internacional Desfazendo Gênero: subjetividade, cidadania e transfeminismo, realizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos pela Diversidade Sexual, Gênero e Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, de 14 a 16 de agosto. Deixou muitas boas lembranças, aprendizados e saudades.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira - Seção Temática SERNEGRA

SERNEGRA - II Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (Instituto Federal de Brasília, de 17 a 20 de novembro)
Programação da Seção Temática - ST 01: Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira: intersecionalidade, diálogos e horizontes (sala do Campus Brasília a ser definida)
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20 de novembro
9h - Apresentação da ST 01 - Coordenadora Jaqueline Gomes de Jesus (UnB)
9h10 - Comunicação 1: Feminismo negro - Douglas Alves Viana (UFG)
9h30 - Comunicação 2: Feminismo negro americano: o conceito jurídico de discriminação múltipla a partir da interseccionalidade - Rodrigo da Silva (UNIRITTER)
9h50 - Comunicação 3: Ser mulher, negra e classe trabalhadora no Brasil: uma análise acerca da intersecção de gênero, raça e classe na sociedade capitalista - Jussara de Cássia Soares Lopes (UFOP)
10h10 - Comunicação 4: Devaneios de uma aprendiz de antropologia - Francy Eide Nunes Leal (UFG)
10h30 - Intervalo
11h - Comunicação 5: Deslocamentos e estratégias de resistência em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, e Hibisco roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie - Maria Aparecida Cruz de Oliveira (UnB)
11h20 - Comunicação 6: "Escrita de si, escrita da outra": Cristiane Sobral e Lívia Natália - Ana Caroline Carmo Silva (UNEB)
11h40 - Comunicação 7: Tetos de vitrais: gênero e raça na contabilidade - Sandra Maria Cerqueira da Silva Mattos (USP)
12h - Debate
12h30 - Encerramento

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Programação SERNEGRA 2013

Programação da II Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça - SERNEGRA, de 17 a 20 de novembro de 2013:

Programação SERNEGRA by Jaqueline Gomes de Jesus

Visite o blog do SERNEGRA: http://sernegra2013.blogspot.com.br

sábado, 5 de outubro de 2013

São Benedito, O Negro

Fonte: http://www.michaeloart.com/black-magi-and-others-european-art
São Benedito, hoje é o seu dia. Ensina-nos a Folhinha: filho de escravos africanos, nasceu na Sicília em 1526. Jovem entrou para uma comunidade de eremitas franciscanos, passou para a Ordem dos Frades Menores e, no convento de Santa Maria em Palermo foi cozinheiro, mestre de noviços e, em 1578, superior do convento. Morto em 1589, sua canonização ocorreu em 1807.
O caso de São Benedito, venerado por séculos em comunidades negras brasileiras, faz-me refletir - novamente - sobre os processos de exclusão de pessoas negras ao longo da Era Moderna, pautada pelo tráfico transatlântico de africanos escravizados.
Um escape religioso ante à exploração e às subalternizações estruturais? Um exemplo de ascensão na sociedade branca eurocêntrica? Um token incluído ante a uma imensidão de negras e negros aviltados? Talvez todas as opções, e outras, sejam cabíveis, naqueles tempos em que o Estado, no Ocidente, era imiscuído com a Igreja Católica.
Com relação à contemporaneidade, nenhuma pessoa negra - ou indígena, lembrando que estamos em mobilização pelos direitos dos povos indígenas - deveria, em sã consciência, deveria confiar plenamente no Estado brasileiro para a superação das desigualdades raciais e étnicas deste país, onde o poder é branco, oligárquico - senão clânico - e colonizado.
E não existem mais santos para servirem como referencial. Enquanto o racismo institucional permanecer constante e intenso como é, continuaremos a ter apenas um ou outro exemplo de pessoa negra em espaço de poder - exceções perseguidas e monitoradas que confirmam a regra.
Grandes são os desafios para que as ações individuais e coletivas modifiquem o perfil racista e etnocêntrico do poder neste país - em quaisquer instâncias.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Movimentos de Luta pela Libertação

"A história da sociedade brasileira, defendem Aquino e cols. (1999, 2000), só pode ser conhecida quando a oficialidade dos vencedores é contrastada ante ao papel da participação popular na busca de justiça social, democracia e humanismo real, mascarada pela repressão.
A sociedade civil organizada, em semelhante conjuntura, conforme definido por Schiochet (1999), constitui-se enquanto 'instrumento conceitual de politização do social' (p. 7), significando que a sociedade se organiza para a política por meio dos movimentos sociais, de modo que os indivíduos participantes desses movimentos, os contemporaneamente denominados 'ativistas' ou 'militantes' são em si mesmos veículos do interesse da coletividade, e não apenas de seus próprios interesses.
Exemplos de resistência à falsa cordialidade do escravismo brasileiro, defendida por autores como Gilberto Freyre (2003), reverberam em toda literatura científica e nos documentos históricos. Como resgatou Silva (2001), a partir da análise do trabalho realizado por escravos e libertos no Rio Grande do Sul com o manuseio de químicas, observa-se que os escravos formavam redes de solidariedade até mesmo para obtenção de drogas com as quais alguns envenenavam 'toda a ceia da família de seu senhor' (p. 31), e muitos praticavam 'feitiçaria', sofriam alcoolismo, tabagismo ou consumiam-nas para entorpecimento, cometiam suicídios: era comum os senhores de escravos vigiarem o parto das escravas, para que essas não matassem seus filhos recém-nascidos, evitando assim que as crianças fossem escravizadas desde a pequena infância. Tudo isso realizado como prática de resistência ao horrível martírio da escravidão, prática de suicídio como libertação, reiterada desde a Antiguidade, simbolizada inclusive na literatura eurocêntrica por figuras clássicas como Demóstenes e Cleópatra, que como milhões de outros não-libertos na História, livravam-se da morte ignominiosa, da injúria ou da servidão perpétua conduzindo sua morte com as próprias mãos.
É uma constatação dos movimentos de resistência à opressão e em prol da libertação em qualquer lugar do mundo, especialmente nos países submetidos aos regimes colonialistas, como as nações africanas, que esses regimes buscam a legitimação de sua autoridade por meio do trabalho de aproximação entre os sujeitos colonizados e caricaturas de sua identidade histórica (South West África People’s Organisation of Namíbia – SWAPO, 1987).
O movimento pela libertação, assim, configura-se não só como um ato de liberação física, mas principalmente de independência psicossocial ante à força do opressor.
Historicamente, o sucesso ou o fracasso dos movimentos sociais pela libertação depende, segundo Rudé (1991), da sua associação e influência ante aos detentores do poder, em especial 'as forças armadas à disposição do governo'; esse dado é especialmente verificável quando se refere ao Brasil, em que a obediência das forças armadas ao governo instituído sempre foi uma variável mais fortemente dependente de fatores sociais e políticos do que unicamente militares. Pode-se traduzir essa força armada como uma força da arma, ou em poder de intervir materializado.
A ação pela libertação dos oprimidos, destarte, é um processo de empoderamento que, por meios particulares, resulta na libertação. Conforme apontado acerca do pensamento de Gramsci, segundo Finelli (2001), somente enquanto resultado, e não como princípio, é que se pode avaliar a capacidade de ação de uma subjetividade sobre a história, resultado constatado por meio da evolução dos grupos subalternos do nível das iniciativas tão-somente econômicas para o nível das iniciativas culturais e políticas".
Trecho extraído de JESUS, J. G. (2005). Trabalho escravo no Brasil contemporâneo: representações sociais dos libertadores. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia. Brasília: Universidade de Brasília, pp. 52-54. Disponível eletronicamente em http://issuu.com/jaquelinejesus/docs/libertadores_de_escravos_no_brasil_contempor_neo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Carta Aberta TRANSFEMINISMO FAZENDO GÊNERO

Nós, participantes do pioneiro Simpósio Temático “Feminismo Transgênero e Transfeminismo”, realizado durante o Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 – Desafios Atuais dos Feminismos (FG10), como coletivo auto-organizado e orientado pela agenda transfeminista, discutimos e aprovamos a presente Carta Aberta “Transfeminismo Fazendo Gênero” à comunidade universitária, participantes do evento e, em especial, à organização do Seminário, composta pelo Centro de Filosofia e Ciências Humanas e pelo Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina e pelo Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Reconhecemos a importância da inclusão da teoria e da ação transfeminista na pauta de discussões deste Seminário de impacto internacional, com repercussões estruturais e incontornáveis nos feminismos contemporâneos; nos debates sobre as condições das mulheres e no próprio entendimento de acadêmicas/os, ativistas e demais pensadoras/es sociais acerca do que configura o(s) gênero(s).
Nesse sentido, vimos por meio desta registrar à Coordenação Geral e à Comissão Científica do evento nosso reconhecimento pela abertura para o diálogo sobre o transfeminismo quando o Simpósio Temático foi aprovado – pertinência que foi referendada pela qualidade e quantidade de trabalhos submetidos e aprovados – e pela iniciativa de ter organizado a Mesa Redonda “Transfeminismos no Brasil”, ambos espaços de debate plenamente integrados ao espírito desta edição do FG10, os desafios atuais dos feminismos.
Alertamos, para fins de aprimoramento das futuras edições, que a atualidade do tema e a pouca produção no campo pode ter gerado o desconforto observado na Mesa “Transfeminismos no Brasil”, na qual, apesar da qualidade e importância das pesquisas das palestrantes que se apresentaram, apenas uma delas possuía escopo teórico na questão propriamente dita.
Sugerimos à organização do evento que todas/os as/os debatedoras/es em quaisquer mesas sobre transfeminismo sejam pesquisadoras/es e/ou pessoas com expertise na área.
Ressaltamos que urge uma valorização dos conhecimentos e modos de fazer das pessoas trans, construídos historicamente, por meio de enfrentamentos ao cotidiano de exclusão ao qual a população trans está submetida no Brasil, culminando em um genocídio trans invisibilizado nas estatísticas oficiais ou indevidamente identificado como parte de um processo de homofobia – esta é a nação na qual mais se matam pessoas trans no mundo, conforme dados de pesquisa coletados em 55 países pela Organização Não Governamental Transgender Europe.
Convidando para uma produção solidária de não silenciamento, discordamos de qualquer tentativa de menosprezar as vozes – cada vez mais audíveis – das pessoas trans que denunciam o sexismo, o cissexismo e, em certos casos, a transfobia de quem considera que as pessoas trans devam ser apenas ouvintes ou objetos de estudo, e não sujeitos produtores de saberes.
Em resposta a discursos mal intencionados ou desinformados, destacamos que não buscamos naturalização de identidades por meio do uso do termo “cisgênero”, em contraposição ao de “transgênero”, pretendemos tão-somente localizar as pessoas trans e cis em seus espaços identitários de gênero e forçar o reconhecimento de que há privilégios, constituídos socialmente, para pessoas cisgênero, em detrimento das pessoas transgênero.
Convidamos acadêmicas/os a se mobilizarem favoravelmente pela inclusão efetiva – e não apenas no discurso – da população transgênero nas universidades brasileiras, seja como estudantes, técnicas/os ou professoras/es, sem temores infundados de “invasão” de espaços, mas, isso sim, de diminuição de alguns dos inúmeros obstáculos que impedem ou prejudicam a inserção e a permanência de pessoas trans no Ensino Superior, em quaisquer posições.
Concluindo, exaltamos as/os estudiosas/os e grupos de pesquisa que, apesar da quase ausência de apoio financeiro e infraestrutural aos estudos e pesquisas sobre a realidade das pessoas trans e sua transformação, empreendem trabalhos intelectuais e de intervenção com ousadia e senso de justiça social.
Florianópolis, 20 de setembro de 2013.

A Statement of Trans-Inclusive Feminism and Womanism

We, the undersigned trans* and cis scholars, writers, artists, and educators, want to publicly and openly affirm our commitment to a trans*-inclusive feminism and womanism.
There has been a noticeable increase in transphobic feminist activity this summer: the forthcoming book by Sheila Jeffreys from Routledge; the hostile and threatening anonymous letter sent to Dallas Denny after she and Dr. Jamison Green wrote to Routledge regarding their concerns about that book; and the recent widely circulated statement entitled “Forbidden Discourse: The Silencing of Feminist Critique of ‘Gender,’” signed by a number of prominent, and we regret to say, misguided, feminists have been particularly noticeable. And all this is taking place in the climate of virulent mainstream transphobia that has emerged following the coverage of Chelsea Manning’s trial and subsequent statement regarding her gender identity, and the recent murders of young trans women of color, including Islan Nettles and Domonique Newburn, the latest targets in a long history of violence against trans women of color. Given these events, it is important that we speak out in support of feminism and womanism that support trans* people.
We are committed to recognizing and respecting the complex construction of sexual/gender identity; to recognizing trans* women as women and including them in all women’s spaces; to recognizing trans* men as men and rejecting accounts of manhood that exclude them; to recognizing the existence of genderqueer, non-binary identifying people and accepting their humanity; to rigorous, thoughtful, nuanced research and analysis of gender, sex, and sexuality that accept trans* people as authorities on their own experiences and understands that the legitimacy of their lives is not up for debate; and to fighting the twin ideologies of transphobia and patriarchy in all their guises.
Transphobic feminism ignores the identification of many trans* and genderqueer people as feminists or womanists and many cis feminists/womanists with their trans* sisters, brothers, friends, and lovers; it is feminism that has too often rejected them, and not the reverse. It ignores the historical pressures placed by the medical profession on trans* people to conform to rigid gender stereotypes in order to be “gifted” the medical aid to which they as human beings are entitled. By positing “woman” as a coherent, stable identity whose boundaries they are authorized to police, transphobic feminists reject the insights of intersectional analysis, subordinating all other identities to womanhood and all other oppressions to patriarchy. They are refusing to acknowledge their own power and privilege.
We recognize that transphobic feminists have used violence and threats of violence against trans* people and their partners and we condemn such behavior. We recognize that transphobic rhetoric has deeply harmful effects on trans* people’s real lives; witness CeCe MacDonald’s imprisonment in a facility for men. We further recognize the particular harm transphobia causes to trans* people of color when it combines with racism, and the violence it encourages.
When feminists exclude trans* women from women’s shelters, trans* women are left vulnerable to the worst kinds of violent, abusive misogyny, whether in men’s shelters, on the streets, or in abusive homes. When feminists demand that trans* women be excluded from women’s bathrooms and that genderqueer people choose a binary-marked bathroom, they make participation in the public sphere near-impossible, collaborate with a rigidity of gender identities that feminism has historically fought against, and erect yet another barrier to employment. When feminists teach transphobia, they drive trans* students away from education and the opportunities it provides.
We also reject the notion that trans* activists’ critiques of transphobic bigotry “silence” anybody. Criticism is not the same as silencing. We recognize that the recent emphasis on the so-called violent rhetoric and threats that transphobic feminists claim are coming from trans* women online ignores the 40+ – year history of violent and eliminationist rhetoric directed by prominent feminists against trans* women, trans* men, and genderqueer people. It ignores the deliberate strategy of certain well-known anti-trans* feminists of engaging in gleeful and persistent harassment, baiting, and provocation of trans* people, particularly trans* women, in the hope of inciting angry responses, which are then utilized to paint a false portrayal of trans* women as oppressors and cis feminist women as victims. It ignores the public outing of trans* women that certain transphobic feminists have engaged in regardless of the damage it does to women’s lives and the danger in which it puts them. And it relies upon the pernicious rhetoric of collective guilt, using any example of such violent rhetoric, no matter the source — and, just as much, the justified anger of any one trans* woman — to condemn all trans* women, and to justify their continued exclusion and the continued denial of their civil rights.
Whether we are cis, trans*, binary-identified, or genderqueer, we will not let feminist or womanist discourse regress or stagnate; we will push forward in our understandings of gender, sex, and sexuality across disciplines. While we respect the great achievements and hard battles fought by activists in the 1960s and 1970s, we know that those activists are not infallible and that progress cannot stop with them if we hope to remain intellectually honest, moral, and politically effective. Most importantly, we recognize that theories are not more important than real people’s real lives; we reject any theory of gender, sex, or sexuality that calls on us to sacrifice the needs of any subjugated or marginalized group. People are more important than theory.
We are committed to making our classrooms, our writing, and our research inclusive of trans* people’s lives.
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Read the entire text and know the signers in: http://feministsfightingtransphobia.wordpress.com/2013/09/16/a-statement-of-trans-inclusive-feminism

sábado, 14 de setembro de 2013

TransFeminismos no Brasil

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Pôster por Samie Carvalho (https://www.facebook.com/SashaTheLioness?fref=ts).
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Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos
Mesa-Redonda TransFeminismos no Brasil
Quando: 19/09, quinta-feira, das 9h às 12h.
Onde: Auditório Prof. Dr. Paulo Fernando de Araujo Lago (Auditório do CFH), Térreo, Bl. B, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Coordenação: Fátima Weiss de Jesus (Universidade Federal do Amazonas)
Palestrantes:
Anna Paula Vencato (Universidade Paulista)
Jaqueline Gomes de Jesus (Universidade de Brasília)
Paula Sandrine Machado (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
O transfeminismo é uma linha de pensamento em construção, que visa ao delineamento de ações voltadas à emancipação social e política de pessoas transgênero (particularmente travestis e transexuais). A mesa propõe um debate sobre noções de gênero engendradas não apenas no transfeminismo, mas entre diferentes protagonismos de complexos trânsitos de gênero (como o crossdressing e a intersexualidade) que trazem elementos fundamentais para colocar em perspectiva o feminismo na contemporaneidade.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

ÚLTIMOS DIAS para Inscrições de Trabalhos - SERNEGRA

Sexta-feira, 13 de setembro, é o último dia para inscrições de trabalhos nas Seções Temáticas da SERNEGRA - Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça no IFB.
Acesse https://docs.google.com/a/etfbsb.edu.br/forms/d/1icwsNGIDgN7V6WbQXbB6sNg3HHqYTOZmpSp5z50s45U/viewform?edit_requested=true

Solidariedade a Dulce Pandolfi e outros pesquisadores do CPDOC-FGV

Ao centro, de verde, a professora Dulce Pandolfi. Foto: Wilton Júnior/Estadão.
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Carta de Solidariedade a Dulce Pandolfi e outros pesquisadores do CPDOC-FGV
Disponível para assinatura em http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2013N43949:
"UMA DEMISSÃO ARBITRÁRIA E INADMISSÍVEL NUMA INSTITUIÇÃO DE PESQUISA E ENSINO
No dia 6 de setembro de 2013, uma sexta feira à tarde, a direção do CPDOC demitiu sumariamente Dulce Pandolfi, uma das pesquisadoras conhecidas do CPDOC-FGV, autora de livros e trabalhos de referência sobre a história política contemporânea de Pernambuco, sobre o federalismo no Brasil, sobre o Partido Comunista Brasileiro, sobre a história contemporânea das favelas cariocas, sobre movimentos sociais. Além de historiadora do CPDOC, foi recentemente diretora do IBASE (que conciliava com suas 20 hrs. no CPDOC), e participou de júris de premiação de teses da ANPOCS. Em suma é uma militante da academia das ciências sociais brasileiras e uma militante cívica da história contemporânea brasileira. Este ano mesmo foi convidada pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro para ser uma das duas depoentes testemunhas da violência exercida pela ditadura militar em sessão pública inaugural. Seu depoimento é uma peça histórica de tal importância que é difícil o CPDOC, com seu famoso acervo documental das elites brasileiras (e um acervo menor referente a grupos populares e seus representantes, graças ao trabalho de alguns pesquisadores da instituição em que Dulce Pandolfi se inclui) ter um documento de tal expressão da densidade da condição humana em situações extremas. (Os historiadores do futuro estudiosos do depoimento de Dulce Pandolfi ficarão pasmos de saberem de sua demissão pretérita do CPDOC).
A demissão foi justificada por uma avaliação feita por comissão acadêmica de quatro membros. Os funcionários foram convocados a produzirem e apresentarem sua documentação. Sabedora da prática institucional recente da direção de demitir seus funcionários que atingem os 65 anos, Dulce Pandolfi não via razão para enviar seu dossiê, visto que atingiria tal idade em poucos meses. Apesar de estar em viagem foi compelida a apresentar seus documentos. As avaliações que nas instituições acadêmicas usualmente são feitas para dar lastro a progressões ou seleções para postos superiores, aqui serviu para demissões sumárias. As avaliações acadêmicas são bem vindas como fator de vitalização e aperfeiçoamento das instituições. No entanto a contabilidade avaliativa acadêmica já vem sendo posta em questão de forma arrasadora pela contra-expertise de acadêmicos tais como Marilyn Strathern (no caso da Inglaterra), e pode se tornar, à revelia dos avaliadores, uma arma perigosa na mão de direções tecnocráticas destemperadas por mandatos imperiais sem controle dos pares. A pretensa base acadêmica a ser legitimada pela contratação de banca avaliadora de alta qualificação se esvai diante do uso da avaliação feita por uma direção que carece de auto-avaliação e da legitimidade acadêmica que é a rotatividade de mandatos de direção e coordenação. Prática esta que contraria inclusive a história precedente desta instituição de pesquisa histórica, o CPDOC, que sempre teve, no seu passado, mandatos fixos de consenso geral. Se esta instituição quer se mirar nas práticas acadêmicas de excelência, sem dúvida falta-lhe agora a legitimidade da pratica universitária democrática elementar, cuja eficácia é dada pelos contrapesos da variedade sucessiva dos dirigentes bem como da prática de capacitação compartilhada de direção pelos pares ao longo do tempo. Além disso, a presença de instâncias de participação do conjunto dos pesquisadores e professores em atividades de deliberação presenciais, em que a direção presta contas ou se inspira da opinião dos colegas, é sem dúvida uma prática acadêmica que qualquer avaliação da instituição deve levar em conta. Para que inclusive a longa permanência do dirigente, indicado por cima e não pelos pares, não seja eivada de suspeitas de sua perseguição subjetiva a colegas avessos a suas idiossincrasias.
E assim se chega ao paradoxo desta instituição famosa de pesquisa, documentação e ensino de história contemporânea ser palco, aos seus 40 anos de idade, da demissão de uma de suas pesquisadoras renomadas, que fez parte da construção do seu prestígio ao longo do tempo (e que nela está há 40 anos); e feita sumariamente à revelia das demais instâncias de coordenação e às escondidas dos colegas. Ao paradoxo de uma instituição que deposita a documentação da história contemporânea do Brasil, que organiza e conhece as vicissitudes das práticas democráticas e das práticas ditatoriais deste período, e que com base nela produz pesquisa e ensino de qualidade; seja a mesma instituição que se apresenta agora como uma instituição de direção verticalizada e, sob este aspecto, ignorando a construção universitária ou acadêmica destes últimos 40 anos que se distanciou do antigo poder absoluto do catedrático. Além de demitir uma pesquisadora experiente, a direção do CPDOC dispensou da mesma forma também o jovem pesquisador Cláudio Pinheiro, fazendo com isto atemorizar as novas gerações com as quais a instituição procuraria se renovar, o que não parece uma forma recomendada de reprodução acadêmica.
A demissão de Dulce Pandolfi não pode ser silenciada. Como foram silenciadas as demissões de outras pesquisadoras ao completarem 65 anos no auge de sua produção e relevância acadêmica – prática que faz parte de uma concepção eliminatória da idade estreita e de eficácia empresarial duvidosa (limite anterior ao que acontece nas universidades federais e estaduais, fixadas aos 70 anos; mais estreita que centros acadêmicos de países centrais que se fixam no entorno dos 65 anos mas que estimulam alguns com mais dois anos, etc. e a contracorrente de inciativas como as de bolsas sênior do CNPq, de estímulo à retenção produtiva dos mais experientes). A dispensa recente de Lúcia Lippi, Helena Bousquet Bomeny, Angela de Castro Gomes, Marly Motta, entre outros que resolveram sair por conta própria devido a essa pretensa regra representa uma grande perda institucional, por enquanto menos notada pela comunidade acadêmica geral pela frieza e silenciamento com que foi produzida.
A demissão de Dulce Pandolfi, antecedendo caprichosamente o limite de idade arbitrado há pouco tempo pela instituição é uma demissão idiossincrática de uma direção verticalizada e sem interlocução deliberativa com os pares – algo que está longe de uma prática acadêmica minimamente avaliada e consagrada. E que chama a atenção para a dispensa de outros pesquisadores experientes. É um capricho que priva o professor (neste caso uma paraninfa recente de turmas do CPDOC) de finalizar seu curso, suas atividades de orientação programadas, prejudicando a alunos e pós-doutorandos. E é um acinte a toda a geração de colegas e admiradores de Dulce Pandolfi -- exemplo de historiadora, professora e cidadã cuja militância e testemunho na luta pelos direitos humanos é um orgulho da história brasileira".
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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Simpósio Transfeminismo no Seminário Fazendo Gênero 10, dias 19 e 20/09/2013

Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos
Simpósio Temático 044 - Feminismo Transgênero ou Transfeminismo
Coordenadoras: Jaqueline Gomes de Jesus e Luma Nogueira de Andrade
Local: Sala 323, Bl. B, 1º Andar, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis/SC
Ordem de apresentação dos trabalhos:
19/09 - Quinta-feira
Debatedor: Felipe Flites Moreira
Feminismo e identidade de gênero: elementos para a construção da teoria transfeminista
Feminism and gender identity: elements for the construction of the transfeminist theory
Jaqueline Gomes de Jesus
Da constituição de um campo: transfeminismos como corrente feminista
Of the constitution of a new field: transfeminism as a branch of feminism
Hailey Alves Pedro da Silva
Direitos trans à luz de princípios constitucionais. Lutas, conquistas, avanços e retrocessos de direitos de transgêneros
Trans rights in of constitutional principles. Struggles, achievements, progress and setbacks transgenders rights
Giowana Cambrone Araujo
Direito à Identidade: Viva seu nome. A retificação do registro civil como meio de conquista da cidadania para travestis e transexuais
Right to Identity: Live your name. The rectification of civil registration as a means of gaining citizenship for transvestites and transsexuals
Luisa Helena Stern Lentz
Max Weber, Tipo Ideal e o Universo T (Transexuais e Travestis)
Max Weber, and the Universe Ideal Type T (Transgender and Transsexual)
Marcio Sales Saraiva
Borrando fronteiras? Intersecções de gênero e sexualidade em campos teórico-políticos sob disputa
Blurring boundaries? Intersections of gender and sexuality in theoretical and political fields under dispute
Natalia Silveira de Carvalho
Os homens transexuais brasileiros e o discurso pela (des)patologização da transexualidade
Brazilian transexual men and the discourses in favor of the (de) pathologization of transexuality
André Lucas Guerreiro Oliveira
É a natureza quem decide? Reflexões trans* sobre gênero, corpo, e o (ab)uso de substâncias
Is it up to nature to decide? Trans* reflections on gender, body, and substance (ab)use
Viviane V.
A prisão sobre o corpo travesti: gênero, significados sociais e o lusco-fusco do cárcere
The prison on the transvestite’s body: gender, social meanings and twilight of prison
Guilherme Gomes Ferreira, Marcelli Cipriani Rodrigues, Beatriz Gershenson Aguinsky
Del activismo queer a las travestilidades, algunos apuntes sobre su (in)tensa relación
From queer activism to transvestilities, some notes on its (in)tense relationship
Julieta Vartabedian
20/09 - Sexta-feira
Debatedor: Marcio Sales Saraiva
Navalha na Carne: o não reconhecimento da transexualidade e suas consequências
Razor in the Flesh: the non-recognition of transsexuality and its consequences
Hugo Felipe Quintela
Não-vidência e transexualidade: questões transversais
The sightless and transexuality: transversal questions
Felipe Flites Moreira
Sujeitos em transcurso: análise do discurso de transexuais
Subjects in transcourse: transexual discourse analysis
Mônica Ferreira Cassana
Psychanalyse, transfeminismo, e a (inter)disciplina dos estudos da mulher
Psychoanalysis, Transfeminism, and the (inter)discipline of women's studies
Catherine MacGillivray
Transexualidades: corpos em crise
Transsexualities: bodies in crisis
Liliana Graciete Fonseca Rodrigues, Conceição Nogueira
Transgressoras das categorias de gênero: uma análise do discurso de Trans em Pelotas
Transgressoras das categorias de gênero: uma análise do discurso de Trans em Pelotas
Daniel Luís Moura Vergara
Atenção à saúde da pessoa transexual: horizontes do processo transexualizador no Estado do Rio de Janeiro
Health care of the transexual people: horizons of the transsexualization process in the State of Rio de Janeiro
Mably Jane Trindade Tenenblat
“É a dor da beleza”: as travestis e suas corajosas estilísticas da existência
"It is the pain of beauty": transvestites and their bold stylistics of existence
Marlyson Junio Alvarenga Pereira
Atravessando barreiras - Grupo de reorientação profissional com profissionais do sexo
Traversing barriers - Group of professional reorientation with sex professionals
Rafaela Langaro Figueiró, Eliane Aparecida Abreu Silveira, Ana Carolina dos Santos Rateke
“Ser diferente e chegar à maturidade (...)”: experiências de envelhecimento e travestilidade
“Being different and reaching maturity (...)": experiences of aging and travestility
Fábio Henrique Lopes

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

SERNEGRA - FEMINISMO NEGRO NA ENCRUZILHADA AFROBRASILEIRA: intersecionalidade, diálogos e horizontes

Seção Temática 01: Feminismo Negro na Encruzilhada Afrobrasileira: intersecionalidade, diálogos e horizontes, do SERNEGRA – Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça no IFB.
Inscrições de propostas de comunicações orais ATÉ 13 DE SETEMBRO, em https://docs.google.com/a/etfbsb.edu.br/forms/d/1icwsNGIDgN7V6WbQXbB6sNg3HHqYTOZmpSp5z50s45U/viewform?edit_requested=true
Instruções para o preenchimento da proposta de comunicação oral em http://www.ifb.edu.br/attachments/5288_SERNEGRA%202013_Instrucoes_Inscricao.pdf
Coordenação da Seção Temática: Jaqueline Gomes de Jesus
Feminismo Negro designa um movimento político e intelectual no qual são repensadas as experiências e condições de vida de pessoas negras, a partir de uma perspectiva feminista. O feminismo negro identificou quando de seu surgimento, nos anos 70 do século XX, que ao não levar em conta a interseção entre raça e gênero, o feminismo tradicional não considerava as particularidades das mulheres negras, ou sequer as reconhecia como mulheres. O feminismo negro reavaliou as políticas feministas de um ponto de vista afrocentrado, defendendo dois pontos fundamentais para a crítica ao feminismo tradicional, mas também para o desenvolvimento de outros feminismos, ditos intersecionais: (1) a natureza simultaneamente operacional e interligada das opressões; e (2) a experiência de vida e o conhecimento acumulado pelas mulheres negras como elemento central para os debates e ações feministas. O presente Simpósio Temático tem por objetivo trazer à baila um debate sobre como o feminismo negro tem sido apropriado e re-elaborado como conceito e prática na realidade afrobrasileira. Serão acolhidos, entre outros, trabalhos que abordem a natureza operacional e interligada das opressões; a intersecionalidade de gênero, raça, orientação sexual, idade, origem, habilidades físicas e outras dimensões da diversidade; mulheres negras em movimentos feministas; gênero como conceito supremacista-desgenerização na Diáspora; quilombismo e feminismo: diálogos possíveis; experiência de vida e de lutas de mulheres negras; auto-representação de homens negros; e auto-definição, saúde, família, maternidade, liderança comunitária, política sexual na sociedade dominante e no contexto das relações interpessoais de mulheres negras.
Temas:
1 ) Natureza operacional e interligada das opressões;
2 ) Intersecionalidade de gênero, raça, orientação sexual, idade, origem, habilidades físicas e outras dimensões da diversidade;
3 ) Mulheres negras em movimentos feministas;
4 ) Gênero como conceito supremacista - desgenerização na Diáspora;
5 ) Quilombismo e feminismo: diálogos possíveis;
6 ) Experiência de vida e de lutas de mulheres negras;
7 ) Auto-representação de homens negros; e
8 ) Auto-definição, saúde, família, maternidade, liderança comunitária, política sexual na sociedade dominante e no contexto das relações interpessoais de mulheres negras.
Problemas:
1 ) Desconsideração das particularidades de mulheres negras no feminismo tradicional;
2 ) Invisibilidade dos conhecimentos e experiências das mulheres negras;
3 ) Crença essencialista no acesso privilegiado a conhecimento enraizado em experiências comuns que desconsidera a diversidade de ideologias e vivências de pessoas negras;
4 ) Segregação laboral de mulheres negras pela política econômica racista e sexista;
5 ) Estereotipização de gênero e sexualidade das mulheres negras;
6 ) Necessidade de solidariedade com os homens negros na luta contra o racismo e os estereótipos de gênero.
Metodologias:
Serão aceitos trabalhos teóricos ou resultados de pesquisas empíricas que versem sobre algum/ns dos temas citados, pautados por uma leitura afrocentrada, que eventualmente abordem os problemas mencionados.
Abordagens teóricas:
A presente discussão sobre feminismo negro poderá ser pautada pelos textos de diversas/os autoras/es, tais como:
BAIRROS, Luiza. Nossos feminismos revisitados. Estudos Feministas. 3, 2, 458-463, 1995.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. São Paulo: Geledés. Disponível em http://www.geledes.org.br/em-debate/sueli-carneiro/17473-sueli-carneiro-enegrecer-o-feminismo-a-situacao-da-mulher-negra-na-america-latina-a-partir-de-uma-perspectiva-de-genero
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados. 17, 49, 117-133, 2003.
CHRISTIAN, Barbara. Diminishing returns: can black feminism(s) survive the academy?. In: Goldberg, David Theo (Org.). Multiculturalism: A critical reader. Cambridge: Basil Blackwell, 168-179, 1994.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought: knowledge, consciousness and the politics of empowerment. Boston: UnwinHyman, 1990.
GOMES, Nilma Lino. A mulher negra que vi de perto: O processo de construção da identidade racial de professoras negras. Belo Horizonte, Mazza, 1995.
KING, Deborah. Multiple jeopardy, multiple consciousness: the context of a black feminist ideology. Signs, 14, 1, 42-72, 1998.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas: situando-nos enquanto mulheres e negras. Cadernos CEDES, 19, 45, 7-23, 1998.
SPILLERS, Hortense. Mama´s baby, papa´s maybe: an american grammar book. Diacritics, 17, 2, 65-81, 1987.
O SERNEGRA ocorrerá de 18 a 20 de novembro, nos Campi Brasília e Taguatinga do Instituto Federal de Brasília - IFB. Confira a programação completa aqui: http://www.ifb.edu.br/attachments/4831_SERNEGRA%20-%20Cronograma-Divulgacao.pdf