domingo, 10 de outubro de 2021

EL TRABAJO LOS HARÁ HOMBRES



Jaqueline Gomes de Jesus

Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (FIOCRUZ) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


"EL TRABAJO LOS HARÁ HOMBRES", tal dizer ficava em uma placa em um dos campos de reeducação que existiram em Cuba entre 1965 e 1967.

Esse campo de trabalho forçado era exclusivo para homens homossexuais. Há relatos de ex-internos de que lhes eram aplicadas técnicas de condicionamento comportamental:

Levavam choques ou recebiam aplicações de insulina quando expostos a fotos de homens nus, e recebiam comida enquanto eram exibidos filmes de sexo heterossexual, o que se enquadra nas infames, antiéticas e falaciosas "terapias de reorientação sexual", ou "cura gay" que são deploravelmente defendidas e aplicadas ilegalmente em comunidades terapêuticas e clínicas Brasil afora, com aval ou patrocínio de políticos.

Muito mudou em Cuba, na relação do governo com a diversidade sexual e de gênero, desde então. Se Fidel Castro afirmou, em 1965, sobre a homossexualidade que "um desvio dessa natureza rompe com a ideia que temos sobre o que um militante comunista deve ser", desde 1989 o Centro Nacional de Educación Sexual (CENESEX), sob o comando de sua filha Mariela Castro, desenvolve um trabalho extraordinário de pesquisa, educação sobre gênero e sexualidade e mudança cultural em prol da valorização das orientações sexuais e identidades de gênero não hegemônicas, que eu desejo muito conhecer, por em vários aspectos ser mais efetivo em suas intervenções que as políticas voltadas à  população LGBTI+ puramente formais, pautadas na cooptação de lideranças ou marqueteiras que costumamos ver aqui no Brasil, cada vez mais pautadas pela lógica individualista neoliberal, aliada do fundamentalismo religioso e do milicianismo em prol da concentração de renda.

Este Brasil cada vez mais estúpido é alimentado por leituras desestoricizadas (tudo é novidade), competitivas (todos são os primeiros em algo) e anacrônicas sobre o que nós e outros povos viveram.

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