segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MOVIMENTOS SOCIAIS E UNIVERSIDADE: DIÁLOGOS SOBRE RAÇA/ETNIA, DIVERSIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL - Programa

NONO ENUDS
MOVIMENTOS SOCIAIS E UNIVERSIDADE: DIÁLOGOS SOBRE RAÇA/ETNIA, DIVERSIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL
Oficurso
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Jaqueline Gomes de Jesus
Universidade de Brasília
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Programa
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Cronograma: quinta-feira (02/02/12) e sexta-feira (03/02/2012), das 9h às 10h30.
Carga horária: 3 horas
Local a definir.
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Ementa
A globalização, por meio da dinamização dos processos de comunicação subsidiado pela internet (comunicação em rede) e, consequentemente, dos contatos interpessoais e integrupais, tem possibilitado a interpenetração de valores e práticas sociais entre diferentes culturas e dentro das culturas, aumentando a percepção de desigualdades, o redimensionamento de valores e diminuindo distâncias de poder. Esse fenômeno repercute comportamentalmente, em nível individual, e em nível grupal e das massas, tem se expresso por meio da interlocução entre movimentos sociais e espaços de autoridade e saberes historicamente estabelecidos, como as universidades. No Brasil, o Ensino Superior se desenvolveu tardiamente (século XIX) e fundamentou sua estrutura e organização em modelos elitistas, que dificultavam ou impediam o acesso de integrantes de grupos socialmente excluídos, especialmente pobres e negras/os. Nessa conjuntura, as populações discriminadas eram tratadas unicamente como objetos de estudos, dentro de uma visão patologizante, e não como sujeitos ativos. O questionamento, por parte de estudiosos e da sociedade civil organizada, de representações acadêmicas estereotipadas que prejudicavam a isonomia e a inserção institucional, nos anos 90, da pauta das Ações Afirmativas (AA) apresentada desde meados do século XX, primeiramente na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, seguida, no âmbito federal, pela Universidade de Brasília - UnB, tem, ainda hoje, propiciado reconfigurações e rediscussões sobre a questão, que não se restringe à polêmica propiciada pela adoção de cotas nos sistemas vestibulares. De 2004 a 2008 a presente autora assessorou essa última instituição em questões de diversidade e apoio aos cotistas, e coordenou um centro de valorização da população negra no campus, o Centro de Convivência Negra – CCN. Nesse ínterim, teve a oportunidade de conhecer e articular as demandas e estratégias de grupos negros, indígenas, de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). O presente Oficurso disponibilizará conteúdo básico sobre diversidade e interdisciplinaridade, com enfoque psicossocial e com uso de dinâmicas de grupo, e proporá uma análise do histórico do macro-processo de inclusão de pautas sócio-políticas de raça/etnia, gênero e orientação sexual na academia, intercalado com o micro-processo de experiências cotidianas, considerando as iniciativas de movimentos político-identitários orientados pelos temas de raça/etnia, gênero e orientação sexual e políticas efetivas em universidades brasileiras, a fim de possibilitar uma troca privilegiada de saberes e práticas que permita uma visualização ampla do cenário da gestão da diversidade no âmbito universitário nacional.
Palavras-chave: movimentos sociais; universidade; raça/etnia; gênero; orientação sexual.
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Conteúdo programático
02/03 – primeiro dia
Tema geral: diálogos dos movimentos sociais com as universidades
Apresentação – 10 min
Leitura do programa – 5 min
Dinâmica de aquecimento – 15 min
Exibição de filme sobre diversidade na contemporaneidade, seguido de diálogo – 20 min
Relato de experiências em diversidade na Universidade de Brasília – 40 min
Distribuição de textos e orientação para leitura / término das atividades do dia.
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03/03 – segundo dia
Tema geral: dimensões da diversidade
Discussão dos textos – 5 min
Apresentação sobre Gênero, Orientação Sexual e Raça – 20 min
Exibição de filme sobre racismo no Brasil – 25 min
Debate sobre a questão étnico/racial nas universidades – 10 min
Dinâmica O que Causa o Heterossexualismo? – 20 min
Debate – 10 min
Término das atividades do Oficurso.
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Observação: ao término das atividades do Oficurso será sorteado, para os participantes dos dois dias, um exemplar do livro Psicologia Social: Principais Temas e Vertentes, da Editora ArtMed (2011).
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ET 9: Direitos civis, movimento LGBT´s e sociedade.
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Leituras do Oficurso (o material será disponibilizado aos participantes):
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Betty Friedan. (1971). Um novo plano de vida para a mulher.
Laverne Cox. (2011). Vamos falar de outras feminilidades.
Luiz Mott. (2009). A revolução homossexual.
Milton Santos (2000). Ser negro no Brasil hoje.
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Referências indicadas para aprofundamento:
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Bento, B. (2008). O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense.
Butler, J. (2003). Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Cardoso, F. L. (1996). O que é orientação sexual. São Paulo: Brasiliense.
Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Editora UFBA. Disponível eletronicamente em: http://pt.scribd.com/doc/36623756/Pele-negra-Mascaras-Brancas.
Fernandes, F. (2007). O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global.
Jesus, J. G. (2010). Pessoas transexuais como reconstrutoras de suas identidades: reflexões sobre o desafio do direito ao gênero. In: Galinkin, A. L.; Santos, K. B. (Orgs.), Anais do Simpósio Gênero e Psicologia Social: diálogos interdisciplinares. Disponível eletronicamente em: http://generoepsicologiasocial.org/wp-content/uploads/Anais_do_Simposio_Genero_e_Psicologia_Social2010.pdf.
Jesus, J. G. (2011). Atração e repulsa interpessoal. In: Torres, C. V.; Neiva, E. R. (Orgs.), Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed.
Jesus, J. G. (2011). O Protesto na festa: política e carnavalização nas paradas do orgulho LGBT. In: Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO, Textos completos do 16º Encontro Nacional da ABRAPSO. Disponível eletronicamente em: http://www.encontro2011.abrapso.org.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=1632.
Nascimento, A. (1978). O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Perez-Nebra, A. M.; Jesus, J. G. (2011). Preconceito, estereótipo e discriminação. In: Torres, C. V.; Neiva, E. R. (Orgs.), Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed.
Roughgarden, J. (2005). Evolução do gênero e da sexualidade. Londrina: Planta.
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Pirâmide do Sistema Capitalista

Uns alimentam; outros comem, atiram, enganam e governam.
Que tal abalar esses andares?
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domingo, 29 de janeiro de 2012

Hoje é Dia da Visibilidade Trans

BANDEIRA DO ORGULHO TRANSGÊNERO
Sobre ela, a autora, Mônica Helms, comenta: “Azul para meninos, rosa para meninas, branco para quem está em transição e para quem não se sente pertencente a qualquer gênero. Simboliza que não importa a direção do seu vôo, ele sempre estará correto”.
Ainda há muito o que se fazer pela cidadania de transexuais e travestis neste país. Abaixo, mensagem de Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais - ABGLT, em referência à data:
ABGLT parabeniza pelo Dia Nacional da Visibilidade das Pessoas Trans
Hoje, 29 de janeiro, é o Dia da Visibilidade das Pessoas Trans (travestis e transexuais).
A data foi escolhida porque nela houve o lançamento oficial da campanha Travesti e Respeito, promovida pelo Programa Nacional de DST/Aids (atual Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais) do Ministério da Saúde em 2004.
É um dia para parabenizar e fazer uma reflexão sobre a cidadania das pessoas travestis e transexuais. Pesquisas realizadas nas Paradas LGBT no Rio de Janeiro (2004), São Paulo (2005) e Pernambuco (2006) revelaram que quem mais sofrem violência física são as travestis e transexuais (72%), comparado com os gays (22%) e as lésbicas (9%). Segundo dados do Grupo Gay da Bahia as travestis e transexuais representam 30% das pessoas LGBT assassinadas nos últimos anos. Proporcionalmente, esse dado é muito grave, considerando que a população de travestis e transexuais é muito menor que a de gays e lésbicas. Na maioria das vezes, as pessoas travestis e transexuais sofrem rejeição da família, abandonam a escola sem terminar os estudos e enfrentam grandes dificuldades de inserção no mercado de trabalho, entre outros iniquidades vivenciadas, de modo a torná-las altamente vulneráveis social e pessoalmente.
Assim, queremos estender nossa solidariedade e estar ao lado das mesmas para lutarmos contra o preconceito, a discriminação e o estigma por orientação sexual e identidade de gênero.
Toni Reis
Presidente da ABGLT
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Entrevista STJ Cidadão

Acabo de ser avisada que hoje começa a exibição de entrevista que dei ao programa STJ CIDADÃO, da TV Justiça, há algum tempo, explicando o histórico de consolidação de direitos das pessoas homoafetivas que levou às recentes decisões do Supremo Tribunal Federal - STF e do Superior Tribunal de Justiça - STJ que garantiram as uniões estáveis e o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, e os seus reflexos na sociedade.
Na oportunidade, também analisei a relação dos diferentes Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) com a pauta de reivindicações do movimento social de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT, e, enfim, a importância da valorização da diversidade e garantia de direitos fundamentais na consolidação de um Estado efetivamente democrático.
A entrevista será exibida na NET CANAL 10:
Hoje, 27/01, às 18h;
Domingo, 29/01, às 5h30 da manhã; e
Segunda-feira, 30/01, às 20h30.
Posteriormente o programa será postado no site do STJ, divulgarei o link assim que estiver disponível.
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nono Enuds - Ônibus da UnB

Uma ótima notícia!
A Diretoria de Esportes e Artes - DEA da Universidade de Brasília - UnB disponibilizou um ônibus com 41 lugares para alunos/as da UnB participarem do Nono Enuds - Encontro Nacional Universitário sobre Diversidade Sexual, que começa no dia primeiro de fevereiro, na Universidade Federal da Bahia, em Salvador (postagem a respeito aqui).
O ônibus só poderá transportar alunos/as da instituição, sob o acompanhamento da Produtora Cultural da DEA, Rosa Leite.
ATENÇÃO: existe uma lista com pessoas que já solicitaram esse apoio, por isso é necessário contatar a representante local do Enuds aqui em Brasília para saber se ainda cabem pedidos novos de transporte, e quais dados são necessários. A saber:
Rayane Noronha Oliveira: ray.letras@gmail.com - 84559845 (clique aqui para acessar o Facebook dela).

AMANHÃ, dia 27 de janeiro, sexta-feira, pela manhã, é a data-limite para solicitação desse apoio, se houver vagas disponíveis e se o(a) interessado(a) estiver em condições de dispor delas.
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Atualizando Minha Imagem

Despedindo-me da imagem acima, que ilustrou meu Quem Sou Eu desde a criação do blog, para atualizar o perfil, com esta nova!
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Frente Nacional de Entidades pela Cidadania, Dignidade e Direitos Humanos na Política Nacional sobre Drogas

No dia 1º de fevereiro, das 10 às 17 horas, na Escola Superior de Administração Fazendária - ESAF, em Brasília, ocorrerá uma reunião pró Frente Nacional de Entidades pela Cidadania, Dignidade e Direitos Humanos na Política Nacional sobre Drogas, que tem entre seus objetivos aumentar os esforços em favor da vigilância e exercício do legitimo controle social sobre a Política Nacional sobre Drogas.
Todas e todos estão convidados.
Memória: Em dezembro de 2011 o Governo Federal lançou o Plano de Enfrentamento ao Crack, com alguns pontos que se opõem à Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e das diretrizes da Atenção à Saúde Mental do SUS, tais como a internação compulsória e o patrocínio do Estado às chamadas "Comunidades Terapêuticas". O caráter violador dos direitos humanos dessas entidades foi demonstrado no Relatório da Inspeção realizada pelos Conselhos Regionais de Psicologia.
Endereço: ESAF (ATENÇÃO: não será no prédio conhecido que fica no Jardim Botânico), Setor de Autarquias Sul - SAS, Quadra 06, Bloco “O”, Edifício Órgãos Centrais, 9º andar.
Abaixo, em duas folhas, a Carta Convite oficial da reunião:
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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ato de Repúdio ao Tratamento Desumano na Saúde

Duvanier Paiva Ferreira, morto por falta de atendimento em hospitais particulares de Brasília.
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Os servidores da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento convidam para missa de 7º dia de falecimento de Duvanier Paiva Ferreira, Secretário de Recursos Humanos, no dia 25/01, quarta-feira, às 12:15 horas, na Catedral Metropolitana de Brasília.
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ATENÇÃO: Após a missa, ÀS 13 HORAS, em frente à Catedral, está previsto um Ato de repúdio ao tratamento desumano dado ao secretário e a todos(as) os(as) demais cidadãos(ãs) brasileiros(as), na área de saúde.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Oficurso Movimentos Sociais e Universidade

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Está confirmado!
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Nos dias 02 e 03 de fevereiro, das 9h às 10h30, ministrarei o Oficurso MOVIMENTOS SOCIAIS E UNIVERSIDADE: DIÁLOGOS SOBRE RAÇA/ETNIA, DIVERSIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL, como parte da programação do IX ENUDS - Encontro Nacional Universitário sobre Diversidade Sexual - Raça e Religiosidade: Abrangendo as Fronteiras da Diversidade Sexual, que ocorrerá na Universidade Federal da Bahia - UFBA, em Salvador/BA, de primeiro a 5 de fevereiro (reveja postagem a respeito do evento aqui).
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O Oficurso objetiva discutir a interlocução entre os novos movimentos sociais e a comunidade acadêmica, no contexto da globalização dos direitos humanos e seu embate com o histórico excludente do Ensino Superior no Brasil, considerando, em particular, as políticas de Ações Afirmativas como um dos elementos resultantes de um macro-processo de inclusão de pautas sócio-políticas de raça/etnia, gênero e orientação sexual nas universidades, intercalado com o micro-processo de experiências cotidianas.
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Minha proposta é que o Oficurso MOVIMENTOS SOCIAIS E UNIVERSIDADE: DIÁLOGOS SOBRE RAÇA/ETNIA, DIVERSIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL se torne um espaço privilegiado para a troca de saberes e práticas, permitindo uma visualização ampla do cenário da gestão da diversidade no âmbito universitário nacional.
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Ela Vai Pro Mar

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Tenha uma excelente semana!
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ELA VAI PRO MAR
Luiz Melodia
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Todo domingo ela vai pro mar
Leva um segredo e um maiô lilás
De manhã cedo ela vai pro mar
Leva a certeza que tanto faz
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Leva um sorriso em desalinho
Tem o destino que o amor levar
Leva meus olhos pelo caminho
Todo domingo ela vai pro mar
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Cega meus olhos e vai pro mar
Mar de turquesa e maiô lilás
Se for bem cedo e o amor chegar
Tenha certeza que tanto faz
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Leva um sorriso em desalinho
Tem o destino que o amor levar
Leva meus olhos pelo caminho
Todo domingo ela vai pro mar
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O Medo é Falta de Amor

No fundo, as pessoas só querem ser amadas.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gestão Com Pessoas - Avaliação

Com base em questionários de reação aplicados junto aos participantes do ciclo de palestras Gestão Com Pessoas, realizado entre agosto e dezembro do ano passado na Universidade de Brasília - UnB, do qual fui responsável técnica e mediadora, fiz uma avaliação geral e dos instrutores, conteúdo, infra-estrutura e logística de cada palestra. Seguem os slides, para conhecimento.
O objetivo do projeto, que teve como temas a Gestão de Pessoas e o Comportamento Humano e Organizacional, foi o de apoiar trabalhadores que desenvolvem ou pretendem desenvolver atividades de gestão na transferência de conhecimentos e soluções técnico-científicas para seus ambientes de trabalho, além de estimular a reflexão e a crítica acerca do que se produz na academia e sobre o que se pratica nas organizações.
Espero que em breve essa apresentação esteja disponível, com outros materiais do evento, no site do projeto (http://www.dgp.unb.br/gestao-com-pessoas).
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Prazer e Sofrimento na Percepção do Trabalho Escravo Contemporâneo

Abaixo transcrevo outro resumo que comuniquei no II CBPCT, sobre como libertadores de escravos no Brasil contemporâneo representam socialmente o seu relevante trabalho. Foi tema do meu mestrado. Publicado originalmente aqui.
PRAZER E SOFRIMENTO NA PERCEPÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO
Jaqueline Gomes de Jesus
Introdução
No território brasileiro, as migrações que fornecem recursos humanos às organizações escravocratas são internas, restritas ao território nacional, englobando, principalmente, estados das regiões Nordeste e Norte do País (Figueira, 2001). Organismos nacionais e internacionais se articulam para combater a exploração do trabalho escravo. A partir das percepções dos respondentes sobre a organização do trabalho, vivências de prazer e vivências de sofrimento, analisadas através dos pressupostos teóricos da Psicodinâmica do Trabalho, foram investigadas, como parte de pesquisa de mestrado sobre as representações sociais do trabalho escravo no Brasil contemporâneo, as perspectivas profissionais e o campo representacional de pessoas que libertam escravos no Brasil contemporâneo.
Método
Foram aplicadas 10 entrevistas semi-estruturadas, formadas por questões abertas relacionadas à descrição do trabalho, sentimentos em relação a este, dificuldades encontradas, concepções e sentimentos relacionados à dinâmica profissional, a pessoas que trabalham como libertadores de escravos no Brasil contemporâneo. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo (Bardin, 1995), baseada em análise categorial temática.
Resultados
Foram identificados 111 temas, organizados em nove categorias. A análise temática categorial das entrevistas indicou uma categoria-síntese para cada conjunto de três categorias: (1) organização do trabalho, (2) vivências de prazer e (3) vivências de sofrimento. A categoria-síntese Organização do trabalho foi estruturada em torno das categorias a) dinâmica do trabalho, b) impotência e c) sucesso. A categoria-síntese Vivência de sofrimento foi composta pelas categorias relativas a) à pessoa escravizada, b) à pessoa que escraviza e c) à sociedade onde se escraviza. A categoria-síntese Vivência de prazer foi organizada em categorias relacionadas a) ao liberto, b) ao libertador e c) à sociedade onde se liberta. Dos conteúdos expressos pelos libertadores, 51% se referiam à vivência de sofrimento; 34% à organização do trabalho e 15% à vivência de prazer.
Discussão
O escravagista e o escravo são socialmente representados pelo libertador com imagens menos positivas do que aquelas com as quais o libertador se representa. O valor atribuído à organização do trabalho dos libertadores é relacionado à eficácia do libertador na transformação das pessoas escravizadas em libertas. A dinâmica do trabalho requer profundo envolvimento intelectual e controle emocional para a devida consecução das metas. A vivência de prazer dos libertadores está relacionada, primeiramente, à auto-valorização de seu trabalho como libertador e à percepção de uma sociedade onde se liberta. A preponderância de vivências de sofrimento indica a forte aversão dos libertadores a toda a estrutura escravocrata.
Conclusão
A organização do trabalho do libertador depende da percepção que este tem acerca da organização do trabalho do liberto. O liberto tem um papel primordial não apenas na definição do cargo do libertador, mas também, e fortemente, na identidade profissional do libertador, e em como ele se percebe e percebe a sociedade brasileira. A expectativa de libertação do outro é importante para o trabalho do libertador, e a manutenção da saúde psíquica do libertador é influenciada pela percepção de uma sociedade libertária, de modo que o libertador lida melhor com seu sofrimento ao perceber que a sociedade viabiliza a liberdade de outros.
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A Morte do Seu Teodoro

Ontem faleceu, após uma parada cardíaca, um dos pilares desta cultura brasiliense que vai nascendo, o Seu Teodoro do Boi. Leia matéria do Correio Braziliense a respeito (aqui).
Sempre encontrava o Seu Teodoro aqui pelos corredores da UnB, pessoa querida por todos que era, dos Reitores aos trabalhadores mais humildes.
Pêsames à família, agradecimentos ao mestre pela sua contribuição para o desenvolvimento humano da Capital Federal, e luto.
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Análise das Condições Psicossociais de Trabalho em uma Instituição Pública

Abaixo transcrevo um resumo de minha autoria, baseado em experiência de trabalho em uma equipe multiprofissional, publicado nos Anais do II Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho - II CBPCT e III Simpósio Brasileiro de Psicodinâmica do Trabalho - III SBPT, realizado em Brasília durante os dias 6 a 8 de julho de 2011, no qual fiz algumas comunicações orais. Disponível originalmente aqui.
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS DE TRABALHO EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA
Jaqueline Gomes de Jesus
Introdução
A fim de conhecer as condições ergonômicas do trabalho e as características psicofisiológicas dos trabalhadores de um departamento em determinado órgão da Administração Pública Federal, convocou-se Grupo de Trabalho – GT composto por arquitetas, fisioterapeuta e psicóloga. Esta comunicação oral foca o trabalho desenvolvido no âmbito da Psicologia.
Método
Determinado um mês para apresentação de resultados, fez-se, inicialmente, sensibilização por meio de envio de ofícios dos objetivos do GT e visitas aos diferentes setores do departamento, para apresentação pessoal e esclarecimentos. Foram aplicados 54 questionários (84% dos trabalhadores) com itens relativos ao Custo Humano do Trabalho – CHT (Ferreira, 2006). Para análise estatística dos dados foi utilizado o software SPSS 17.0, avaliando-se a freqüência das variáveis em termos de média (m), mediana e desvio-padrão (dp). Foi avaliado o nível de estresse (Lipp, 2000) em 8 servidores (4 homens e 4 mulheres), 12,5% da população. A esses respondentes foram feitas entrevistas individuais abertas, com tempo médio de 30 (trinta) minutos cada, acerca do sistema organizacional, entendido como conjunto dos objetivos, conceitos básicos de referência e a forma como a organização é gerida em suas políticas e diretrizes.
Resultados
Foram identificados custo afetivo não elevado (m=2,84, dp=0.69); custo cognitivo considerável (m=3,92, dp=0,58); e custo físico com menor (m=2,72, dp=0,66). 62% dos sujeitos não tinham indicações significativas de estresse. Os demais apresentavam sintomas de alerta (25%) e de resistência (13%). 40% eram sintomas de âmbito psicológico, 40% físicos e 20% relacionados a outros sintomas. As mulheres apresentarem maiores níveis de estresse do que os homens. Com relação ao sistema organizacional, observou-se diversidade de situações de cada setor dentro do departamento, percepções vagas sobre o funcionamento do trabalho, auto-avaliação positiva quanto ao alcance de metas porém falta de acessibilidade e transparência das informações.
Discussão
Não se observou imposição ostensiva de determinadas reações afetivas ou estados de humor no local de trabalho, tampouco de fortes dispêndios de ordem fisiológica ou biomecânica, de forma generalizada, sob a forma de requisição de posturas, gestos, deslocamentos e emprego de força física. Todavia, foi identificada alta demanda no âmbito cognitivo, da necessidade de resolver problemas e tomar decisões. Não foram encontrados casos de estresse intenso, os de estresse moderado e mesmo leve merecem atenção, em especial os de cunho psicológico e físico. Os processos de trabalho não são compreendidos na integralidade, o que tanto pode indicar agilidade no processamento das informações quanto concentração de informações.
Conclusão
Considera-se necessário: otimizar processos de trabalho no seu aspecto mental, de raciocínio, na busca de estratégias para a simplificação da resolução de problemas e de tomada de decisões; aprofundar estudos quanto ao tipo de estresse e suas fontes, analisando as questões de gênero, a fim de avaliar se há tratamento diferenciado entre homens e mulheres, em detrimento destas; estimular a troca de informações, tanto em sentido horizontal como vertical; motivar o uso do potencial criativo; buscar inovações; e incentivar, de forma organizada, a diversidade de pontos-de-vista para a resolução de problemas. Conclui-se como estratégico disponibilizar mais tempo para análise das condições psicossociais do trabalho.
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Protesto na Festa: Política e Carnavalização nas Paradas do Orgulho LGBT

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Abaixo transcrevo texto completo, de minha autoria, publicado pela Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO. Disponível originalmente aqui. É uma análise psicossocial dessas grandes manifestações sociais, políticas e culturais.
Fiz uma apresentação oral do trabalho durante o 16º Encontro Nacional da Abrapso, ocorrido no Campus da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife, entre os dias 12 e 15 de novembro de 2011.
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O PROTESTO NA FESTA: Política e Carnavalização nas Paradas do Orgulho LGBT
Jaqueline Gomes de Jesus
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Introdução
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Autores como Schermerhorn (1967) utilizam em suas análises acerca das minorias políticas e sua relação com a sociedade o conceito de que essa é uma relação de poder que é afetada em períodos e situações de mudança social. Isto significa que a subordinação de um grupo social a outro tem diversas formas de se expressar, diversos graus de subordinação, e os membros do grupo dominado desenvolvem diferentes estratégias de enfrentamento às pressões por parte das coletividades que detém poder.
Como indicam Taylor e Moghaddam (1994) e Galinkin (2001), a forma como uma pessoa se identifica socialmente a um grupo, diferenciando-o dos demais, é uma experiência cognitiva e afetiva determinada pela comparação e contraposição entre os valores atribuídos ao grupo a que se adere (ingroup) e os valores atribuídos aos grupos limítrofes ao grupo ao qual se adere (outgroup). A formação dessa identidade social não se restringe a uma identificação estanque.
Os indivíduos tendem a favorecer os próprios grupos, e quando existem desigualdades na distribuição do poder social entre os grupos, os membros do grupo com maior poder exercem opressão sobre os membros do grupo com menos poder (Tajfel, 1982a, 1982b, 1982c). Como discute Hall (1997), estereotipar faz parte do mecanismo de manutenção da ordem social e simbólica, por meio da naturalização das desigualdades e exclusões, estabelecendo uma fronteira entre o normal/aceitável e o desviante/patológico.
Um dos fenômenos observados nesse processo de opressão é a valorização de traços atribuídos ao grupo em vantagem e a desvalorização de traços atribuídos ao grupo em desvantagem (Tajfel e cols., 1971), algo que Elias e Scotson (2000) exploram ao investigar e conceber as concepções contrapostas de que as pessoas do grupo em vantagem se “estabelecem”, ao contrário dos do outro grupo considerado como de “forasteiros”. É uma metáfora espacial significativa.
Decerto as relações entre os grupos sociais na atualidade não são desconectadas de uma construção histórica extremamente contraditória. No ensinamento de Torres e Dessen (2002; 2008) acerca da cultura brasileira, a desigualdade, além de ser aceita, é um padrão da cultura nacional. Em quaisquer organizações nota-se claramente um contínuo de dominação e discriminação relativo ao racismo, ao etnocentrismo, ao machismo, à homofobia, ao classismo, entre outras dimensões.
O estabelecimento de uma sociedade que utiliza de forma intensa as tecnologias da informação e a comunicação subsidia a adaptação das antigas moralidades às práticas sociais de hoje, visto que a troca de informações em rede se torna elemento central da atividade humana (Castells, 2008). Isso ocorre em um sentido de seleção, por equiparação, dos novos valores aos valores anteriores, e não por adequação dos novos valores aos valores anteriores, tamanha é a discrepância ideológico-pragmática entre eles.
A marcação das diferenças e, concomitantemente, das exclusões, relata Hall (2009), é produzida ―em locais históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas específicas, por estratégias e iniciativas específicas‖ (p. 109). Ora, segundo o autor, é dessa mesma conjuntura discursiva e de poder que emergem as identidades, ou seja, as identidades são ―naturalmente‖ marcadas pela não-unicidade e pela diferenciação interna.
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Fundamentação teórica
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1. Identidade de Gênero e Orientação Sexual na Contemporaneidade
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O mundo contemporâneo é marcado por transições na compreensão e na constituição subjetiva dos grupos sociais, especialmente os historicamente discriminados (Bhabha, 1998; Hall, 2006), que lutam para serem tratados como interlocutores legítimos frente aos demais.
Com a valorização da diversidade como característica fundamental da humanidade (Allport, 1954), as identidades dos grupos dominantes, em geral brancos, machos, heterossexuais e cisgêneros (cuja identidade de gênero está de acordo com o seu sexo — identidade de gênero é definida como a forma pela qual os sujeitos se identificam com um gênero, nos seus mais diversos aspectos e implicações pessoais e sociais), não mais podem ser vistas como a única expressão da diversidade a se reconhecer, mas como mais uma entre as demais (Loden & Rosener, 1991).
A identidade social é intrinsecamente ligada ao grupo. Tajfel (1982) define identidade como a “parte do auto-conceito dos indivíduos que deriva do seu conhecimento de pertencimento a um grupo social, associado à significância emocional desse pertencimento” (p. 24). Essa concepção de identidade como um posicionamento dos sujeitos frente ao sentimento de pertencer a um grupo é reiterada por Hall (2006), Louro (1998) e Parker (2000).
Segundo Festinger (1964), a comparação social é decorrência da busca do indivíduo por informações mais completas acerca de si, a partir das percepções de outros. Dessa forma, a constituição da identidade social não se dá isoladamente, mas a partir de comparação com outras identidades e categorias sociais.
Touraine (1997) considera que a modernidade racionaliza e subjetiva os sujeitos por meio de um mecanismo de formação de identidades coletivas, cuja origem Melucci (1989) vai identificar nas dimensões subjetivas, afetivas e culturais dos novos movimentos sociais. Essa reflexão é abordada por Bauman (2005) a partir da concepção de que, no mundo contemporâneo, marcado pela velocidade das mudanças sociais, o sujeito fica deslocado, as relações pessoais e interpessoais se tornam fluidas, de modo que o indivíduo pode vivenciar diferentes identidades sociais.
Butler (2009) e Cavarero & Butler (2007) ilustram essa condição das identidades ao entender que, contemporaneamente, é impossível evitar que as identidades sejam vulneráveis a mudanças. Como demonstra Butler (2003), mesmo a diferença entre pessoas heterossexuais e homossexuais não tem uma fronteira conceitual-prática concretamente definida, a performance de gênero é socialmente construída, e sua fixidez é abalada pela existência de pessoas que vivem a ambigüidade, como drag queens e kings, ou que não se identificam com o sexo que lhes foi designado ao nascer, como mulheres e homens transexuais (homem transexual é definido como a pessoa “que reivindica o reconhecimento social e legal para o gênero masculino” (Bento, 2008, p. 143), e mulher transexual é definida como aquela “que reivindica o reconhecimento social e legal para o gênero feminino”).
Para Sennet (1988), o significado das relações políticas como relações civilizadas tem-se esvaziado, em função da exposição pública de vivências privadas, o que diminui a sociabilidade advinda da experiência de buscar conhecer o outro por meio de sua atuação política, e não da espionagem de sua intimidade. Isso demonstra que a dimensão afetivo-sexual é nuclear na rediscussão da sociedade contemporânea.
Transformações sociais levam a mudanças que repercutem também nos campos da sexualidade e da identidade, onde agora Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) buscam, a exemplo da luta feminista, transformar assuntos tidos como privados em pautas de ordem pública. O grande desafio é preservar as intimidades mesmo que tornando as práticas nelas vividas em assunto de discussão para a participação política. A sexualidade, como diriam Giddens (1993) e Foucault (1988), é elemento central desse debate.
A atuação política cotidiana do movimento social LGBT é pouco conhecida pela sociedade. As Paradas do Orgulho LGBT, ao contrário, têm alcançado ampla visibilidade.
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2. Movimentos Sociais e Psicologia das Minorias Ativas
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Um movimento social é uma forma de ação coletiva na qual as dimensões da solidariedade, do conflito e da ruptura com a lógica do sistema social se inter-relacionam (Melucci, 1999), para a realização de objetivos comuns (ideologia) e sob uma organização diretiva mais ou menos definida (Scherer-Warren, 1989). De acordo com Milgram e Toch (1969), o sucesso de um movimento social não depende de tamanho, organização, qualidade da liderança ou sofisticação, mas da capacidade de expressar sentimentos, ressentimentos, preocupações, temores, ânsias e esperanças de uma coletividade; e do quanto pode ser visto como veículo para solução de problemas.
A atuação de um coletivo pode não mudar as estruturas de poder, mas pode influenciar a sociedade. Todo indivíduo em um grupo e todo grupo em uma sociedade é fonte potencial e receptor potencial de influência, aquém à quantidade de poder que o sistema social lhe atribua, e a influência social pode ser um fator de mudança social (Moscovici, 1981).
Notam-se tais características no movimento social LGBT. Apesar do número expressivo de participantes das paradas, estas não necessariamente conseguem reverberar imediatamente nas estruturas de poder. De centenas de candidatos a cargos políticos no processo eleitoral do ano de 2008, ligados ao movimento LGBT, que teve centenas de Paradas e uma contando milhões de participantes, somente 5 vereadores foram eleitos (Tribunal Superior Eleitoral – TSE, 2008; Veja, 2008). Autoridades financiam os projetos das Paradas, mas dificilmente são regulamentadas Leis que garantam direitos aos LGBT; a população em geral participa massivamente dos eventos, porém, nos demais dias, o grupo social LGBT é cercado de silêncios ou de falas preconceituosas, senão de ações discriminatórias.
Como população afetada por preconceitos e discriminações históricas, LGBT compõem um grupo que cria espaços de influência para além do voto em representantes, viabilizando, cada vez mais, uma democracia direta pautada pela integração social.
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3. Participação Política de Grupos Minoritários
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Para Dallari (2004), política é “a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-as a um fim comum” (p. 10). A natureza da participação política está nas decisões tomadas a fim de solucionar problemas comuns em uma comunidade ou grupo.
A participação política se faz, na maioria dos casos, não na administração pública direta, mas em espaços alternativos que capacitam as pessoas a “intervir no desempenho dos representantes em nível nacional” (Pateman, 1992, p. 146).
A motivação básica de garantir direitos, entretanto, pode não se traduzir em participação política efetiva. Dados apresentados por Facchini, França e Venturi (2007), demonstram opiniões progressistas de participantes da parada de São Paulo, porém pouco conhecimento de instrumentos legais com relação às demandas da população LGBT.
. 4. As Paradas do Orgulho LGBT
. Iniciadas em 28 de junho de 1970 nas cidades norte-americanas de Nova Iorque e São Francisco, enquanto marchas de teor estritamente político, para denunciar a violência contra os homossexuais, as paradas remetiam a um fato histórico: a revolta do bar nova-iorquino Stonewall Inn, ocorrida em 28 de junho de 1969, onde centenas de freqüentadores enfrentaram a repressão policial (Skillings, 2010; Dunlap, 1999), ação noticiada pelos jornais The New York Times (1969) e New York Post (1969).
A cultura brasileira sempre possibilitou espaços marginais para a expressão, mesmo que estereotipada, das identidades sexuais não-hegemônicas, tais como o Carnaval, como apontam Fry e MacRae (1985), Green (2000) e Trevisan (2000).
A primeira manifestação pública realizada no Brasil pelos direitos de homossexuais ocorreu em 13 de junho de 1980, uma passeata contra a homofobia policial em São Paulo (Trevisan, 2006). Como indica Parker (1992), desde a década de 70 do Século XX estava em desenvolvimento no Brasil uma organização da comunidade LGBT em torno do fortalecimento de sua identidade e da inclusão junto à sociedade. MacRae (1990) relaciona o fortalecimento político das identidades sexuais não-hegemônicas ao processo de abertura pós-ditadura militar, considerado por Ferrari (2004) como um estímulo para a mobilização de grupos que sofriam restrições sociais e políticas. Pollak (1992) fala, ainda, do impacto da epidemia da AIDS para a visibilidade da condição homossexual e dos anseios de LGBT.
Em 2008, segundo a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT (2008), ocorreram em todo o território nacional mais de 195 paradas. De acordo com a Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais de São Paulo – APOGLBT (2008), a parada de São Paulo, realizada em 28 de maio do referido ano, reuniu 3,4 milhões de pessoas. 46% dos presentes na parada de São Paulo em 2005 (Folha de São Paulo, 2005a) se declararam heterossexuais (66% entre as mulheres e 32% entre os homens, o que indica diferenças comportamentais devidas a fatores de gênero relacionados à disposição pessoal em estar presente nesses eventos), e 11% explicitaram ser bissexuais.
Com relação à parada de São Paulo no ano de 2005, 38,7% dos homens se consideravam homossexuais, e 3,9% bissexuais; entre as mulheres, 17,8% se considerou homossexual, e 4,9% bissexual (Carrara, Ramos, Simões & Facchini, 2006). 78,5% das lésbicas e 72,8% dos gays lá estavam para que “homossexuais tenham mais direitos”, enquanto 54,3% das mulheres heterossexuais e 46,35% dos homens heterossexuais participavam da Parada por “curiosidade/diversão” (p. 21). 57,6% dos entrevistados relataram ter algum engajamento pelos direitos dos LGBT e 26,7% disseram estar ali por curiosidade ou diversão.
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5. A Carnavalização nas Paradas
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DaMatta (1991) questiona porque o carnaval é exportado como importante fator de nossa nacionalidade. Retomando o conceito de carnavalização (Bakhtin, 1987), o autor aponta o carnaval como um momento de catástrofe controlada, em que, por um tempo, invertem-se os papéis sociais, raciais e sexuais estabelecidos. DaMatta (1983) encontra semelhanças e diferenças entre o carnaval e a parada militar, postulando que o carnaval é uma festa popular consagradora da desordem, enquanto as paradas militares são festas controladas por instituições que comemoram a ordem. Ambos podem ser tidos como teatralizações e festas porque são “momentos extraordinários marcados pela alegria e por valores que são considerados altamente positivos” (p. 40).
A festa apresenta questões comunitárias, fala de relações pessoais, e não estruturais. O carnaval tem sido, para os LGBT, um espaço transitório de afirmação de sua identidade marginalizada socialmente, porém tolerada dentro de certos parâmetros (Green, 2000). Os elementos carnavalescos das paradas são considerados por Silva (2006) como espaços de “ruptura com o rigor da vida cotidiana” (p. 288) que visibilizam os marginalizados.
Não se costuma considerar como possível a presença de carnavalização, tida como “não séria”, em eventos políticos de caráter reivindicatório, ditos “sérios”. As paradas quebram esse paradigma, têm um caráter reivindicatório, ao mesmo tempo em que dramatizam as diferenças. Essa proposição é reiterada pelo antropólogo Ronaldo Trindade (Folha de São Paulo, 2005b), para quem as paradas brasileiras combinam elementos de festa e de política, diferenciando-se das congêneres norte-americanas porque, nessas, somente membros de grupos organizados podem participar.
No contexto brasileiro, Gontijo (2009) defende a idéia de que, sendo o carnaval um momentum de reforçamento da identidade nacional por meio de ritualizações expressas, é em tal contexto histórico que se encontram brechas para construir identidades “homossociais”, que se forçam a acontecer “em espaços não forçosamente gays” (p. 181).
As Paradas definem-se, assim, como ritos de identificação das diferenças e de valorização da diversidade entre LGBT, porque realizam performances de identidades e papéis sociais não-hegemônicos.
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6. Paradas como Rituais
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Para Peirano (2003), tanto o carnaval como a marcha política se constituem como rituais, na acepção de que, no ritual carnavalesco, prevalece “a sugestão de que o momento extraordinário pode se transformar em rotina” (p. 44), enquanto na marcha política, a natureza ritualística está em seu caráter sacrificial, remontando, como evento único e especial, às procissões, mas partindo dessa estrutura para dispor de seu caráter questionador.
As paradas se encontram entre essas duas dimensões, possuindo características do carnaval, que tenta realizar utopias, e da marcha política, que questiona o status quo. Entretanto, recusaram-se a ter o caráter de unicidade das marchas militares, mas adotaram o perfil de calendário dos carnavais, onde o evento ocorre em datas pré-definidas. Ainda, as Paradas são ritos de aceitação dos simpatizantes da causa dos LGBT, que partilham dessa “informação” no sentido atribuído por Goffman (1988) para o contexto de um estigma.
Camargos (2004) aponta que o caráter ritualístico das paradas incorre na possibilidade de expressão do desejo, algo que em outros contextos e dias do ano é reprimido em público. A expectativa de uma condição de vida mais alegre é um elemento em comum com o carnaval.
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7. Territorialidade e Identidade nas Paradas do Orgulho LGBT
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A localização das ações está diretamente relacionada com a sua eficácia, “os lugares repercutem os embates entre os diversos atores e o território como um todo revela os movimentos de fundo da sociedade” (Santos, 2007, p. 79). Essa concepção reitera a observação de Elias e Scotson (2000) de que o território ocupado por um sujeito é indicativo do estigma que ele sofre ou não, pois “o território pode ser estigmatizado como aquele ocupado por tais pessoas” (p. 36).
O trajeto de uma Parada pode ser indicativo dos objetivos dos organizadores. Em São Paulo, ela é realizada ao longo da Avenida Paulista, descendo a Consolação e terminando na Praça da República. Há um caráter econômico implícito na realização, que faz parte da programação turística oficial da cidade, e tem eventos paralelos, nos quais são vendidos produtos com símbolos da população LGBT.
Há aí diferentes visões quanto à delimitação da identidade e do território homo/bissexual e transgênero e quanto à inserção social desses grupos. A busca de integração dos LGBT ao território social mais amplo é um elemento em comum, procurando dialogar com outras forças sociais.
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Metodologia
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1. A Pesquisa sobre as Paradas
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Sintetizando-se os objetivos da pesquisa de doutorado que referencia este texto, foi investigada, em uma das três pesquisas constituintes desse trabalho, que ora se apresenta, como os participantes de uma Parada do Orgulho LGBT percebem, definem e explicam esse evento e a sua participação nele, considerando os aspectos políticos e festivos da manifestação.
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2. Sujeitos
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Foram entrevistados participantes da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, durante a sua realização no ano de 2009, constituindo uma amostra de conveniência (pessoas eram abordadas ao acaso enquanto caminhavam em direção aos trios elétricos).
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3. Procedimentos e Instrumentos
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Privilegiou-se a livre expressão dos respondentes, por meio de uma técnica de entrevista semi-estruturada exaustiva, com foco nos temas “festa” e “política”, na qual as questões eram apresentadas e se buscava aprofundá-las. A cidade de São Paulo foi escolhida como lócus de pesquisa em função da representatividade demográfica.
As entrevistas foram analisadas no software ALCESTE (Reinert, 1990). Partindo-se da análise da distribuição do conjunto dos vocábulos, foi calculado o χ2 (medida da co-ocorrência de palavras), para identificar os termos mais significativos. O software classifica enunciados que comportam uma idéia ou representação, as quais são agrupadas para formar classes de significados, noções e percepções de mundo com certa estabilidade temporal.
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Resultados
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Foram identificadas 3 (três) classes: Classe 1, A Política e o Público; Classe 2, História Pessoal de Participação; e Classe 3, Parada: Protesto da Emoção. Termos como “preconceito” (χ2=20), “homofobia” (χ2=13), “propostas” (χ2=22), “direitos” (χ2=59) e “leis” (χ2=70) compõem o significado da Classe 1, indicando que ela trata de temas relacionados à questão do direito, da política, simbolizada pelas propostas e pelas leis, como possibilidade de enfrentamento ao preconceito.
A Classe 1 acentua os fatores de mudança política e de mudanças na relação da sociedade com a população LGBT identificados com a Parada do Orgulho LGBT. Mesmo que tais fatores sejam percebidos como algo do futuro, na forma de projetos ou propostas, tal perspectiva de mudança permite aos participantes justificar sua presença e sua alegria naquele evento, para além do caráter puramente festivo.
A idéia central sugerida é a de que a emoção não pode ser dissociada da política, e de que a dimensão festiva é elemento central para a realização dessa concepção de mundo, de vida, até, e a Parada é o espaço real, palpável, onde essa correlação é concretizada, onde a emoção encontra a política, e o protesto encontra a festa.
Na Classe 2, denominada História Pessoal de Participação, observam-se termos como “então” (χ2=21), “estava” (χ2=16), “grupos” (χ2=12), “era” (χ2=12) ou “tinha” (χ2=11). A reiteração de verbos referentes ao passado potencializa a idéia de que a classe se refere à história pessoal de constituição do sujeito frente à questão dos seus direitos, ou mesmo como fator explicativo, ou melhor, justificador de sua participação na Parada. A participação em grupos pode ser sugerida como um elemento importante na configuração dessa história que, apesar de ser pessoal, foi subsidiada pelo envolvimento em um espaço coletivo.
A Classe 2 aponta o enfoque histórico como uma das explicações para a participação da pessoa no evento Parada do Orgulho LGBT, descrevendo os locais, tempos, instituições envolvidas nessa construção de sua identidade enquanto participante de um evento público como é a Parada, sob um enfoque consideravelmente individualizado.
A Classe 3, Parada: Protesto da Emoção, apresenta termos semelhantes aos da Classe 1, como “protestos” (χ2=39) e “políticos” (χ2=16), o que reitera a proximidade contextual entre as mesmas, além de palavras que podemos denominar como “conceitos-balão”, os quais englobam vários outros, o que permite uma multiplicidade de interpretações, tais como “mundo” (χ2=25), “tudo” (χ2=22) e “qualquer” (χ2=28), além de evocações mais específicas, a exemplo de “votos” (χ2=17), “certeza” (χ2=45), “grandes” (χ2=11) ou “festa” (χ2=27).
O termo “festa” se destaca na Classe 3, mais relacionada à emoção. A classe descreve, de forma específica e detalhada, o papel da política e da ocupação dos espaços públicos como fundamentais para o funcionamento da Parada do Orgulho LGBT, e mesmo para justificar sua existência em termos políticos, como evento festivo que se constitui como um protesto diferenciado.
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Discussões
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Os homens, ao se referir à Parada, têm um discurso mais voltado às características políticas desse espaço para a construção de direitos. A leitura dos homens tende a ser menos ligada a fatores históricos que justifiquem sua participação na Parada, ou seja, sua reflexão depende menos de uma história pessoal de participação do que da reflexão quanto à cidadania.
Já as mulheres tendem a perceber de forma mais pessoal o evento. A leitura das mulheres acerca da Parada tende a ser mais personalizada do que calcada em projetos coletivos, no sentido em que entendem essas demandas a partir de sua própria vivência, do que vivem e percebem no seu cotidiano, o que aprofunda seu relacionamento com o enfrentamento aos problemas e desafios.
Quanto à orientação sexual, homossexuais tendem a ter percepções próximas às das mulheres, valorizando a história pessoal de participação. Bissexuais tendem a se orientar de modo semelhante ao dos homens, percebendo o evento a partir da construção de coletivos.
Heterossexuais tendem a ter percepções muito próprias, não necessariamente alinhadas com as de homossexuais e bissexuais ou de homens e mulheres, a emoção vivenciada no momento da Parada é mais preponderante e reconhecível do que uma reconstrução histórica, pautada pela história pessoal de participação, ou do que uma construção política.
O resultado aponta para a possibilidade de que as pessoas mais distanciadas das discussões políticas e de uma história pessoal ligadas ao movimento LGBT, no caso heterossexuais, encontram na vivência afetiva da Parada uma justificativa para ali estar.
Outro aspecto que permeia as falas dos participantes é o da participação política. O fato de estarem naquele lugar e poderem ser quem são ou vivenciar o que desejarem é, per se, ato de manifestação política para além dos mecanismos tradicionais.
Em resposta às limitações impostas pelos guetos, a realização das Paradas do Orgulho LGBT nos espaços públicos se apresenta como iniciativa propícia à rediscussão dos modelos de visibilidade e de liberdade; são, por si sós, apropriando-me das palavras de Toneli e Perucchi (2006), “novas estratégias de construção da equidade e da visibilidade de gênero” (p. 46), territórios provisórios, mas eloqüentes no discurso de respeito às diferenças.
As percepções dos participantes da parada de São Paulo indicam que a ocupação de espaços ultrapassa a barreira da mera festividade, representa a transformação dos horizontes ideológicos acerca dos temas que nas Paradas do Orgulho LGBT se abordam.
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Touraine, A. (1997). Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes.
Trevisan, J. S. (2000). Devassos no paraíso. Rio de Janeiro: Record.
Trevisan, J. S. (2006). A parada do amor continua. Em F. C. Netto, I. L. França & R. Facchini (Orgs.), Parada: 10 anos do orgulho LGBT em SP. (pp. 14-15). São Paulo: Editora Produtiva.
TSE (2008). Divulgação de resultados. Acesso em 15 out. 2008, em: http://www.tse.gov.br.
Veja (2008, 29 de outubro). Ruins de voto. p. 64.
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

No Jardim Botânico do Rio

Organizando porta-retratos e arrumando arquivos de fotos encontramos esta lembrança de um belíssimo passeio que fizemos no Jardim Botânico do Rio. Quase um dia inteiro de prazer visual, olfativo e tátil!
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Parque da Cidade: Um Olhar Afetuoso

Foto: pubturismobrasilia.blogspot.com
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Jaqueline Gomes de jesus
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* Acredito que, se a alma de Brasília está no Beirute, como dizem, então o seu coração está no Parque da Cidade. Quem é da Capital me entende, e mais: se tem a minha idade, que é a mesma do Parque, decerto lhe vem à mente, senão as pistas de caminhada divididas com bicicletas, os velhos pedalinhos no lago, a piscina de ondas (ou será “com” ondas?), ou então o foguete do parque Ana Lídia, parque dentro do Parque (e ao mesmo tempo memorial da violência contra a inocência), onde as crianças se aventuram por sobre uma ponte suspensa para galgar as alturas e voltar ao areal descendo por uma escadaria circular, onde os pais as esperam recordando, nostálgicos, de suas próprias aventuras naquele brinquedo maravilhoso, com vida própria.
Tem uma visão simplista quem acha que o Parque da Cidade, com seus muitos nomes – Rogério Pithon Farias, Dona Sarah Kubitschek –, todos da Cidade, é apenas o lugar preferido do brasiliense para se divertir ou se exercitar: não. Essa área não é só um terreno de 400 hectares entre a Asa Sul e o Sudoeste, é um território no qual convivem, conflituosa e abertamente, expectativas, desejos, catarse, amor em suas diversas manifestações.
Lugar onde a rotina de liberdade e libertinagem que os portões abertos das cinco da manhã às cinco da manhã permitem. É costume ter de enfrentar surtos de repressão, conservadorismo ou apenas razão, bom senso.
Imagino que o visitante que fosse realmente informado sobre a vida no Parque da Cidade se espantaria que algo dessa complexidade possa existir no centro de uma metrópole cada vez mais nervosa e continuar sendo o seu coração. Para o brasiliense, ou candango, como queiram, isso é normal.
Se a alma de Brasília é um bar assaz democrático, de remota origem árabe e herança cearense que serve mishuês à parmegiana, o coração de Brasília é um parque, também deveras democrático, onde as conversas e atos mais secretos que a noite protege podem dividir o mesmo banco onde a família serve o churrasco do domingo.
O Parque da Cidade é patrimônio afetivo de toda Brasília, não somente do Plano Piloto. Claro, todos os parques são públicos, porém, diferentemente de outros, o Parque da Cidade não é querido profundamente apenas por quem mora perto dele. O Parque Olhos D’água, por exemplo: todos o valorizam por sua organização, mas querê-lo como a um ente indissociável de nossa vida... Ora, o Parque da Cidade pulsa no imaginário brasiliense como um lugar ensolarado, grandiloqüente, de encontro para quaisquer Eduardos e Mônicas, de desordem também, mas de liberdade, sempre. O Parque Olhos D’água, na sua singeleza, preciosidade e ordem, merece uma crônica apenas sua.
Enfim, não vamos nos prender em comparações sem sentido enquanto podemos reavivar nossa percepção sobre os detalhes pequenos mas deliciosos do Parque da Cidade: a monumental Praça das Fontes, repleta de cores estupendas que poucos enxergam; o Nicolândia –, outro parque dentro do Parque! Porém sem o significado histórico do outro, que lhe é vizinho –, cuja melhor apresentação é à noite, quando ele tirita luzinhas vívidas. É também uma experiência esclarecedora sobre a capital pegar carona na roda gigante e vislumbrar os verdes, brancos e vermelhos salpicados em toda cidade, até o horizonte.
Os bambus que se avolumam e cercam a parte leste do Parque... Quando era pequena eu não me atrevia a me embrenhar naquele verde, temendo sei lá o quê. Para mim esse sempre foi um lugar incógnito, uma divisa entre a exaltação da vida no Parque da Cidade e o respeito à morte no Campo da Esperança. Já adolescente, um amigo praticante no Candomblé me disse:
— Iansã reina no Parque da Cidade, os bambus de lá mostram isso, além dos tantos raios que caem ali!
É, o Parque é abrigo para qualquer opinião, não importa se é dia ou noite, céu de brigadeiro ou tempestade. Ele é refúgio até mesmo para os que buscam prazer imediato e sem compromisso... Recordando de outro colega, esse me confessou que costumava freqüentar os estacionamentos do Parque, na hora do almoço, para encontros furtivos, e me afirmou que essa era a rotina de muitos outros trabalhadores.
Parece que o fato de ser psicóloga estimula algumas pessoas próximas a me terem como uma ouvinte segura e imparcial... Isso, porém, é outra história. E por favor, não me questione maiores detalhes sobre aquela estória.
Voltando ao nosso assunto, termino este texto lembrando dos almoços e churrascos de fim de semana, e daquela vista estupenda que se tem de quase toda a Asa Sul, e além, ornada de prédios aqui e matas lá, com o chamariz que é a pirâmide do Templo da Boa Vontade logo ali... Se você não souber onde fica esse mirante, explore mais o Parque da Cidade de Brasília!
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