terça-feira, 20 de novembro de 2012

Feminismo Transgênero ou Transfeminismo

Tenho a honra de anunciar que coordenarei, juntamente com a doutora Luma Andrade, do Ceará, um Simpósio Temático no Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos, que se realizará em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina, entre 16 a 20 de setembro de 2013, denominado:
Feminismo Transgênero ou Transfeminismo
Coordenadoras:
JAQUELINE GOMES DE JESUS (Doutora - Universidade de Brasília), LUMA NOGUEIRA DE ANDRADE (Doutora - 10ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação)
As inscrições para apresentação de trabalhos no Simpósio começam no dia 25 de novembro, domingo, pelo site do Fazendo Gênero: http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/site/capa
Recomendo fortemente às/aos interessados em inscrever trabalhos no Simpósio "Feminismo Transgênero ou Transfeminismo" que leiam atentamente o resumo dele antes de submeter suas propostas, disponível no link http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/simposio/view?ID_SIMPOSIO=30, o qual transcrevo abaixo:
O ST Feminismo Transgênero ou Transfeminismo propõe a realização de conexões teóricas e pragmáticas entre feminismo e movimento transgênero (composto predominantemente por mulheres e homens transexuais e travestis), estabelecendo um diálogo entre linhas de pensamento e reivindicações históricas do feminismo, por meio de uma abordagem inclusiva que se oponha à noção patologizante das identidades trans. É reconhecido que a população transgênero está à margem dos processos sociais, excluídas por discursos e práticas de ordem sexista, especificamente cissexistas (que invisibilizam ou estigmatizam as pessoas trans) e transfóbicos (que promovem o medo e/ou o ódio com relação a pessoas transgênero). Emerge, no meio acadêmico e nos movimentos sociais de pessoas e grupos trans, a formulação de estratégias discursivas críticas ao imaginário social ligado à noção de uma divisão morfológica rígida e imutável entre sexo e gênero (cisgeneridade) como um fator de opressão das pessoas trans, por regular corpos não conformes à norma binária homem/pênis e mulher/vagina. O feminismo transgênero ou transfeminismo é uma categoria do feminismo que surge como uma resposta à falha do feminismo de base biológica em reconhecer plenamente o gênero como uma categoria distinta da de sexo. Esse sexismo, de base legal-biologizante, tem sido o fundamento, particularmente, para negar o estatuto da feminilidade ou da “mulheridade” às mulheres transexuais, diferenciando estas das popularmente denominadas como "de verdade". Ao compreender parcialmente o gênero como construção social, o feminismo reforça estereótipos sobre os corpos e os seus usos prejudiciais não apenas à população transgênero, mas a todo e qualquer ser humano que não se enquadre no modelo que iguala gênero a sexo, como mulheres histerectomizadas e/ou mastectomizadas, homens orquiectomizados e/ou “emasculados” por motivos de saúde, e casais heterossexuais com práticas e papeis afetivossexuais divergentes dos tradicionalmente atribuidos. O transfeminismo reconhece a interseção entre as variadas identidades, identificações dos sujeitos e o caráter de opressão sobre corpos que não estejam conforme os ideais racistas e sexistas da sociedade, de modo que busca empoderar os corpos das pessoas como eles são, deficientes ou não, independentemente de intervenções de qualquer natureza; ele também busca empoderar todas as expressões sexuais das pessoas transgênero, sejam elas assexuais, bissexuais, heterossexuais, homossexuais ou com qualquer outra identidade sexual possível. Especificamente os movimentos de mulheres transexuais e das travestis, parcelas mais visíveis da população trans, têm na aproximação com o pensamento feminista um referencial teórico e prático poderoso para resistirem e construírem suas próprias forças quando confrontadas, no cotidiano, com vivências de opressão impostas pela dominação masculina. Em suma, o ST Feminismo Transgênero ou Transfeminismo abrange trabalhos identificados com o movimento intelectual e político contemporâneo que (1) desmantela e redefine a equiparação entre gênero e biologia; (2) reitera o caráter interacional das opressões; (3) reconhece a história de lutas das travestis e das mulheres transexuais e as experiências pessoais da população transgênero de forma geral; e que (4) valida as contribuições de quaisquer pessoas, transgênero ou cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento).
O entendimento deste resumo é fundamental para evitar possíveis erros conceituais na escritura da proposta, seja com relação à identificação da população trans, seja com relação ao que seria uma proposta transfeminista.
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