Nossa Senhora do Crack
Foto de Apu Gomes/Folhapress
Em meio à epidemia do crack e à falta de uma política pública que consiga enfrentar efetivamente esse problema social e suas tragédias, Zarella Neto, artista plástico paulistano, criou e instalou, na Cracolândia, uma estátua de Nossa Senhora do Crack.
A matéria a respeito saiu na Folha de São Paulo.
A obra retoma a idéia de Marx de que "a religião é o ópio do povo", e para além da óbvia relação entre religião e drogas, o que se fala, nesse ponto, é da falta de apoio institucional às pessoas mais necessitadas, aos proletários, aos cidadãos que não detém o capital. Para estes, a única fuga para o seu desespero parece ser a religião, ou tão-somente a crença em algo maior que os salvará, algum dia.
Alguns usuários se reuniram em frente a estátua para fumar seus cachimbos. Talvez para vislumbrar alguma luz. Lux in Tenebris. Pense nisso.
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P.S.: Lux in Tenebris se refere ao capítulo primeiro do Evangelho de João: "E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam", referindo-se à concepção de que Jesus (luz) veio aos homens (trevas), mas eles não o entenderam. Brecht faz referência a esse termo em uma de suas peças, sobre um homem buscando vender educação em uma zona de meretrício.
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