quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Psicologia e os Tumultos Londrinos / Psychology and London Riots

Fonte dessa foto aqui.


Faço questão de compartilhar um artigo interessante da Scientific American, denominado Pseudoscience and the London Riots: Folk psychology run amok, sobre o nível confuso da discussão científica quando das mobilizações sociais de massas em Londres. É também um bom debate sobre a relação entre jornalistas e pesquisadores. Leia aqui.

Fundamental notar como todo tipo de especialista foi contatado para interpretar o ocorrido, inclusive epidemiologistas, mas chamou minha atenção a divergência entre os próprios psicólogos acerca desse fenômeno e a falta de conhecimentos ou mesmo o desprezo por conceitos tratados pela Psicologia das Massas contemporânea, como a racionalidade e as falhas de julgamento.

Baseada no que conheço da teoria, a partir de meus estudos de Doutorado, considero que um dos fatores responsáveis pela amplitude das manifestações em Londres foi a descentralização no uso e acesso às informações sobre onde e quando ocorreriam mobilizações, e a habilidade em traduzir os juízos individuais em decisões coletivas.

Um possível fator para o término dos tumultos pode ter sido o fato de que, sendo orientada por valores que não encontram ressonância no sistema político vigente, resultaram no desaparecimento do próprio movimento, com a prisão ou responsabilização civil de suas lideranças (na Era da Informação em que vivemos, um pessoa pode liderar ao ser referência na troca de informações), incluindo adolescentes.

Revoltas assim, pontuais, sempre aconteceram no Brasil, da Colônia à República, mas nossa História oficial foi eficaz em silenciar sobre esses fatos.

Uma grande diferença de movimentos organizados, representativos da sociedade civil, para mobilizações sociais de cunho político, como os recentes em Londres, é que aqueles trabalham em diálogo com os grupos incluidos, em um processo de médio e longo prazo de influência social que pode resultar em mudanças.

Hoje os grupos excluidos pautados por uma organização orientada por normas ou valores, estão mais cientes dos mecanismos políticos disponibilizados pela democracia e trabalham no sentido gramsciano, inserindo-se nos espaços de poder para transformá-los.


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