É comum não pensar sobre isso, mas o problema racial não deveria ser visto como um problema só das pessoas negras, é um problema de todos.
Por negros entendo as pessoas de cor de pele preta ou parda que se reconhecem como tais.
Negar ou lidar inadequadamente com o racismo e suas crias mata: almas, gerações, vidas, literalmente.
Talvez involuntariamente o Conselho Nacional de Educação estimulou uma grande discussão sobre um dos luminares de nossa cultura: Monteiro Lobato.
Para além do lado mítico ou literário desse empreendedor que se tornou o autor fundamental da literatura infanto-juvenil brasileira, colocou-se a questão racial em cena, e a posição de Lobato no seu próprio tempo, marcado ideologicamente pelo eurocentrismo e o eugenismo, e cotidianamente pela exclusão sistemática da população negra.
O autor, qualquer um, deve ser compreendido na sua conjuntura. Já sua obra pode ser criticada à luz da nossa realidade, afinal, esse é o risco da escrita, que se permite diferentes interpretações ao longo dos tempos.
Não é exagerado afirmar que Monteiro Lobato é o justo inspirador de milhares de brasileiros, por meio de histórias insuperáveis como as do Sítio do Picapau Amarelo (aprendi sobre, por exemplo, os príncípios da Lei da Gravitação Universal de Newton, lendo-as, e essa é uma pequeniníssima parte da extraordinária contribuição de Lobato para nossa cultura e ética).
Enfim, para contextualizar bem a questão racial para Lobato, farei algo um pouco incomum, e não sei se "inadequado", de fazer em um blog: citar outro blog.
Veja no link abaixo citações de cartas dele sobre miscigenação que Arnaldo Bloch, d'O Globo, listou:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/posts/2011/03/03/com-palavra-monteiro-lobato-sente-antes-de-ler-366759.asp
Reflita com calma o que é citado, tente evitar pré-conceitos. Nenhum texto é tão óbvio como se pensa.
P.S.: Ah, e pra não deixar passar em branco, informo que a charge do Ziraldo que ilustra esta postagem é do Bloco "Que Merda é Essa?", de Ipanema, que tem dado o que falar neste carnaval.
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