Há uns dias terminei a leitura agradabilíssima da biografia Carmen, de Ruy Castro.
Era sempre profunda a emoção que me tomava a cada dia de leitura sobre a vida generosa dessa brasileira que conquistou o mundo: Maria do Carmo Miranda da Cunha, nascida em Portugal e falecida nos EUA.
Quantas músicas por ela interpretada fazem parte do nosso imaginário sobre o Brasil e o nosso povo! E algumas sobre ela mesma, it girl crescida na Lapa, tornada Brazilian Bombshell e precursora do tropicalismo, como as composições do genial Assis Valente, que "cantando, fingindo alegria", com Uva de Caminhão, E o Mundo não se Acabou ou Recenseamento fazia o carnaval e a festa de todos, independente da nacionalidade.
Quão triste o seu enterro! Choro sempre que vejo esta gravação, embalada pela maravilhosa Adeus Batucada, de Synval Silva:
http://www.youtube.com/watch?v=-fWtoHDdWz8
Li em algum lugar que o compositor ficou tão aturdido com a morte da Pequena Notável e emocionado com a homenagem que o povo prestou à estrela, durante o trajeto até o São João Batista, que não conseguiu chegar ao final, parou no caminho, para chorar... não lembro se na Glória.
ADEUS BATUCADA
Synval Silva
Adeus, adeus
Meu pandeiro do samba
Tamborim de bamba
Já é de madrugada
Vou-me embora chorando
Com meu coração sorrindo
E vou deixar todo mundo
Valorizando a batucada
Em criança com o samba eu vivia sonhando
Acordava, estava tristonha chorando
Jóia que se perde no mar só se encontra no fundo
Sambai mocidade, sambando se goza nesse mundo
E do meu grande amor sempre me despedi sambando
Mas da batucada agora eu despeço chorando
Trago no lenço esta lágrima sentida
Adeus batucada, adeus batucada querida
Como eu queria que outros grandes artistas brasileiros como ela fossem reconhecidos... mas não são. Quero conhecê-los melhor e falar mais deles. País sem memória, muda o seu destino, "mostra a sua cara"!
Nenhum comentário:
Postar um comentário