Num post anterior escrevi que não faria mais comentários sobre o cinquentenário... mas! Lembrei do meu poema que foi selecionado no concurso Poetas da Cidade: Brasília 50 Anos, do SESI-DF e Rede Globo Brasília, para compor uma antologia poética, Asas, Eixos e Versos, em homenagem à data, e acho interessante torná-lo mais público por meio do blog. Isso basta, né? O poema está na página 52. Lá vai:
Brasília, 50 Anos
Minha cidade é uma flor do cerrado,
Sempre Viva que brotou num abril,
Feita do sonho tolo e delicado
De florescer gente e um novo Brasil.
Brasília é um mistério de asfalto e cal,
Tão incerto é o seu destino concreto:
De um passado amargo, vil e desigual
Gerar um amanhã doce e liberto.
Só um coração ingênuo se doaria
Embaixo de luar, confusão e poeira,
Em troca de uma frágil alegria.
Sem calçada a pessoa anda ligeira,
Tem no peito uma flor de ipê bravia,
Nas mãos a chama da pátria inteira.
Minha cidade é mulher carente,
Dama ferida e menosprezada,
Tantas vezes dura com sua gente,
Outras vezes tratada como piada.
Quem é de Brasília pode entender
O prazer de ver um céu sujo e belo,
Feito de pôr-do-sol e amanhecer,
Entre prédios de esperança e flagelo.
E apesar disso, jamais há tardança
Em realizar sonhos e missões,
No capital monumento à esperança.
Pois Brasília é dama que a milhões,
Velhos e novos candangos, encanta,
Aquém aos insultos dos seus vilões.
Só acata o amor ardente e o ódio enfermo:
A alma brasiliense avilta o meio termo.
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